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25 de set. de 2008

BLOWING IN THE WIND

Soprando com o Vento
(Publicado parcialmente no O Jornal de Hoje)
*Juarez Chagas

A América do Norte dos Anos 50 e 60 vivia os resultados de revoluções sociais importantes plantadas há duas décadas anteriores e, acima de tudo conseqüências das duas últimas guerras mundiais, 1ª e 2ª, evidentemente.

Mesmo tendo se estabelecido como o “país mais poderoso do mundo”, o Estados Unidos viviam suas próprias conseqüências pós-guerra, onde com mão de ferro nortearam seu “stablismentarianism” que mantiveram sob controle questões sociais importantes, tais quais censura pesada sobre comportamento jovem, guerra contra o terrorismo, racismo a olho nu (nessa época apenas alguns atores negros como Sammy Davis Jr., Sidney Pottier, Harry Belafonte e alguns outros poucos desempenharam papéis importantes no cinema) e, por incrível que pareça, até a ortografia das escolas secundárias, entre os finais dos anos 40 até 60, foi “estabelecidas” e orientada como um padrão formal. Quem tiver cartas de amigos e amigas dessa época é só constatar que apenas a assinatura muda, mas a caligrafia parece igual, quase como uma fôrma de escrever.

Mas, evidentemente que as revoluções haveria de vir, como conseqüência e a revolução musical fervia como chaleira quente, querendo explodir. E Ninguém conseguiu conter o Rock ‘n Roll que, mais do que propriamente e somente música, veio para contestar os costumes sociais da época fazendo da repressão uma nova bandeira para novos tempos e, sobretudo, assumindo um estilo único no meio social, com sua batida e ritmo inconfundíveis. E, o resto da história, todo nós sabemos...calça Lee, blue jeans, rebeldes sem causas “and all that...” (e toda aquela coisa...), como diriam os próprios americanos. E, evidentemente que da América para o mundo, inclusive o Brasil, onde as coisas aconteciam sempre uma década depois, aproximadamente...

Mas, no meio dessa revolução inevitável, surgia então um garoto chamado Robert Allen Zimmerman, nascido em Minessota, durante a 1ª Guerra Mundial e que aprendeu a cantar e tocar piano e guitarra sozinho, logo sendo conhecido apenas como Bob Dylan, o qual seria associado à essa revolução por seus poemas e letras musicais contundentemente contra o sistema .

Bob Dylan, começou cantando em grupos de rock, imitando (assumidamente) Little Richard e Buddy Holly. Porém, seu verdadeiro ritmo é uma mistura de literatura e folk, country, balada, blues e rock, o que torna difícil classificar seu gênero musical, como apenas um, resultando mais num ritmo próprio de Bob Dylan. Daí passou a cantar a noite e a estrada cujo maior sucesso de então, mexeu com toda a América e o mundo do music bussiness, inclusive uma oportuna música que virou hino de contestação social: a “esmagadora” Blowing in the Wind (1962), sendo entoada em manifestações contra a segregação racial, a guerra do Vietnã e, finalmente, como música de uma balada única (Dylan na foto com Joan Baez)

Falar de Dylan é muito fácil, muito embora ele seja um cara complicado, independentemente de seu imenso valor musical praticamente emblemático. Porém, mais interessante ainda é falar sobre sua obra, a qual acaba traduzindo muito de si. Se alguém que ainda não o conhece bem e quiser saber de sua obra, sugiro que comece por seus principais clássicos como "Blowin' in The Wind", "Mr. Tambourine Man", "Like a Rolling Stone", "All Along The Watchtower", "Lay Lady Lay" e "Knocking on Heaven's Door".

É interessante dizer também que Dylan foi um dos cantores que influenciou diretamente os Beatles a ponto de quando Lennon foi assassinado, seu nome foi o mais cotado pelos fãs de todo o mundo e algumas gravadoras para algumas apresentações com os outros três Beatles ainda vivos. Dylan desconversava sobre a hipótese, apesar de ter participado do show beneficente Concert for Bangladesh, em 1971, onde entre outros músicos famosos, Ringo star também se apresentou,além do próprio Harrison, claro.

Vejamos então porque Blowing in the Wind tornou-se tão famosa e importante, não somente no meio musical, mas na sociedade de um modo geral, analisando a essência e o conteúdo da letra e cançao:

How many roads must a man walk down (qtos caminhos deve um homem caminhar)
Before you call him a man? (Até que o chamem de homem?)
How many seas must a white dove sail (Qtos mares uma gaivota branca deve atravessar)
Before she sleeps in the sand? (Até que possa dormer na areia?)
Yes and how many times must cannonballs fly (Sim, e qtas vezes devem balas de canhao detonar)
Before they're forever banned? (Até que elas sejam proibidas?)
The answer, my friend, is blowin' in the wind (A resposta, meu amigo, está soprando com o vento)
The answer is blowin' in the wind (A resposta está soprando com o vento)
Yes and how many years can a mountain exist (Sim, e qtos anos ponde uma montanha existir)Before it's washed to the sea (Até que ela seja arrastada para o mar)
Yes and how many years can some people exist (Sim, e qtos anos alguns povos podem viver)Before they're allowed to be free? (Até que eles sejam permitidos de serem livres?)
Yes and how many times can a man turn his head (Sim, e qtas vezes um homem pode girar a cabeça)
Pretending that he just doesn't see? (Finfindo que ele nao vê?)
The answer, my friend, is blowin' in the wind (A resposta meu amigo, está soprando com o vento)
The answer is blowin' in the wind (A resposta está soprando com o vento)
Yes and how many times must a man look up (Sim, e qtas vezes um homem deve olhar pra cima)
Before he can see the sky? (Até que ele possa ver o céu?)
Yes and how many ears must one man have (Sim, e qtos ouvidos um homem deve ter)
Before he can hear people cry? (Até que ele possa ouvir o povo chorar?)
Yes and how many deaths will it take (Sim, e qtas mortes acontecerao )
Till he knows that too many people have died? (Até que ele saiba que muita gente tem morrido?)
The answer, my friend, is blowin' in the wind (A resposta, meu amigo, está soprando com o vento)
The answer is blowin' in the wind (A resposta está soprando com o vento)

Na verdade, a música de Dylan não responde apenas os anseios revolucionários de uma sociedade oprimida em época de tempos difíceis, porque seu conteúdo é mais atual do que possamos imaginar e, portanto também, poderia muito bem responder qualquer pergunta difícil como, para onde está andando o destino da humanidade com seus políticos falando a “verdade” somente em época de campanhas? A resposta, meu amigo, está soprando com o vento...The answer is blowing in the Wind.

Nota: A tradução acima foi feita pelo autor que também foi professor de Inglês durante muitos anos na Sociedade Cultural Brasil-Estados Unidos e, por entender que muitas traduções de Blowing in the Wind preocupam-se mais com a questão gramatical e semântica, possibilitando, às vezes, um sentido mais gramaticalmente ortodoxo.

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)

2 comentários:

Waleska Maux disse...

sua sensibilidade e bom gosto fazem a diferença!

Anônimo disse...

É igualmente importante lembrar que os ventos do Bob Dylan sopraram de forma magnífica no seio musical dessa época aqui no Brasil. Tanto é que a canção Negro Amor é uma tradução (ou reinterpretação)do Caetano para uma canção de Dylan. Caetano nunca gravou, apesar do ano ser 1976 e o tropicalismo ainda estar em evidencia. Mas Gal Costa o fez e a tornou imortalizada em sua voz.

Bonito texto Juarez.
Meus parabéns e sempre que puder lerei e deixarei comentários.

Um abraço

Rodrigo Costa