O Fenômeno Humano da Morte
* Juarez Chagas
O homem nunca desejou se debruçar sobre a questão da morte como reflexão de sua própria finitude. Isso é um fato histórico que se reflete desde seu entendimento como ser social, até os dias de hoje quando explora os planetas no intuído de encontrar vida e ambiente propício que tentem corroborar hipóteses sobre sua origem. Ao longo do tempo, o homem tem associado morte ao misticismo, à magia, ao mistério, ao segredo e outras questões ocultas, das quais quer distância. Parece que agindo dessa forma, sente-se mais seguro ou confortado sobre esse seu maior conflito existencial.
A morte é um tema profundamente humano, muito embora não seja tratado com a devida atenção que merece. Entretanto, já se tem dado importantes avanços no que diz respeito ao seu entendimento e aceitação como parte indissociável da vida.
Alguns estudiosos da Tanatologia dizem que o homem considera-se verdadeiramente homem quando chora e enterra seus mortos, porque ali naquele momento que se repente através do tempo e nas várias sociedades, ele chora a morte de si mesmo e “se enterra” simbolicamente igualmente, o que ocorrerá, posteriormente, independentemente de sua vontade ou não. Essa atitude de enterrar os mortos introduz a racionalidade e o processo físico da Natureza sobre o homem e sua finitude.
Até o final do Século XX o homem deparava-se com dois tabus ao longo do tempo incrustados no seio da sociedade e, sob sua ótica, com poucas perspectivas de serem quebrados: o sexo e a morte.
O tabu do sexo foi desvendado, exposto e tratado científica e socialmente como deveria ser (inclusive resultando em outras conseqüências indesejadas como banalização e instrumento para outras causas não dignificantes), apesar da resistência da Igreja, no quesito reprodutivo, o qual só é garantido através do sexo.
Por outro lado, a Morte permanece como o maior tabu da humanidade e, infelizmente, sem data para ser quebrado, pois a barreira entre o entendimento sobre esta e a disposição e coragem sobre sua aceitação, parece ainda muito distante.
Morin afirma que a morte é o traço mais cultural do homem e uma brusca ruptura entre o seu mundo e o mundo animal. A propósito, o homem não vê a morte dos animais como vê a sua própria morte, muito embora filogeneticamente se considere no topo da escala animal. A morte para os animais existe praticamente no campo instintivo, no homem no campo subjetivo, mental e psicológico, no entanto, o entendimento desta questão é que causa medo ao homem.
Segundo um dos pensamentos de Morin, a idéia sobre o entendimento da morte remete à própria questão de sua finitude, quando este diz que “A consciência da morte não é algo inato, e sim produto de uma consciência que capta o real. É só “por experiência”, como diz Voltaire, que o homem sabe que há de morrer. A morte humana é um conhecimento do indivíduo.”
*Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br
* Juarez Chagas
O homem nunca desejou se debruçar sobre a questão da morte como reflexão de sua própria finitude. Isso é um fato histórico que se reflete desde seu entendimento como ser social, até os dias de hoje quando explora os planetas no intuído de encontrar vida e ambiente propício que tentem corroborar hipóteses sobre sua origem. Ao longo do tempo, o homem tem associado morte ao misticismo, à magia, ao mistério, ao segredo e outras questões ocultas, das quais quer distância. Parece que agindo dessa forma, sente-se mais seguro ou confortado sobre esse seu maior conflito existencial.
A morte é um tema profundamente humano, muito embora não seja tratado com a devida atenção que merece. Entretanto, já se tem dado importantes avanços no que diz respeito ao seu entendimento e aceitação como parte indissociável da vida.
Alguns estudiosos da Tanatologia dizem que o homem considera-se verdadeiramente homem quando chora e enterra seus mortos, porque ali naquele momento que se repente através do tempo e nas várias sociedades, ele chora a morte de si mesmo e “se enterra” simbolicamente igualmente, o que ocorrerá, posteriormente, independentemente de sua vontade ou não. Essa atitude de enterrar os mortos introduz a racionalidade e o processo físico da Natureza sobre o homem e sua finitude.
Até o final do Século XX o homem deparava-se com dois tabus ao longo do tempo incrustados no seio da sociedade e, sob sua ótica, com poucas perspectivas de serem quebrados: o sexo e a morte.
O tabu do sexo foi desvendado, exposto e tratado científica e socialmente como deveria ser (inclusive resultando em outras conseqüências indesejadas como banalização e instrumento para outras causas não dignificantes), apesar da resistência da Igreja, no quesito reprodutivo, o qual só é garantido através do sexo.
Por outro lado, a Morte permanece como o maior tabu da humanidade e, infelizmente, sem data para ser quebrado, pois a barreira entre o entendimento sobre esta e a disposição e coragem sobre sua aceitação, parece ainda muito distante.
Morin afirma que a morte é o traço mais cultural do homem e uma brusca ruptura entre o seu mundo e o mundo animal. A propósito, o homem não vê a morte dos animais como vê a sua própria morte, muito embora filogeneticamente se considere no topo da escala animal. A morte para os animais existe praticamente no campo instintivo, no homem no campo subjetivo, mental e psicológico, no entanto, o entendimento desta questão é que causa medo ao homem.
Segundo um dos pensamentos de Morin, a idéia sobre o entendimento da morte remete à própria questão de sua finitude, quando este diz que “A consciência da morte não é algo inato, e sim produto de uma consciência que capta o real. É só “por experiência”, como diz Voltaire, que o homem sabe que há de morrer. A morte humana é um conhecimento do indivíduo.”
*Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br
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