Banda Anos 60: Bodas de Prata! *Juarez Chagas
O artigo de hoje é uma homenagem especial, mais que justa e merecida, à Banda Anos 60 e aos jovens cinquentões que carregam com entusiasmo, não apenas o saudosismo e as emoções dos Anos Dourados de Natal, Brasil e mundo, através da música especificamente de uma das mais fecundas e revolucionárias gerações contemporâneas e de uma época que quebrou tabus e rígidas tradições com muito som de qualidade e a filosofia “Peace and Love” que sacudiu o mundo mais que qualquer outro movimento pós-guerra.
Tenho duas razões para homenagear a banda pelo seu trabalho de qualidade e manutenção da chama dos Anos Dourados: uma pessoal e outra de merecido reconhecimento por uma fiel legião de fãs e pela própria sociedade norteriograndense, em especial natalense, a qual se constitui em seu próprio aval e veredicto para a saga dos cinco “meninos entões” e a musa da banda, Silvinha Benigno, tendo Reinaldo Azevedo, como seu principal mentor e líder. A Banda Anos 60, hoje faz parte do contexto musical histórico e atual da Cidade do Sol, pelo que ela representa e pelo que se tornou, ao longo do tempo, com uma marca que não é só sua, mas da juventude dos Anos Dourados. Romantismo, irreverência, revolução, amor...
Afirmo, com simplicidade, que a primeira razão não é, nem de perto e nem de longe, revestida de qualquer importância que não seja de fórum intimo, mas enalteço a circunstância de estar, há uns dois anos, escrevendo o livro sobre a trajetória da Banda e sua história no contexto musical local e nacional, dentro do objetivo ao qual têm se proposto os “jovens” dos Anos Dourados, de Natal. Falo de Natal, mas todos sabem que a Banda Anos 60 é nacional e única!
A outra razão da homenagem é a própria homenagem da banda e à banda, através de seus 25 anos comemorados neste Sábado, dia 6, no Villa Hall, que se transformou num ambiente e festa lotada de amigos e seguidores da Banda para curtirem suas bodas de prata, no melhor estilo dos Anos 60, entre um público mais que amigo, gerando um clima de intimidade, saudosismo e certeza de que o sonho não acabou, ao contrário, acorda e desperta sempre que há o reencontro.
A Formação original da Banda, segundo Reinaldo Azevedo (Artista plástico, Cirurgião-dentista, músico e roteirista), inicialmente começou com Mário Henrique e Levi Bulhões, para depois de algumas apresentações iniciais, entrarem Ivanildo, Marquinhos, Edmar...e, ao longo do tempo, ter tido suas diversas formações, com entradas e saídas de membros, para manter e renovar, até a atual, o antigo sonho que não acabou. The Dream is not over, não foi e nem é uma frase apenas de John Lennon. É de todos cujo sonho dorme e acorda para dormir de novo...
No salão de entrada, a exposição de carros e motos estilizados dos anos 50 e 60 (devidamente organizado por Tainso e Jethro) recepcionavam o público que, apesar de, na sua maioria, pertencer à geração dos rebeldes sem causa, muitos jovens se misturavam como se o show também fosse deles e, melhor ainda, na realidade também era. Ou seja, o velho e bom rock não tem idade. O velho Chuck Berry (ainda bem, ainda vivo), Paul MacCartney, The Rolling Stones e tantos outros rockeiros jurássicos que confirmem isso, a nível internacional.
A abertura do show em si, sem exagero, já foi digna de qualquer show do RC, com a música introdutória “Eu Sou Terrível”. Técnica, produtiva e artisticamente falando, foi quase praticamente perfeita. Algumas passagens importantes e típicas, somente alusivas ao estilo da Banda, ocorreram e merecem registro, como por exemplo: no primeiro intervalo do show, enquanto o público se refazia do êxtase do emocional feeling, o roncar inconfundível de uma Harley Davidson capta toda a atenção, admiração e aplausos do público para Carlinhos de Jesus “Presley” que, caracterizado do Rei do Rock (versão anos 70), com dificuldade circulou o salão do show, com alternadas aceleradas, pára em frente ao palco, é recebido pelos dançarinos em seu melhor estilo Rock n Roll baby, que em seguida o conduzem para a ala de saída, com insinuações de “Nos Tempos da Brilhantina”(Grease). É mais uma vez ovacionado pelo público. Sem dar um riso, Carlinhos “Presley”, consegue finalmente sair, demonstrando cara de mau e aborrecimento, como, às vezes, encenava o Rei do Rock, enquanto, por dentro, sabia-se que sentia satisfação e alegria interior que, caracterizava muito bem The Wild One (Brando).
A segunda parte do show veio melhor ainda, pois a Banda esbanjou Creedence Crearwater Revival, banda esta, não tocada facilmente por qualquer outra. Mas, BA60, deu um show, com Reinaldo, caracterizado estilisticamente de western do rock and roll, enquanto a inocente Maria Luiza com seus oito meses apenas, dormia nos braços da mãe Maria Carla, sob o som do pai e de uma época que ela vive no presente e no passado e que, no futuro, entenderá muito bem este processo. Foi imperdível! Depois veio o foco do show: Jovem Guarda, Creedence Clearwater Revival, Incríveis, Renato & seus blue caps, Bobby de Carlo, Sérgio Reis, Beatles e bastante Roberto Carlos...como era de se esperar.
Para Reinaldo, o líder e criador da Banda Anos 60, responsável ainda por sua logomarca e trajetória e, pela capacidade de conseguir reunir os amigos Jorge Lira (teclado e vocal), Serginho Araújo (baixo), Fernando Bituca (guitarra, violão, vocal), Elson Jetson (baterista), Silvinha Benigno (Vocal), ainda teve a satisfação de reunir no mesmo show, além de uma legião de fás e amigos, seus filhos Silvinha Azevedo (vocal) Jethro (apoio logístico), Lobinho (Francisco Luiz, 11 anos, percussionista e mascote da banda) e o neto Gabriel Guilbi. Não podia deixar de citar a participação especial de Mário Henrique, um dos fundadores da banda, juntamente com Reinaldo, que deu um show com a música Pround Mary, dos CCR. Ainda nos metais, tivemos Flávio (trombone), Alcione (trompete), Leonardo (sax, tenor) e back vocal, Silvinha Azevedo e Silvinha Benigno. Para este show a banda estava completa.
Muito ainda haveria a ser dito sobre tudo em que se resumiu este show apoteótico da Banda Anos 60, entretanto está tudo sendo detalhado na narrativa do livro sobre estes jovens velhos ou velhos jovens que mantêm viva a chama musical dos Anos Dourados. E, certamente nas bodas de ouro da banda, estaremos lá, de bengala e mascando chicletes sem nenhum chewing gum na boca, aplaudindo Jethro, Silvinha, Lobinho, Maria Luiza, Luna Benigno, Gabriel e outros.
*Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)