Mandela, Mito vivo, Lenda morto.
*Juarez Chagas
Morreu neste dia 5 de Dezembro o
pacifista africano Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013), aos 95 anos, o
primeiro presidente da África do Sul, a ser eleito num processo completamente
democrático. Carinhosamente chamado de Madiba ou Tata (Pai), era referendado
como “O pai da Nação”, por quase uma nação inteira. Mandela foi um
revolucionário antiapartheid e dedicou sua vida à causa social do seu povo,
pois era Politicamente um nacionalista e democrata socialista.
A morte de Mandela, primeiro presidente negro da história
sul-africana, traz uma profunda reflexão para o Mundo e, prova
categoricamente, que ainda temos heróis e mitos que, infelizmente quando vivos,
nem sempre recebem os méritos merecidos, para que deles possa se orgulhar e
transformar em lições vivas para todos os Continentes.
Estudou Direito nas Universidades
de FortHare e Witwatersrand e, envolvido em algumas organizações políticas a
favor dos Direitos Humanos, tornou-se um político “anticolonial” de onde, a
partir daí, fundou “A Liga da Juventude”, um importante marco histórico inicial
para sua trajetória. Também começaria as perseguições, pois trabalhando como
advogado foi várias vezes preso como suspeito de atividades clandestinas e
contra o governo, mas foi por causa da campanha contra o apartheid que ele foi
condenado, praticamente à prisão perpétua, em 1962. Entretanto, depois de 27
anos confinado na prisão, uma campanha internacional para sua libertação foi
coroada com êxito e ele solto em 1990. Assim, começava sua vitoriosa carreira
política e reconhecimento internacional, pois se aliou ao presidente F.W.de
Klerk para abolir o apartheid e criar eleições multirraciais, em 1994, através
da qual se tornou o primeiro Presidente negro da África do Sul. O resto da
história é o que o mundo sabe.
Para o mundo político, Mandela
era uma figura muito humana e controversa. Denunciado como Terrorista Marxista,
por grande parte da crítica, mas mesmo assim era aclamado internacionalmente
por sua luta, através da qual foi laureado com quase 300 honras, tendo sido o
Prêmio Nobel da Paz, uma das mais representativas.
Por tudo que o político, ativista
e homem Mandela foi, deixa um legado não apenas para o mundo, mas para o
coletivo e o individual, fazendo com que pessoas e nações pensem positivo e que
praticar o bem e combater o mal, a miséria, a ganância e tudo que denigra o ser
humano, sejam práticas justas e incansáveis que cada um deveria defender e
carregar dentro de si.
É interessante observar que,
talvez somente através da morte, o ser humano passa a, verdadeiramente,
refletir sobre sua condição humana e os caminhos que o conduz na trajetória da
humanidade. E aí, nesse contexto, lembro da música de Bob Dylan, Blowing in the
Wind, cuja estrofe pergunta “quantos caminhos deve o homem percorrer, até que
você o chame de homem?...quantas vezes o canhão tem que disparar, até que
levantem a bandeira branca?...a resposta, meu amigo, está soprando com vento, a
resposta está soprando com vento”.
Nelson Mandela faleceu dia 5 de
Dezembro e
será enterrado em seu vilarejo natal,
Qunu, no dia 15 de dezembro, para que, não somente sua nação, mas o mundo lhe
preste as merecidas homenagens de Homem de Estado e um dos líderes da Paz.
Ontem, cerca de 100 chefes de Estado e de governo estiveram presentes no
estádio FNB de Soweto ao ato religioso por Nelson Mandela, que morreu em sua
casa de Johanesburgo de complicações cárdio respiratórias. Mandela, a exemplo
de grandes homens transformados em mitos e lenda, como Mahatma Ghandi, Martin
Luther King e John Kennedy, pra citar somente estes, teve seu sonho realizado
ainda em vida, o seu maior presente.
Dentre
estas autoridades, a presidente Dilma Rousseff acenou
Mandela como a principal personalidade do século XX, enquanto o mais aplaudido
e ovacionado dentre todos foi o presidente americano Barack Obama, o qual com segurança e
objetividade disse duas frases que resumem
a importância de Mandela para o mundo:" ele conseguiu mais do que se
poderia esperar de qualquer homem" e “Mandela me fez querer ser um homem
melhor”. Mandela conseguiu o que poucos conquistaram. Já era um mito em vida e
transformou-se em lenda, morto.
Na verdade, acho que nós simples
mortais deveríamos todos nos revestir dessa reflexão do bem, do melhor, da
solidariedade e do amor entre as pessoas, sem ser necessário a morte de um
líder ou herói para que vejamos isso.
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