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9 de jul. de 2008

ATHENEU EXISTE APENAS UM !


ATHENEU,
existe apenas um!
(Publicado no O Jornal de Hoje, em 25/07/2007)

“Atheneu existe apenas um
e como o Atheneu, não pode haver nenhum!
Atheneu! Atheneu! Atheneu!”


Quem estudou no Colégio Estadual do Atheneu NorteRiograndense, ou simplesmente ATHENEU, principalmente, nos anos 60 e 70 certamente lembra deste grito de guerra que soava nos ginásios, campos de futebol, pistas, quadras, piscinas e por onde os atletas estudantis, e sua eufórica e fiel torcida, defendiam com sentimento, garra e lealdade, o mais querido dos colégios nos áureos tempos das competições estudantis, um marco histórico, desportivo e social, da Natal daquela época. Nos desfiles dos Jogos Estudantis (dos quais tive a honra e prazer de participar e defender alguns), tambores e charangas faziam o publico vibrar eufórico, com o “incendiário” e animador refrão. Era a identificação entre torcida, atletas e todos os que faziam o grande Atheneu e, apreensão e aviso para os adversários, dentre os quais os mais ferrenhos eram o Marista, a Escola Domestica e a antiga ETFERN (atual CEFET).

Estudar no Atheneu, defender suas cores (tradicionalmente verde, branco e friso dourado) e ter seu nome cravado no peito era um orgulho impar, porem não uma das tarefas mais fáceis, naquela época. Entrar para o Atheneu requeria conhecimento, simplicidade e abnegação, a começar por uma difícil seleção pela qual o aluno deveria passar, para se tornar estudante do Atheneu: o exame de admissão, uma rigorosa seleção de conhecimentos gerais e específicos, comparado ao vestibular de hoje, para ingressar nas universidades publicas. O processo seletivo para ingressar no mais famoso colégio do Estado requeria passar no exame de admissão do Atheneu, uma proeza que igualava classes sociais através da capacidade e conhecimento, demonstrados por quem conseguia esse tão almejado intento. Era mais que uma conquista era um diferencial. A expectativa gerada pelo resultado era angustiante, gerando apreensão que só acabava com o resultado afixado nos murais do colégio com data e hora marcada, o que causava uma aglomeração de estudantes e familiares em grandes concentrações, na frente do colégio.

O ensino era de qualidade, pois tinha os mais entusiasmados professores e professoras (apesar do baixo salário), que também se orgulhavam de pertencer ao seu corpo docente e a um colégio de referencia nacional. O ambiente, a sincera amizade e coleguismo estimulavam os estudos e deveres transformando-os em objetivos a serem alcançados. Se não estivesse trajando o uniforme devidamente, levava repreensão e voltava pra casa sem aula. A Direção era rígida, exigente e vigilante e isso também fazia parte da vida escolar.
Falar sobre a educação do Estado, inclusive do Brasil, e não falar do Atheneu, constitui-se numa grave omissão, pois é, dentro de suas características peculiares, o colégio público mais antigo do Brasil, já caminhando para o seu bicentenário, uma vez que foi fundado em 1834, pelo presidente da província do RN, Basílio Quaresma Torreão.

Historicamente, passaram por seu quadro de professores ilustres mestres da sociedade potiguar, cujo notório saber e empenho, eram transmitidos através de seus conhecimentos e lições não apenas didáticas, mas também de vida. Dentre seus professores mais destacados, podem ser citados o historiador Câmara Cascudo, Clementino Câmara, Monsenhor da Mata, Floriano Cavalcanti, Dr. Sebastião Monte, Myriam Coeli, Djalma Maranhão, Protasio Melo, José Melquíades, Jose Guará, Crisam Simineia, Vincente de Almeida, apenas para citar os mais antigos. Por outro lado, sentaram em seus bancos escolares, alunos que tornar-se-iam famosos e bem sucedidos nas mais variadas profissões e posições sociais. Só governadores, o Estado teve quatro que foram alunos do Atheneu, a saber: Aluízio Alves, Geraldo Melo, Garibaldi Alves e a atual governadora Wilma Maria de Faria, alem do presidente João Café Filho. Muitos outros ilustres profissionais de nossa atual sociedade, os quais abraçaram as mais diversas profissões, podemos citar Pery Lamartine, Dr. Ivis Bezerra, Diógenes da Cunha Lima, Ivonildo Rego (atual Reitor da UFRN), dentre outros, só para citar apenas alguns e não pecar por omissão de outros, os quais formariam listas intermináveis.

Em relação ao ensino, podemos constatar sua tradição, mas também o Atheneu é conhecido por movimentos estudantis e, principalmente no esporte. Durante os anos 60, especialmente antes e depois do golpe de 64, vários lideres estudantis estudavam no colégio, o qual também tinha um reduto político-estudantil muito forte. Entretanto, alem do ensino, o que mais destacava esta secular “casa do saber” (Atheneu, do grego Athénaíon) era mesmo o esporte, através de suas varias modalidades, defendidas nos jogos estudantis e olimpíadas em datas comemorativas. Nos Jogos Ginásios-colegiais, por exemplo, de 1963, fomos campeões masculino e feminino; em 1964 fomos vice-campeão masculino e campeão feminino; em 1965 e l966, fomos campeões masculino e feminino e, em 1967, fomos campeões masculinos novamente e vice-campeões feminino, conquistando o troféu definitivo.

“Passou, passou, passou um avião
e nele tava escrito o Atheneu é campeão!”

Como bem dizia o refrão da torcida e de seus abnegados e heróicos atletas.
Na verdade, quem estudou no Atheneu, especialmente em seus tempos áureos, sabe muito bem que Atheneu existe apenas um... Portanto, o governo e sociedade devem valorizar mais esse patrimônio histórico que é nosso e continua resistindo ao tempo pelo seu glorioso passado, mas precisa retomar sua chama e prestígio na nossa sociedade e atual juventude. Afinal, o Atheneu foi e é o primeiro colégio publico do Brasil.

Um comentário:

Liih maister disse...

O Atheneu p/ mim foi é ainda é o melhor colegio publico de Natal, eu Amo muito,muito esse colegio p/ mim também foi uma honra muito grande ter estudado la.