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3 de abr. de 2010

BIOLOGIA E MORTE

Biologia e Morte (II)
*Juarez Chagas


É o título de uma das palestras sobre a inevitável relação da Tanatologia com a Ciência Biológica que normalmente apresento, quando convidado por colégios e instituições interessadas no assunto.

A princípio, para os menos afeitos às respectivas áreas, as duas questões discutidas intrinsecamente pode parecer paradoxal ou contraditória, justamente por uma, em contexto geral, significar Vida e a outra finitude. Entretanto, é exatamente aí onde reside a mais íntima relação e referência entre ambas, pois as mesmas acham-se “imbricadas” uma na outra, indissociavelmente.

Quando se procura o conceito de Biologia, seja em dicionários técnicos, seja em fontes virtuais específicas e de confiante procedência (sites, portais, webs, etc), o conceito mantém o sentido semântico casado com o científico: “ Biologia é o ramo da Ciência que estuda os seres vivos, debruçando-se sobre o funcionamento dinâmico dos organismos desde uma escala molecular subcelular até o nível populacional e interacional, tanto intraespecíficamente quanto interespecíficamente, bem como a interação da vida com seu ambiente físico-químico. O estudo destas dinâmicas ao longo do tempo é chamado, de forma geral, de biologia evolutiva e contempla o estudo da origem das espécies e populações, bem como das unidades hereditárias mendelianas, os genes” e continua a descrição “A vida é estudada à escala atômica e molecular pela biologia molecular, pela bioquímica e pela genética molecular, no que se refere à célula pela biologia celular e à escala multicelular pela fisiologia, pela anatomia e pela histologia. A Biologia do Desenvolvimento estuda a vida ao nível do desenvolvimento ou ontogenia, do organismo individual”.

É interessante observar o referido conceito que, em nenhum momento, é abordada a finitude do indivíduo. Entretanto, observando com mais cuidado, veremos que esta questão acha-se incluída exatamente na Biologia do Desenvolvimento, porém, a meu ver, a mesma deveria ser discutida aberta e amplamente, inclusive a nível curricular.

É verdade que o homem tem inventado as ciências, não apenas para responder suas perguntas, indagações e mistérios da Natureza, entretanto, por outro lado, é inconcebível que ele não aprofunde questionamentos e saber sobre sua própria finitude, como se ela não existisse ou como se ela só fosse importante no momento de sua ocorrência. A Biologia, como sendo uma das ciências que mais evolui e mais se estabelece ao longo do tempo, tem em si a resposta sobre a finitude orgânica do ser, tanto dos vegetais e quanto dos animais e, mais especificamente, da espécie humana.

Evidentemente, que o homem não se conforma com a morte e busca na própria ciência a longevidade e o combate à terminalidade. O resultado dessa luta pessoal e coletiva são conflitos existenciais das mais variadas ordens, porque a eternidade é a busca utópica permanente do ser humano. Para nós humanos, não basta saber e admitir que quem morre é o indivíduo (ontogenia) e não a espécie (filogienia) e que seremos repetições de nossos descendentes, como fomos de nossos antepassados, conferindo assim o perpétuo Ciclo da Vida.

A propósito, O Ciclo da Vida (Lifespan Development, Happer Collins Publishers, 1994, publicado no Brasil pela Artmed, 1997), é o título do livro da norteamericana Helen Bee que, espetacularmente, associa Biologia e Psicologia às questões do desenvolvimento humano da forma mais abrangente já vista até o momento.

A Dra. Bee, percorre as questões do desenvolvimento humano, desde o nascimento até a morte do indivíduo. Um livro que deveria ser lido, pesquisado e discutido, não apenas por todo biólogo e psicólogo, porém por todos quantos se interessem pelo desenvolvimento humano.

*Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)

Um comentário:

João Brito disse...

Hi Teacher !
You need write more in your blog about SCBEU and their persons...