Punição, Transiçao, Perda
*Juarez Chagas
Sempre falo para meus alunos ou para o público em palestras que, um dos melhores livros atuais, no âmbito da Biologia, sobre a questão da vida e da morte, é o Ciclo da Vida, de Helen Bee, publicado no Brasil, pela Artmed (1997, 656 pgs). No entanto e infelizmente, o mesmo sequer consta da lista bibliográfica para bibliotecas do Ensino Médio,nem tão pouco é indicado para os cursos de Ciências Biológicas, em nosso país.
Helen Bee é mundialmente conhecida por seu livro "O Desenvolvimento da Criança", mas também escreveu vários livros sobre o desenvolvimento humano, como um todo. Atualmente com 70 anos de idade, ainda é convidada para palestras em todo o mundo.
O cap 19, o último do livro, intitulado O Ato de Morrer, a Morte e a Consternação aborda exatamente os limites e as barreiras orgânicas do ser humano, porém sobretudo o sentido da vida e da morte, a nível subjetivo e psicológico, ao longo do ciclo vital.
Essa ideia de morte como punição, por ser mau ou pecador, veio meio embutida na filosofia religiosa, pois nos primórdios desse entendimento era comum se pensar na morte como um castigo pelos pecados cometidos. Corroborando o exposto, é comum observar-se que as crianças apresentam grande tendência a entenderem, a princípio, a morte como punição por ser mau, algo que tem a ver com a própria moral. O contrário também se configura como verdade, ou seja, vida longa como recompensa por ser bom. Portanto, está configurado, ao longo do tempo, a ligação entre o pecado e a morte.
A morte como transição é compreendida por muitos adultos como uma forma de transição de uma vida para outra, ou seja, da vida física para uma espécie de vida eterna ou imortal. Tal pensamento também encontra embasamento religioso e, segundo pesquisa da autora, tal crença é mais comum entre as mulheres do que entre os homens.
No que diz respeito à Morte como perda, que configura o sentido mais difundido da morte (juntamente com o medo), é esse sentimento que revela a maioria dos adultos. A questão da perda não se configura apenas a nível orgânico, como a perda das funções vitais do corpo, mas também a perda das relações, afetos, amor, prazer e sonhos.
Ainda de acordo com as pesquisas de Helen, como era de se esperar, o tipo ou os tipos de perdas que mais preocupam o ser humano, variam com a idade. Por exemplo, adultos mais jovens apresentam tendências a se preocuparem mais com a perda de oportunidades de novas experiencias e com perda das relações de familiares, enquanto adultos mais velhos preocupam-se mais com a perda de tempo para concluir trabalhos e realizar sonhos.
Pelos autores aos quais tenho me detido mais detalhadamente, poderia dizer que a Dra. Helen Bee, rebusca Ariès e Morin nos conteúdos sobre a posição do indivíduo perante a finitude humana e, ainda mais e especificamente, no âmbito da Biologia, lacuna esta que estava carecendo ser devidamente preenchida.
Sugiro, pois, a todo professor de Biologia, Psicologia e a qualquer um que se debruce sobre a questão do desenvolvimento humano (inclusive o alunado mais avançado também), desde seu início até o fim, com todos os seus conteúdos biológicos, orgânicos, psicológicos e subjetivos para conhecerem a obra desta grande educadora da contemporaneidade.
*Professor do Centro de Biociências da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)
*Juarez Chagas
Sempre falo para meus alunos ou para o público em palestras que, um dos melhores livros atuais, no âmbito da Biologia, sobre a questão da vida e da morte, é o Ciclo da Vida, de Helen Bee, publicado no Brasil, pela Artmed (1997, 656 pgs). No entanto e infelizmente, o mesmo sequer consta da lista bibliográfica para bibliotecas do Ensino Médio,nem tão pouco é indicado para os cursos de Ciências Biológicas, em nosso país.
Helen Bee é mundialmente conhecida por seu livro "O Desenvolvimento da Criança", mas também escreveu vários livros sobre o desenvolvimento humano, como um todo. Atualmente com 70 anos de idade, ainda é convidada para palestras em todo o mundo.
O cap 19, o último do livro, intitulado O Ato de Morrer, a Morte e a Consternação aborda exatamente os limites e as barreiras orgânicas do ser humano, porém sobretudo o sentido da vida e da morte, a nível subjetivo e psicológico, ao longo do ciclo vital.
Essa ideia de morte como punição, por ser mau ou pecador, veio meio embutida na filosofia religiosa, pois nos primórdios desse entendimento era comum se pensar na morte como um castigo pelos pecados cometidos. Corroborando o exposto, é comum observar-se que as crianças apresentam grande tendência a entenderem, a princípio, a morte como punição por ser mau, algo que tem a ver com a própria moral. O contrário também se configura como verdade, ou seja, vida longa como recompensa por ser bom. Portanto, está configurado, ao longo do tempo, a ligação entre o pecado e a morte.
A morte como transição é compreendida por muitos adultos como uma forma de transição de uma vida para outra, ou seja, da vida física para uma espécie de vida eterna ou imortal. Tal pensamento também encontra embasamento religioso e, segundo pesquisa da autora, tal crença é mais comum entre as mulheres do que entre os homens.
No que diz respeito à Morte como perda, que configura o sentido mais difundido da morte (juntamente com o medo), é esse sentimento que revela a maioria dos adultos. A questão da perda não se configura apenas a nível orgânico, como a perda das funções vitais do corpo, mas também a perda das relações, afetos, amor, prazer e sonhos.
Ainda de acordo com as pesquisas de Helen, como era de se esperar, o tipo ou os tipos de perdas que mais preocupam o ser humano, variam com a idade. Por exemplo, adultos mais jovens apresentam tendências a se preocuparem mais com a perda de oportunidades de novas experiencias e com perda das relações de familiares, enquanto adultos mais velhos preocupam-se mais com a perda de tempo para concluir trabalhos e realizar sonhos.
Pelos autores aos quais tenho me detido mais detalhadamente, poderia dizer que a Dra. Helen Bee, rebusca Ariès e Morin nos conteúdos sobre a posição do indivíduo perante a finitude humana e, ainda mais e especificamente, no âmbito da Biologia, lacuna esta que estava carecendo ser devidamente preenchida.
Sugiro, pois, a todo professor de Biologia, Psicologia e a qualquer um que se debruce sobre a questão do desenvolvimento humano (inclusive o alunado mais avançado também), desde seu início até o fim, com todos os seus conteúdos biológicos, orgânicos, psicológicos e subjetivos para conhecerem a obra desta grande educadora da contemporaneidade.
*Professor do Centro de Biociências da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)
3 comentários:
opa juarez! tudo bem? sou o joão´, colega do juary, lá da festa dos bancários. demorei, mas apareci.
abraço
Opa, prof, Juarez, aqui está o link do vídeo do nosso seminario!
http://www.youtube.com/watch?v=V_EbiN-8hzo&feature=channel
Olá, Juarez
Sobre esse link do vídeo no youtube, foi uma bela iniciativa desses alunos: de forma lúdica conseguiram transmitir o que desejavam. Gostei da homenagem ao professor.
Estão de parabéns todos vocês.
Psicóloga
Postar um comentário