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27 de out. de 2008

A CONQUISTA DA DOR


A Conquista da Dor (I)
* Juarez Chagas

Antes da assustadora morte, a dor foi a primeira coisa de que o ser humano quis se livrar. E são muitas as dores. De vários tipos e diversas causas e sintomatologias, portanto é evidente que o homem teria, no mínimo que tentar, aplacar esse incômodo dilacerante que sempre o deixou sensível, perturbado e por vezes, quando em condições insanas e, em algumas vezes extremista, se dispõe a comprometer a própria vida, para se livrar da dor. Assim sendo, ao longo do tempo, resolveu dizimá-la ou pelo menos tentar.

Porém...com o passar do tempo, viu que era impossível acabar com a dor, principalmente a dor psíquica, mental, subjetiva e, acima de tudo, não a dor da carne, mas a mais profunda das dores, a dor da alma.

Olhando o lado animal do homem, podemos arriscar classificá-lo como sendo o mais medroso dos animais, no que diz respeito à dor. Deve ser porque ele não só “sociabilizou” a dor, mas a “registrou” cortical e conscientemente, a ponto de ter “arquivos” da mesma, do qual lança mão quando é atingido ou agredido, respondendo neuro-fisiologicamente. Coitadinho do ser humano...às dores sempre se curvou covardemente, com raríssimas exceções que, honrosamente, merecem registros.

Mas, por que sentimos dor? De onde ela vem e até onde é capaz de nos torturar? Teríamos controle sobre ela ou sempre seríamos reféns de algo cuja origem se perderia na intimidade de nosso soma e mistérios de nossa psique? Então o homem inventou a ciência e esta, na sua amplitude, procurou responder cientificamente, claro.

Com o avanço da neurologia e neurociências de um modo geral, hoje sabemos que a dor (pelo menos a somática) é uma resposta sensorial de um dos mais importantes órgãos dos sentidos do corpo humano: o tato. É ele o responsável pela vida de relação do indivíduo com o meio. Seu conceito, enquanto modalidade sensorial da distribuição da sensibilidade dolorosa da pele, vai, além disso, e relaciona-se com a sensibilidade exteroceptiva e suas derivações.

Uma vez durante uma aula de neuroanatomia, onde discutíamos sobre o assunto, um aluno me perguntou se somos capazes de controlar a dor. Evidentemente, que não soube lhe responder nada além do que se a dor se manifesta orgânica e emocionalmente através dum circuito neurofisiológico, uma vez consciente desse circuito e suas estações de estímulos e respostas, pode ser possível sim, para algumas pessoas controlarem a dor, ou pelo menos minimizar seu limiar de ação. Muitos orientais são bons nisso com seu conhecimento, controle e sua medicina milenar. Esse fato tem, inclusive quebrando antigos conceitos neurofisiológicos da literatura e bibliografia ocidental.

Por outro lado, a propósito da conquista da dor, o homem conseguiu, tecnicamente, avanços importantíssimos. Se fôssemos historiar a cronologia da dor, logo lembraríamos que, nos primórdios da Anatomia (Vesalius) e temida cirurgia (Paré) era comum se dar um porre de aguardente no indivíduo, fazer um torniquete e “cortar o mal pela raiz”, literalmente! Pois era assim que se fazia na maioria das vezes. Quando o sujeito acordava (do porre e desmaio causado pela dor), sempre lhe faltava algum órgão. Às vezes o paciente sobrevivia.

Mas, avancemos para final do Século XVII, quando Joseph Priestley (1733-1804) conseguiu o grande feito que foi inventar o óxido nitroso ou “gás hilariante”. Por isso ele é conhecido como o Pai da Química Moderna. Entra nessa história e nesse momento um estudante fracassado de medicina Gardner Quincy Colton que fazia, a pedido, exibição do tal gás. Acontece que Sir Humphrey Davy (criador dos elementos químicos K, Na, Ba, Mg e Cl...) gostava de inalar o óxido nitroso para curar suas dores de cabeça e sentir “outras sensações”. De repente, ele achou que o gás hilariante podia ser útil em operações cirúrgicas, mas não quis investir na idéia.

Voltando a Quincy Colton, este resolve fazer importantes apresentações sobre o gás hilariante, onde perante multidões curiosas, fazia qualquer pessoa rir, cantar, dançar, brigar e até “perder a vergonha”...(por causa disso tudo, daí o adjetivo hilário). No meio dessa multidão, estava Sam Cooley, um então empregado de farmácia que, sob o efeito do gás corria como louco entre os bancos da platéia, somente notando depois ter machucado suas canelas e joelhos. Foi então que Cooley acabava de anunciar o Fiat Lux da anestesia. Por sua vez, no meio da multidão, também estava Horace Wells, um dentista em busca de novidades, que soltou a frase: “nesse caso, o homem pode extrair um dente sem sentir dor, com o gás hilariante?!” Wells (que depois ficou viciando em clorofórmio e outros gases inalantes) levou a nova idéia para seu sócio William Thomas Green Morton (1819-1856), que organizou logo uma demonstração para extrair dentes de quem se voluntariasse. Foi um grande acontecimento!

Mas, a história não começa e nem acaba aí, pois o óxido nitroso tinha seu rival, o éter, descoberto em 1540, por Valerius Cordus, porém ainda não utilizado como anestésico na época e sim para conservar a farmacopéia de Cordus, que era botânico. Morton, por sua vez, leu o tratado botânico e roubando a idéia de Wells, experimentou o éter em cachorro. Foi um sucesso!

Na verdade, o novo acontecimento virou uma grande farra, pois todo mundo agora se deliciava com a nova “farra do éter” em pequenas reuniões de amigos, festas e acontecimentos sociais, pois da anestesia, que leva o indivíduo à sensação de embriagues, surgiu o desejo do homem escapar de si mesmo e não apenas da dor. Hoje em dia, diz-se ser o éter ancestral dos “coquetéis” consumidos larga e abertamente em festas e “baladas”, muitas vezes organizadas para este fim. Só que muitas vezes, o “fim” pode ser outro...

Mas, há muito ainda a dizer sobre a dor, portanto aguardemos os próximos artigos e vejamos como o ser humano tem lidado com uma de suas mais incômodas inimigas.

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(juarez@cb.ufrn.br)

8 de out. de 2008

O SÉCULO DA ANATOMIA

O Século da Anatomia (I)
(Publicado no O Jornal de Hoje)
*Juarez Chagas

Quando muitos leram O Código Da Vinci, de Dan Brown, uma das ficções americanas badaladas do momento, com mais de dez milhões de livros vendidos, segundo estampa divulgação na capa (Livraria Sextante, 480 pgs, 2004) não imaginariam que o entendimento do segredo da máquina humana fosse necessário para a compreensão do tema e trama do livro, como um todo. Evidentemente, que o conhecimento do próprio corpo pelo homem, o levaria às mais fantásticas descobertas da ciência na área da saúde.
No que diz respeito a este livro de Dan Brown, podemos dizer que praticamente toda sua inspiração foi baseada no Homem Vitruviano, uma das mais famosas obras de Da Vinci (1452-1519), por sua vez inspirada no trabalho do arquiteto romano Marco Vitrúvio (c.70-25 a. C.) em sua obra intitulada Os Dez Livros da Arquitetura, apresentado-se como um modelo iadeal para o ser humano, cujas proporções são perfeitas, segundo o ideal clássico de beleza. Com o passar do tempo a descrição gráfica se perdeu e Da Vinci foi contratado para resgatar não apenas a obra, mas uma nova dimensão da mesma e sua relação com a Natureza. É aí que entra o conhecimento do corpo humano. Sabemos que Da Vinci, foi muito antes do que qualquer anatomista o primeiro a dissecar corpos humanos com perícia anatômica, superada apenas por Vesalius, posteriormente. Tudo isso fez parte da Renascença, a maior revolução da humanidade, até então.

Na verdade, o segredo de De Humani Corpori Fabrica (título do mais importante livro da Anatomia, em todos os tempos, publicado em 1543, cujo fac símile do original, eu tenho um com pranchas desenhadas pelo próprio Von Kalkar), como bem postulou Vesalius, autor da própria obra e, indubitavelmente, o médico anatomista que apresentou sistêmica e topograficamente o corpo humano, não somente à ciência, mas ao mundo, fazendo com que a partir daí a medicina se tornasse viável no combate às mazelas e doenças orgânicas e, o conhecimento sobre o corpo humano tornou-se obrigatório para todos. Desconhecer o corpo é ser ignorante parcialmente sobre si mesmo e, praticamente, uma obrigação para os profissionais da saúde e, por que não dizer, no mínimo curioso para qualquer contexto no qual o indivíduo ou pessoa esteja inserido.
Mas, o principal ponto da presente discussão é qual foi o verdadeiro século da Anatomia, pois há muitas considerações importantes no que diz respeito à cronologia sobre o estudo do corpo humano. A princípio, no entendimento geral, é preciso citar as quatro grandes escolas anatômicas do passado: Egípcia, Babilônica, Grega e Romana.

Como é sabido, a Escola Egípcia detinha, antes de qualquer outra escola, a técnica do embalsamamento ou mumificação, a qual dominaram como ninguém. Tanto é que até hoje se constata a eficiência da mumificação através dos tempos. Já os Babilônicos tinham apenas conhecimentos superficiais sobre o corpo, o que lhes conferiam somente condições para tratamentos superficiais de ferimentos de lutas e guerras. Na realidade, as duas grandes e mais importantes escolas foram a Grega e a Romana, que deixaram um legado que mudou a história da humanidade. No que diz respeito à primeira, não podemos omitir, dentre outros, Hipócrates e Galeno. O primeiro instituiu, além de seu amplo conhecimento, a ética médica com seu juramento hipocrático e Galeno, por sua vez, dominou durante quinze séculos com sua anatomia rudimentar (mesmo sem ter dissecado um único corpo humano)

Foi então que surgiu Vesalius (1514-1564), o primeiro a fazer uma dissecação pública, com sentido acadêmico, mudando a história da medicina e do mundo. Portanto, eu diria que o “Século da Anatomia” foi o século de Andreas Vesalius ou De Humani Corpori Fabrica .

*Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)

O SÉCULO DA ANATOMIA

O Século da Anatomia (II)
*Juarez Chagas

Há muitos acontecimentos interessantes sobre a história da Anatomia que, como podemos perceber seria necessário uma seqüência de capítulos, sobre o tema. Porém, o objetivo não é esse e sim, pontuar algumas passagens interessantes que tenham conexões diretas com o saber do ser humano (pra não dizer somente “do homem”, como habitual), principalmente na contemporaneidade. A respeito disso, na minha opinião o conhecimento anatômico deveria ser obrigatório em todos os currículos, assim sendo todo mundo saberia um pouco mais sobre seu próprio corpo e, conseqüentemente, também conheceria melhor sobre seu sistema neural, responsável por muito do comportamento humano.
Não podemos falar de Anatomia sem falar em Andreas Vesalius (1514-1564) cuja incontestável bravura foi desde exumações ocultas de cadáveres para o estudo da anatomia, em calabouços à luz de vela e anfiteatros clandestinos até às dissecações públicas com o reconhecimento do clero e universidades, depois das quais se instituiu o estudo acadêmico da anatomia. Antes, como foi visto no artigo anterior, predominava a medicina de Hipócrates, com sua conotação humanística e, posteriormente Galeno, o qual sem nunca ter dissecado um só cadáver humano, gostava de desenvolver teorias sobre diversos tratamentos a base de ervas, que deveria curar os “elementos” do corpo, levando em conta sua concepção metafísica da natureza do corpo, o qual ele comparava com a Natureza. Estes elementos eram compostos de quatro componentes indissociáveis e igualmente indispensáveis: fogo, ar, terra e água.

O método do estudo da anatomia de Vesalius revolucionou a ciência, em particular a medicina, por ser eminentemente prático, real e investigativo, conseqüentemente. Jamais alguém tinha feito antes o que ele fez e, por isso, é reconhecido como o Pai da Anatomia.

É interessante observar que a cirurgia até então era completamente rude dramática e, infelizmente, matava mais do que curava. Não havia anestesia (só a partir de 1801), o equipamento cirúrgico era precário (os médico eram chamados de barbeiros cirurgiões ou cirurgiões-barbeiros), amputações eram tidas como moda...porém, mesmo com toda essa deficiência, o mais grave era a falta do conhecimento anatômico, pois o corpo humano deveria ser inviolável, chorado e enterrado depois de morto. Quem fosse pego dissecando cadáveres deveria ser queimado em praça pública como feiticeiro ou herege. Era época da Santa Inquisição. Somente a Igreja, a Religião podia nortear o que deveria ou não ser feito.

Na época de Vesalius, um dos mais famosos cirurgiões chamava-se Ambroise Paré (1510-1590) que, mesmo com a anatomia oculta da época, foi um inovador na área cirúrgica e, altamente, competente. Era também muito humano, humilde e de espírito religioso (qualidades estas nem sempre presentes em muitos). É dele a célebre frase que ainda perdura através dos tempos: “Eu o tratei e Deus o curou”.

A propósito, Vesalius e Paré (em ação na foto do artigo) não foram apenas contemporâneos, mas também ambos se encontraram no leito de morte de Henrique II, da França. O Rei tinha sido gravemente ferido num duelo com o Comte Montegomery, capitão da guarda da côrte francesa, por questões pessoais entre ambos, que disputavam (sigilosamente) a mesma amante. A lança de Montgomery perfurou o capacete do Rei, penetrou em seu olho e espatifou-se dentro de sua órbita. Então, mandaram chamar Paré, que imediatamente sugeriu a presença de Vesalius. Mas, os absurdos da época aconteciam normalmente, especialmente na corte. Paré e Vesalius testaram procedimentos cirúrgicos em seis cabeças de criminosos executados, na tentativa de salvar a própria cabeça do Rei que acabou falecendo onze dias após a cirurgia.
Paré por sua vez, foi irônico após a autópsia que, ao examinar o crânio e encéfalo do Lorde, encontrou um abscesso na superfície do cérebro, dizendo o seguinte: “...Aqui foi encontrado um começo de corrupção, o que deve ter sido causa suficiente para a morte do meu Lorde e não apenas o dano causado no seu olho”.
Se a analogia, segundo a ironia de Paré, de tumores e abscessos nas cabeças de poderosos fosse sinônimo de corrupção, hospitais e leitos não suportariam o contingente de moribundos e a causa mortis seria de fácil constatação

*Professor do Centro de Biociências da UFRN(
Juarez@cb.ufrn.br)

28 de set. de 2008

LIKE A ROLLING STONE

COMO UMA PEDRA QUE ROLA
*Juarez Chagas

Uma mulher jovem e rica cuja família é do high society dominante, nessa conturbada sociedade contemporânea, onde a classe alta sempre imperou e mandou no pedaço, deixando ao submundo apenas a admiração e a miséria como sobrevivência, não é apenas acostumada aos prazeres da vida, com seus carros de luxo, suas roupas ricas e melhor universidade, ela é o próprio prazer de ser o que é e como é. Ela é a representação do próprio high society, da qual os simples mortais jamais farão parte.

Mas, mesmo assim, esnobe ela dá esmola aos vagabundos e costuma rir de quem tá na pior, e sequer é capaz de apreciar a arte dos palhaços e ilusionistas, mas ao invés disso se diverte se eles caem no ridículo. Além de tudo isso, quando cansada dessa vida fácil, sente-se como uma princesa em ostentar sua beleza, dinheiro, ouro e diamantes enquanto seus convidados bebem, conversam, comem e riem de tudo e do nada. Então, ela resolve dar um passeio em seu cavalo cromado em companhia de um astuto diplomata que, como charme, carrega no ombro um gato siamês, mas que de repente lhe rouba tudo que tem...e aí, a história vira exatamente o lado oposto, constatando as ironias da vida, as quais podem vitimar qualquer um(a)...

Esta foi minha primeira visão sinóptica pessoal que tive, ainda adolescente, já no final dos anos 60 e início dos anos 70, sobre Like a Rolling Stone, uma das músicas mais contestadoras e revolucionárias de nossos tempos, que à primeira vista mais parece uma divisão de classes sociais e, o castigo e decadência da própria classe burguesa e high society aqui representada na pele de uma jovem e bela mulher, escrita e cantada pelo inigualável Bob Dylan. Por vezes, eu ensinava a letra e música dessa canção nas turmas avançadas de Inglês na SCBEU (Sociedade Cultural Brasil Estados–Unidos), onde a maioria dos alunos era da high society de Natal. Todos se rendiam ao poder dessa música que é, na verdade, é uma crítica aos padrões sociais da modernidade, escrita e cantada por um rebelde musical (se é que poderia assim dizer) que se tornou ícone do pop músic em todo o mundo.

Mas, foi justamente com essa idéia na cabeça que, inicialmente, Dylan escreveu uma pequena história de vinte páginas, que seria mais tarde Like a Rolling Stone, gravada em Julho de 1965, em vinil de 45 rpm, originalmente com 6 minutos de duração. Sucesso incontestável até hoje.

No artigo anterior, vimos como surgiu Bob Dylan no cenário musical norte-americano e de lá para o mundo! Hoje ele é uma lenda viva, tendo estado no Brasil por três vezes: 1988, 1990 e 2008. Na segunda vez, veio especialmente abrir Show dos Rolling Stones, que regravaram Like a Rolling Stone em sua homenagem, assim como também enaltecendo próprio nome da banda. Muitas bandas e cantores entoaram esta canção tendo sido um dos mais importantes roqueiros, antes dos Rolling Stones, Jimmy Hendrix, com seu próprio estilo. Nesse caso, não se sabe até hoje quem saiu ganhando mais se a própria canção na voz e guitarra de Hendrix ou se Hendrix com a canção em um de seus repertórios. Eu diria que ambos

Agora veja porque Like a Rolling Stone é única e inconfundível, acompanhando algumas de suas estrofes, onde a mensagem da música é tão clara quanto a luz do sol:

Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you?
People'd call, say,"Beware doll, you're bound to fall"
But You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about everybody that was hangin' out
And now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.

How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You've gone to the finest schools all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromiseWith the mystery tramp,
But now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknownLike a rolling stone?

You never turned around to see the frowns
on the jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other peopleget your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

Princess on the steeple and all the pretty people
They're drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you'd better lift your diamond ring,you'd better pawn it, babe
You used to be so amused
That Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now, you got no secrets to conceal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

(Tradução)
Houve uma época que você se vestia tão bem
No seu auge você jogava moedas para os vagabundos, não era?
As pessoas te chamava e diziam,"Tome cuidado garota, você vai cair"
Você achava que elas estavam todas brincando com você
Você costumava rir deTodo mundo que estava na pior
Agora você não fala tão alto
Agora você não parece tão arrogante
Quanto a ter que medingar a comida do dia seguinte

Como você se sente
Como você se sente
Não ter um lar ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?

Você freqüentava as melhores faculdades, tudo bem, Srta. Solitária
Mas você sabe que só costumava ser uma farsa entre eles
E ninguém jamais te ensinou como viver na rua
E agora você descobre que vai ter de se acostumar a isso
Você disse que nunca se comprometeria
Com a “coisas de vagabudo”, mas agora você percebe que
Ele não está negociando nenhuma pretexto
Enquanto você olha dentro do vazio de seus olhos
E pergunta-lhe: "você quer fazer um acordo ?"

Como você se sente ?
Qual a sensação
De estar por sua própria conta
Sem nenhum rumo para casa ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?
Você nunca se voltou para ser os olhares carrancudos
Nos malabaristas e palhaços
Quando eles todos se humilhavam e faziam truques para você
Você nunca compreendeu que isso é inútil
Você não devia permitir que outras pessoas levassem chutes no seu lugar
Você costumava andar no cavalo cromado com seu diplomata
Que carregava em seus ombros um gato siamês
Não é duro quando você descobre que
Ele realmente não estava onde está
Após ele tirar de você tudo que podia roubar ?

Como você se sente ?
Qual a sensação
De estar por sua própria conta
Sem nenhum rumo para casa ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?

Princesa na torre e todas as lindas pessoas
Estão bebendo, pensando que já têm a vida ganha
Trocando todos os tipos de presentes e coisas valiosas
Mas seria melhor que você levantasse seu anel de diamante
Seria melhor você penhorá-lo, babe
Você costumava ficar tão entretida
Com aquele Napoleão vestido em trampos e a linguagem que ele usava
Vá para ele agora, ele te chama, você não pode recusar
Quando você não tem nada, você não tem nada a perder
Você está invisível agora, você não tem segredos para esconder.

Como você se sente ?
Qual a sensação
De estar por sua própria conta
Sem nenhum rumo para casa ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?

(Por causa de alguns sentidos figurados de algumas traduções desta música, resolvi usar minha própria traduçao, para manter a autenticidade da mesma que usava nas aulas de Inglês, para algumas turmas avançada)
Mas, vale salientar que, além de uma contundente crítica à “alta sociedade”, a letra da música também fala de ilusão, perdas, decepções, verdades e do reverso da moeda. Afinal, todo ser humano tem suas pedras ao longo do caminho e, o importante é não ficar no chão, após algum tropêço ou simplesmente ficar like a rolling stone.

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)

25 de set. de 2008

BLOWING IN THE WIND

Soprando com o Vento
(Publicado parcialmente no O Jornal de Hoje)
*Juarez Chagas

A América do Norte dos Anos 50 e 60 vivia os resultados de revoluções sociais importantes plantadas há duas décadas anteriores e, acima de tudo conseqüências das duas últimas guerras mundiais, 1ª e 2ª, evidentemente.

Mesmo tendo se estabelecido como o “país mais poderoso do mundo”, o Estados Unidos viviam suas próprias conseqüências pós-guerra, onde com mão de ferro nortearam seu “stablismentarianism” que mantiveram sob controle questões sociais importantes, tais quais censura pesada sobre comportamento jovem, guerra contra o terrorismo, racismo a olho nu (nessa época apenas alguns atores negros como Sammy Davis Jr., Sidney Pottier, Harry Belafonte e alguns outros poucos desempenharam papéis importantes no cinema) e, por incrível que pareça, até a ortografia das escolas secundárias, entre os finais dos anos 40 até 60, foi “estabelecidas” e orientada como um padrão formal. Quem tiver cartas de amigos e amigas dessa época é só constatar que apenas a assinatura muda, mas a caligrafia parece igual, quase como uma fôrma de escrever.

Mas, evidentemente que as revoluções haveria de vir, como conseqüência e a revolução musical fervia como chaleira quente, querendo explodir. E Ninguém conseguiu conter o Rock ‘n Roll que, mais do que propriamente e somente música, veio para contestar os costumes sociais da época fazendo da repressão uma nova bandeira para novos tempos e, sobretudo, assumindo um estilo único no meio social, com sua batida e ritmo inconfundíveis. E, o resto da história, todo nós sabemos...calça Lee, blue jeans, rebeldes sem causas “and all that...” (e toda aquela coisa...), como diriam os próprios americanos. E, evidentemente que da América para o mundo, inclusive o Brasil, onde as coisas aconteciam sempre uma década depois, aproximadamente...

Mas, no meio dessa revolução inevitável, surgia então um garoto chamado Robert Allen Zimmerman, nascido em Minessota, durante a 1ª Guerra Mundial e que aprendeu a cantar e tocar piano e guitarra sozinho, logo sendo conhecido apenas como Bob Dylan, o qual seria associado à essa revolução por seus poemas e letras musicais contundentemente contra o sistema .

Bob Dylan, começou cantando em grupos de rock, imitando (assumidamente) Little Richard e Buddy Holly. Porém, seu verdadeiro ritmo é uma mistura de literatura e folk, country, balada, blues e rock, o que torna difícil classificar seu gênero musical, como apenas um, resultando mais num ritmo próprio de Bob Dylan. Daí passou a cantar a noite e a estrada cujo maior sucesso de então, mexeu com toda a América e o mundo do music bussiness, inclusive uma oportuna música que virou hino de contestação social: a “esmagadora” Blowing in the Wind (1962), sendo entoada em manifestações contra a segregação racial, a guerra do Vietnã e, finalmente, como música de uma balada única (Dylan na foto com Joan Baez)

Falar de Dylan é muito fácil, muito embora ele seja um cara complicado, independentemente de seu imenso valor musical praticamente emblemático. Porém, mais interessante ainda é falar sobre sua obra, a qual acaba traduzindo muito de si. Se alguém que ainda não o conhece bem e quiser saber de sua obra, sugiro que comece por seus principais clássicos como "Blowin' in The Wind", "Mr. Tambourine Man", "Like a Rolling Stone", "All Along The Watchtower", "Lay Lady Lay" e "Knocking on Heaven's Door".

É interessante dizer também que Dylan foi um dos cantores que influenciou diretamente os Beatles a ponto de quando Lennon foi assassinado, seu nome foi o mais cotado pelos fãs de todo o mundo e algumas gravadoras para algumas apresentações com os outros três Beatles ainda vivos. Dylan desconversava sobre a hipótese, apesar de ter participado do show beneficente Concert for Bangladesh, em 1971, onde entre outros músicos famosos, Ringo star também se apresentou,além do próprio Harrison, claro.

Vejamos então porque Blowing in the Wind tornou-se tão famosa e importante, não somente no meio musical, mas na sociedade de um modo geral, analisando a essência e o conteúdo da letra e cançao:

How many roads must a man walk down (qtos caminhos deve um homem caminhar)
Before you call him a man? (Até que o chamem de homem?)
How many seas must a white dove sail (Qtos mares uma gaivota branca deve atravessar)
Before she sleeps in the sand? (Até que possa dormer na areia?)
Yes and how many times must cannonballs fly (Sim, e qtas vezes devem balas de canhao detonar)
Before they're forever banned? (Até que elas sejam proibidas?)
The answer, my friend, is blowin' in the wind (A resposta, meu amigo, está soprando com o vento)
The answer is blowin' in the wind (A resposta está soprando com o vento)
Yes and how many years can a mountain exist (Sim, e qtos anos ponde uma montanha existir)Before it's washed to the sea (Até que ela seja arrastada para o mar)
Yes and how many years can some people exist (Sim, e qtos anos alguns povos podem viver)Before they're allowed to be free? (Até que eles sejam permitidos de serem livres?)
Yes and how many times can a man turn his head (Sim, e qtas vezes um homem pode girar a cabeça)
Pretending that he just doesn't see? (Finfindo que ele nao vê?)
The answer, my friend, is blowin' in the wind (A resposta meu amigo, está soprando com o vento)
The answer is blowin' in the wind (A resposta está soprando com o vento)
Yes and how many times must a man look up (Sim, e qtas vezes um homem deve olhar pra cima)
Before he can see the sky? (Até que ele possa ver o céu?)
Yes and how many ears must one man have (Sim, e qtos ouvidos um homem deve ter)
Before he can hear people cry? (Até que ele possa ouvir o povo chorar?)
Yes and how many deaths will it take (Sim, e qtas mortes acontecerao )
Till he knows that too many people have died? (Até que ele saiba que muita gente tem morrido?)
The answer, my friend, is blowin' in the wind (A resposta, meu amigo, está soprando com o vento)
The answer is blowin' in the wind (A resposta está soprando com o vento)

Na verdade, a música de Dylan não responde apenas os anseios revolucionários de uma sociedade oprimida em época de tempos difíceis, porque seu conteúdo é mais atual do que possamos imaginar e, portanto também, poderia muito bem responder qualquer pergunta difícil como, para onde está andando o destino da humanidade com seus políticos falando a “verdade” somente em época de campanhas? A resposta, meu amigo, está soprando com o vento...The answer is blowing in the Wind.

Nota: A tradução acima foi feita pelo autor que também foi professor de Inglês durante muitos anos na Sociedade Cultural Brasil-Estados Unidos e, por entender que muitas traduções de Blowing in the Wind preocupam-se mais com a questão gramatical e semântica, possibilitando, às vezes, um sentido mais gramaticalmente ortodoxo.

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)

20 de set. de 2008

HAJA SACO!

Haja Saco!
(Publicado no O Jornal de Hoje)
*Juarez Chagas
Hoje vou abrir uma exceção nos meus artigos científicos e literários para fazer uma observação de cunho pessoal, evidentemente respeitando o outro lado, mesmo sem concordar com o mesmo. É claro que a exclamação do título do artigo poderia ter sido mais amena, tipo “Haja paciência!”, ou algo assim. Mas, convenhamos, é preciso mais que muita paciência para suportar, aceitar ou conviver com certas coisas, independentemente de nossa vontade.
Vejamos dois exemplos pertinentes: como se não bastassem as campanhas políticas com toda sua maquiagem (não estou me reportando a questões políticas específicas e sim sociais) e o horário político obrigatório, com a quase totalidade de seus candidatos usando e abusando de hipocrisia, mentira, demagogia...como se fossem as mais naturais das coisas, vem aí o tal BBB9, ou seja, a 9ª versão do Big Brother Brasil. Se um desses exemplos já é demais, imaginem os dois associados, pois estaremos vendo ambos simultaneamente, em dose dupla, por esses dias.
No que diz respeito aos candidatos, é impressionante como eles “descobrem” todas as formas e fórmulas de resoluções de problemas pessoais, coletivos, municipais, estaduais e nacionais em épocas de eleições. Parece até uma safra de resoluções pra tudo que é problema. E o pior é que o povo ainda acredita e, muitos não são apenas coniventes ou omissos com essa realidade vendendo apenas seu voto, mas também a consciência e, por outro lado, quem compra, por força da “esperteza” e do hábito doloso, pendura a dívida no cordão do débito com a moral e a justiça para com o próximo e consigo mesmo.
Quanto ao tal BBB9 que infelizmente vem aí, mas que por outro lado, felizmente, mesmo para as pessoas que não gostam, e ainda tenham que aturar outras versões por mais três anos, está previsto que a TV Globo só produzirá o programa até 2011. Só?!
É bom lembrar que no início deste Ano, tivemos a versão anterior do BBB. Isso significa sucesso do programa e aceitação do mesmo pelo povo. Nessa época eu escrevi alguns artigos sobre o assunto no nosso Jornal de Hoje e um outro artigo num site português (http://pt.shvoong.com/humanities/1745709-montanha-dos-sete-abutres/), o qual também se acha no Google sob o título de A Montanha dos Sete Abutres e a Casa da Hipocrisia, onde uma analogia deste filme é feita com o BBB. O artigo está com quase mil visitas e das 5 estrelas, recebeu 4, na avaliação dos leitores, o que significa dizer que, a comparação não só foi bem aceita, mas também embasada segundo comentários dos leitores sobre este programa.
Mas, por falar em aceitação pelo povo sobre seus representantes políticos, programas televisivos e outras questões sociais, isso me faz lembrar o Artigo 1º de nossa Constituição da República Federativa do Brasil, onde em seu Parágrafo Único diz que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Ora, qualquer pessoa poderia concluir que se o poder emana do povo, para o povo e pelo povo, como normalmente em tom convincente e de barganha alardeiam os políticos usando o teor da constituição, por que então o povo não usa o poder para poder? É também factível que querer é poder? Estando as duas respostas corretas e positivas, só resta aceitar que a minoria está errada (no caso em discussão em não aceitar o engôdo político e nem gostar do BBB) e o povo, que é maioria, está certo e, portanto, tem o que merece, de fato e de direito e segundo o seu poder. E, enquanto tudo continua o mesmo sob o sol que brilha, haja saco!

*Professor do Centro de Biociências da UFRN (juarez@cb.ufrn.br)

A MONTANHA DOS SETE ABUTRES E A CASA DA HIPOCRISIA

A Montanha dos Sete Abutres e a Casa da Hipocrisia
(Publicado no O Jornal de Hoje e http://pt.shvoong.com/humanities/)

*Juarez Chagas


Os mais jovens e distantes da área jornalística, certamente nunca ouviram falar na Montanha dos Setes Abutres, um filme dramático, cuja repercussão nos anos 50 e 60, atingiu a mídia em cheio e a fez repensar a ética e a moral da imprensa, inclusive servindo como referência para vários cursos de jornalismo, mundo a fora.


O filme dirigido pelo austríaco Billy Wilder (Ace in the Hole, USA Paramount, 1951) conta a história de Charles Tatum, um jornalista inescrupuloso, magistralmente vivido por Kirk Douglas, o qual após perder vários empregos em grandes jornais, consegue esconder sua mediocridade e má sorte trabalhando num pequeno jornal, no Novo México, para lá enviado por seu editor para cobrir, a contra-gosto, uma caça às cascavéis que se concentraram no pequeno lugarejo. Claro que caçar cobras e lagartos e estampá-las num jornal nunca fora a ambição de Chuck Tatum. Isso era muito pequeno para ele, que se mostrava mais venenoso que as próprias cascavéis, quando se tratava de vencer na vida.

No desenrolar da história, observa-se notoriamente o caráter (não é certo se dizer que alguém não tem caráter ou personalidade, pois na verdade todos têm, sejam estes bons, duvidosos ou ruins) de Tatum, o qual destaca a notícia em detrimento da verdade e valor real dos fatos. Tanto assim é, que o mesmo debocha sarcasticamente de um aviso afixado no quadro da redação onde trabalha, “Diga a verdade!”.

Enquanto isso, entre uma migalha e outra, ele aguarda sua grande oportunidade para o grande “furo” de sua vida (daí o título do filme Ace in the Hole, que significa literalmente “Um Ás na manga”, ou um bom trunfo guardado...).

Finalmente, chega a grande chance de Chuck Tatum quando Leo Minosa, um homem simplório dono de um posto de gasolina, fica preso na caverna da "montanha dos sete abutres" , que servira de tumba a antepassados indígenas. A partir desse momento, Tatum arma um verdadeiro “circo” em torno do fato para ganhar notoriedade e, talvez até um prêmio jornalístico. Convence, chantage­ia autoridades locais e retarda em uma semana um resgate que poderia ser feito em poucas horas. Pior ainda, consegue manipular e controlar a inescrupulosa mulher de Leo (Ian Sterling), convencendo-a a não abandonar o marido soterrado e também, induzindo até o ambicioso xerife local, o qual estava somente preocupado com sua reeleição. Na verdade, foi criada uma trama de interesses, “comprada” pela opinião pública, que logo se manifesta em torno do acontecimento, tornando-se o contra-ponto da história.
Mesmo ainda numa época remota, comparando-se com o que temos hoje em termos de comunicação, A Montanha dos Sete Abutres é um excelente exemplo de como o público é levado a reagir frente a situações de extrema comoção ou sensacionalismo, especialmente quando veiculadas à exaustão pela mídia. No filme, à medida que o fato ganha importância, mais as pessoas se aglomeram ao redor da montanha, aguardando o desfecho final. A população elege Leo Minosa seu amigo preferido, apesar de o conhecerem apenas por uma foto publicada no jornal. O marketing e o comércio, também se fazem presentes, pois até um parque de diversões é instalado ao redor da montanha. O drama humano junto às circunstâncias reais ou inventadas pelo repórter para a trama e a abordagem sensacionalista embebedam o público, fazendo-o participar do fato, de fato, muitas vezes até coniventemente.
Na verdade, lembrei-me desse filme (e agora vem a segunda parte do título do artigo, a casa da hipocrisia) por ocasião da divulgação do BBB9, nos jornais e televisão, pois se formos fazer uma grosseira analogia entre ambos, vamos encontrar muitas semelhanças, principalmente no que diz respeito a escrúpulos (melhor dizendo, falta de), manipulação e especulação da mídia, usando pessoas sob a hipocrisia (porém real e fabricado) de um gordo prêmio, pago totalmente pela população consumista que se deixa levar por ilusões, mentiras e intrigas, maldosamente “fabricadas” com intuito de ibope, ganância e outras questões que só denigrem a essência humana.

É claro que no caso do filme, o premiado seria apenas o jornalista e, no máximo, a mulher da vítima e o xerife local. No caso do BBB, os finalistas, os promotores e a mídia, indiscutivelmente. Isso sem considerar os “estragos”causados às Natureza e Condição Humanas sob um confinamento velado (em sua mais “famosa” casa, como dizem os organizadores), para se arrancar comportamentos atípicos ou simplesmente para mostrar do que o ser humano é capaz, mesmo sob a condição de animais de laboratório.

Analisem a frase do diretor do programa Boninho disse ao lançar o BBB8, publicado num jornal da época, quando perguntado: “O que vocês farão nesta nova edição, para inovar um programa que já está no ar há oito anos?”. Vejam a resposta: “Tudo que for possível, não existe limites ou regras que devemos seguir”.
Isso só acontece porque tem público e grande e vale salientar que é este mesmo público quem patrocina (cada ligação que custa menos de 0,50 centavos e que muita gente deixa de comprar um pão para votar e que no total rende mais do que colaborações para o Criança Esperança, enchem os cofres dos patrocinadores e da tv responsável pelo programa) este “ilusório espetáculo”, onde as regras estimulam incentivar as “qualidades duvidosas e habilidosas” de seus participantes que devem “eliminar” seus concorrentes de qualquer jeito num “jogo de atitudes” que em nada acrescenta à índole do ser humano. Realmente, o povo tem o que merece!

* Professor do Centro de Biociência da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)