Que Saudade do Tirol daquela Época!(III)
*Juarez Chagas
Como não lembrar também das peladas na quadra da Praça Augusto Leite? Às vezes era difícil concordância sobre dias e horários entre a turma do futebol e a turma do basketball, onde Toinho Bicuara e Nilo eram os mais contestadores em defesa do espaço para o basketball.
Por falar em Basketball, nao podemos deixar de citar as rivalidades que existiam entre as turmas de clubes diferentes, embora no final das contas, fossem todos amigos. Por exemplo, a turma do América que praticamente era a base do time do Atheneu, muito bem representado por Flávio Aguiar e Roberto Galvão, responsáveis por vários títulos do colégio e do clube. Mas...eram rivais da turma da AABB e do ABC. Mas, era engraçado, pois brigavam em quadra e saravam as mágoas e feridas depois em bares e festas. Isso sim, era que era tempo!
Lembro bem que, Flávio Aguiar era tão bom no basket quanto bom de briga. Nem levava desaforo pra casa e ainda fazia questão de exibir sua imponência. Caso alguém nao gostasse que reclamasse e isso, era motivo suficiente para se medir as forças e o respeito ou mando de território. É bom lembrar que, até as brigas daquela época eram saudáveis e ninguém nunca baixou hospital nem se aleijou ou se matou ninguém, como nos dias de hoje.
O Karate despontava em Natal no final dos anos 60 e teve seu auge nos anos 70. Lembro que boa parte da juventude daquela época praticou essa fantástica arte marcial. Ainda sobre a valentia de Flávio, uma vez, depois de assistir uma demonstração de Karate, num exame de faixa realizado no Palácio dos Esportes (por sinal lotado!), ele chegou pra mim e disse, direto: “Vem cá, vocês só usam karatê pra exibição, é? Antes que eu respondesse, emendou: “Pois eu queria saber essa porra como você, que podiam vir dez ou mais...rimos os dois no final e ficou por isso mesmo.
Por falar nisso, o futebol de quadra era tão fervoroso que criaram até o Tirol Esporte Clube, time que foi criado na época e que participava dos torneios de bairros de Natal.
E os passeios e corridas de bicicleta que fazíamos em grupos, pedalando feito doidos por quase toda a Natal, para desespero das mães que, quando descobriam, até promessas faziam para proteção dos “inocentes”?! Nessa época, as bicicletas passaram a ser, além de divertimento, um verdadeiro desafio, uma maneira de descobrir lugares nunca vistos antes, da cidade do sol e o primeiro contato com o vento no corpo em termos de velocidade e liberdade.
A sorte era que, as bicicletas alugadas na “Casa do Grilo (em frente ao Palácio Potengi) era barato e, não havia carros suficientes na cidade, para atropelar a garotada que, nem noção trânsito tinha e, o nome semáforo soava estranho como sinônimo de sinal. Portanto, a pouca noção de trânsito, além do conhecimento básico das cores verde, amarelo e vermelho era sobrepujada pela irreverência e irresponsabilidade. Os”Easy Riders” dos anos 60 eram inocentemente, movidos apenas pelo vento e ímpeto de criança e adolescência, com boa dose de perigo e irreverência...e isso era o suficiente e bastava.
Depois do Tirol, em 1966, fui morar no Bairro Barro Vermelho, na Rua Jaguarari nº 1178, onde eu fui vizinho de Petit, (até os anos 70), de muro comum às duas casas. Foi então quando conheci novos amigos e a Turma da Jaguarari, que era eclética, mutável e grande, porém muito unida e de convício social muito forte.
Fazer parte da Jaguarari daquela época era algo fantástico! Embora, não tivéssemos tanta consciência sobre isso, no momento. Como a Jaguarari era enorme, vários foram os componentes da turma. Entre o trajeto da rua que ia do ponto onde desembocava a rua na Olinto Meira (nas imediações do antigo Colégio Batista Beriano) até atravessar a Alexandrino de Alencar, podíamos encontrar (subindo) Guaracy, Cícero, Oscar (irmão de Osman e Paulo Rosso), Bel, Paulo Marrom, Baito e demais irmãos e irmãs, Peron; em seguida tinha a bodega de Joaquim Metade (na esquina) quase em frente ao bar Vagalume e, seguindo rua acima, tinha Elino, Petit, Érico, Eilson e Jobel (todos das Virgens, incluindo as meninas Gracinha, Eliane e Lourimar), vizinho meus primos Renato, Luiz, Chavinha, Socorro, Marluce, Vera e Otacílio e eu.
Em frente à nossa casa, a famosa Padaria Ipan, de seu Raimundo, pai de Ítalo, Itamar e suas irmãs, fazendo fundo com a casa de Paulo e Dedé Felipe. Já mais na frente, tinha Arnon, Paulinho do cartório (ou da Farmácia, onde Chicão Damasceno sempre ia encontrar amigos para um bate-papo), Luiz, Hiran, Elenir, Eliane, Edilson, Edmilson, Vera, Zezinho. Chico, irmão de Etiene, assim como Marcelo Dieb, moravam transversalmente a Joaquim das Virgens, já quase desembocando na Olinto Meira. Por falar em Olinto Meira, esta ladeava quase que completo o imenso sítio de mangueiras e outras fruteiras, indo do posto de gasolina, na esquina com a Alexandrino de Alencar até ladear o Colégio das Neves. Ali se jogava bola, ensaiava-se e dançava-se quadrilha na época junina, além do lugar ser palco também de alguns shows artísticos.
É claro, que fica difícil listar todos (e que não se sintam esquecidos os demais), mas uma figura que não pode ser esquecida, é o famoso Homem Mau que, marcou não só a Jaguarari do final dos anos 60 e meados dos anos 70, como agitou toda Natal, com seu estilo gozador de humor cortante e bom amigo, com seus repentes e tiradas que até o incomparável Zé Areia, sentiria inveja.
* Pisicólogo, Professor Universitário e Escritor, autor do Livro O Corpo Oculto.
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