(Publicado no O Jornal de Hoje)
*Juarez Chagas
Hoje vou abrir uma exceção nos meus artigos científicos e literários para fazer uma observação de cunho pessoal, evidentemente respeitando o outro lado, mesmo sem concordar com o mesmo. É claro que a exclamação do título do artigo poderia ter sido mais amena, tipo “Haja paciência!”, ou algo assim. Mas, convenhamos, é preciso mais que muita paciência para suportar, aceitar ou conviver com certas coisas, independentemente de nossa vontade.
Vejamos dois exemplos pertinentes: como se não bastassem as campanhas políticas com toda sua maquiagem (não estou me reportando a questões políticas específicas e sim sociais) e o horário político obrigatório, com a quase totalidade de seus candidatos usando e abusando de hipocrisia, mentira, demagogia...como se fossem as mais naturais das coisas, vem aí o tal BBB9, ou seja, a 9ª versão do Big Brother Brasil. Se um desses exemplos já é demais, imaginem os dois associados, pois estaremos vendo ambos simultaneamente, em dose dupla, por esses dias.
No que diz respeito aos candidatos, é impressionante como eles “descobrem” todas as formas e fórmulas de resoluções de problemas pessoais, coletivos, municipais, estaduais e nacionais em épocas de eleições. Parece até uma safra de resoluções pra tudo que é problema. E o pior é que o povo ainda acredita e, muitos não são apenas coniventes ou omissos com essa realidade vendendo apenas seu voto, mas também a consciência e, por outro lado, quem compra, por força da “esperteza” e do hábito doloso, pendura a dívida no cordão do débito com a moral e a justiça para com o próximo e consigo mesmo.
Quanto ao tal BBB9 que infelizmente vem aí, mas que por outro lado, felizmente, mesmo para as pessoas que não gostam, e ainda tenham que aturar outras versões por mais três anos, está previsto que a TV Globo só produzirá o programa até 2011. Só?!
É bom lembrar que no início deste Ano, tivemos a versão anterior do BBB. Isso significa sucesso do programa e aceitação do mesmo pelo povo. Nessa época eu escrevi alguns artigos sobre o assunto no nosso Jornal de Hoje e um outro artigo num site português (http://pt.shvoong.com/humanities/1745709-montanha-dos-sete-abutres/), o qual também se acha no Google sob o título de A Montanha dos Sete Abutres e a Casa da Hipocrisia, onde uma analogia deste filme é feita com o BBB. O artigo está com quase mil visitas e das 5 estrelas, recebeu 4, na avaliação dos leitores, o que significa dizer que, a comparação não só foi bem aceita, mas também embasada segundo comentários dos leitores sobre este programa.
Mas, por falar em aceitação pelo povo sobre seus representantes políticos, programas televisivos e outras questões sociais, isso me faz lembrar o Artigo 1º de nossa Constituição da República Federativa do Brasil, onde em seu Parágrafo Único diz que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Ora, qualquer pessoa poderia concluir que se o poder emana do povo, para o povo e pelo povo, como normalmente em tom convincente e de barganha alardeiam os políticos usando o teor da constituição, por que então o povo não usa o poder para poder? É também factível que querer é poder? Estando as duas respostas corretas e positivas, só resta aceitar que a minoria está errada (no caso em discussão em não aceitar o engôdo político e nem gostar do BBB) e o povo, que é maioria, está certo e, portanto, tem o que merece, de fato e de direito e segundo o seu poder. E, enquanto tudo continua o mesmo sob o sol que brilha, haja saco!