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16 de nov. de 2008

O OLHAR DA CRIANÇA SOBRE A MORTE (II)

O Olhar da Criança Sobre a Morte (II)

*Juarez Chagas


Falar sobre o desenvolvimento da criança nem parece simples, nem tão pouco o é. Entretanto, aprofundamento da discussão é necessário para o entendimento de muitas questões, tanto do ponto de vista biológico quanto psicológico, concomitantemente.

Fazendo aqui um parêntese, sem evidentemente a preocupação de estabelecer paradigmas, mas constatar que é por isso que prevaleceu o consenso acadêmico em quase todo o mundo concordou que a Psicologia deveria realmente ser uma das fortes áreas da saúde (muito embora algumas Universidades ainda insistam em manter a Psicologia apenas na área humanística). E não é apenas pelo fato da saúde mental e psíquica em si, mas também por ser parte da saúde do sujeito como um todo. E, ao falarmos de sujeito, não há como entendermos o sujeito isoladamente, pois antes de qualquer outro entendimento o sujeito é biológico, ele nasce biológico. Portanto, seu desenvolvimento biopissicossocial deve ser indissociável, e sua biologia entendida antes de qualquer outro conteúdo.

Fiz esse parêntese, apenas para chamar a atenção sobre a importância da questão da formação do sujeito, enquanto desenvolvimento humano. Hoje sabemos que temos um corpo físico e um corpo psíquico, que é por sua vez mental e subjetivo. Ambos são indissociáveis, evidentemente. Mas, o conhecimento da Biologia do indivíduo é também importantíssimo e imprescindível, principalmente para quem atende a criança como paciente que, por força da necessidade, acaba atendendo os pais ou cuidadores dessa criança conseqüentemente, para poder se chegar ao diagnóstico correto ou o mais próximo da realidade, enquanto as pesquisas continuam em direção do diagnóstico definitvo.

Em relação a outros animais, o bebê humano é prematuro no que diz respeito aos seus sistemas vitais, pois quando a criança nasce seu sistema neurológico e perceptivo ainda não completaram suas devidas formações. Portanto, estamos, nessa fase, diante de alguém que ainda não se reconhece como sujeito, embora, nós adultos, o tratemos como tal.

Os estudiosos sobre o desenvolvimento da criança, assim como os tanatólogos afirmam que a criança de até três anos não consegue perceber a morte com clareza definitiva nem acha que ela seja irreversível, porém entende quando seu bichinho de estimação não mais brincará consigo ou acaba aceitando quando seu avô ou avó ou sua mãe não a levará mais para a escola, como de costume. É interessante notar também que antes dos três anos, é comum a criança tornar “vivos” objetos inanimados de tal forma que passa a dialogar com os mesmos, mas depois dessa idade passa a se preocupar com a origem dos seres vivos, inclusive a sua própria, muitas vezes perguntando a mãe de onde nasceu.

Na verdade, a perda passa a ser sentida como algo ruim ou angustiante a partir dos sete anos. Entretanto, é a partir dos 12 anos que todo o processo do fenômeno da morte passa a ser entendido pela criança. Há de se considerar aí, o fator individual de cada um, assim como questões culturais e religiosas. Não é, portanto, uma regra determinante, porém a constatação do que normalmente ocorre.

E o que dizer da criança que vive cotidianamente ao lado da morte ou acometida pela certeza de que pode morrer a qualquer momento? Que olhar ela tem sobre a morte e sobre a própria vida? São, certamente, perguntas reflexivas.

A questão do câncer infantil desencadeia um drama iniciado com seu diagnóstico, o qual deflagra várias situações de conflitos, reações e emoções na própria criança, assim como na sua família e no seu meio social, normalmente representado pela escola. Surge a angústia com a perda da saúde, seguida de depressão, medo de morrer e estado de confusão mental de vários tipos e características. Nesse ponto, o tratamento médico é invasivo, causando dor e ansiedade, ao paciente, pais ou cuidadores. É uma situação difícil e complicada em todos os sentidos.

Lembro muito bem da angústia que vivi durante meu estágio de Psicologia Clínica na Casa de Apoio a Criança com Câncer, em Natal (Foto na sala de atendimento), onde não atendia às crianças diretamente, e sim aos pais dessas crianças (também alguns adolescentes) que viviam o dilema da terminalidade de seus filhos como uma certeza dilacerante. Ali nada ensinei, só aprendi através da questão da morte como essas crianças e seus pais vencem a morte e seus conflitos cada dia. Não tive como não deixar de agradecer-lhes profundamente (e estou consciente que isso não é nada, apenas confortante e importante para mim), não só em minha monografia, mas por tão nobre oportunidade de ter aprendido com eles essas lições que carrego comigo por toda a vida. Às vezes, dias e noites, eu revia os casos clínicos, confrontava com bibliografias, outras experiências vividas em outras instituições e, na solidão dessa realidade, não conseguia concluir nada, a não ser que precisamos ser mais humanos e mais compreensíveis cada vez mais com o próximo, principalmente quando ele está distante e pode nao mais voltar.

Com esse compartilhamento, vendo crianças oncológicas brincarem e sorrirem, tentando levar uma vida normal, como se nao lhes permitissem a morte invadir seu mundo lúdico e infantil, pude aprender que o olhar da criança sobre a morte, não é um olhar sobre a finitude, mas essencialmente um olhar sobre a vida!

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(juarez@cb.ufrn.br)

14 de nov. de 2008

O OLHAR DA CRIANÇA SOBRE A MORTE (I)


O Olhar da Criança Sobre a Morte (I)

*Juarez Chagas



O que dizer a respeito do olhar da criança sobre a morte numa sociedade onde o próprio adulto refuta a questão e evita buscar um melhor entendimento sobre a finitude humana? Se o medo da morte não é uma questão hereditária, pelo menos é passado, de certa forma velada, de geração a geração na sociedade ocidental. Essa seria uma consideração preliminar no que diz respeito ao tabu da morte e que resulta num comportamento, digamos de “autoproteção”, através dos tempos, mas que também, uma vez exacerbado, pode causar determinados transtornos mentais e comportamentos indesejáveis por parte de pessoas que passar a ver e sentir esse medo como uma perseguição subjetiva.

Para discutirmos sobre essa questão, faz-se necessária antes uma cronologia sobre o olhar da sociedade sobre a criança, ao logo da história da humanidade. Antes do Século XVIII até meados do Século XIX, na Europa, assim como na América do Norte, a criança não era valorizada e era tida como um pequeno ser sem personalidade. Essa idéia errônea era tão forte que ao morrer, muitas vezes nem tinha um nome ou, por outro lado, seu nome seria dado à outra criança, como se houvesse apenas uma substituição. Desta forma, na Idade Média, mesmo com as reservas às quais a criança era imposta, ela era tida como um “adulto pequeno”, portanto eram pequenas todas as suas atribuições, pensamentos e importância que tinha com seus lugares na família e na sociedade.

Acontece que a partir da segunda metade do Século XIX surge um diferente comportamento tendo à frente as mulheres e o clero, onde as crianças mortas continuavam sendo imaginadas vivas e habitando o além, na “Terra sem Mal”, onde eram idealizadas como anjos ou pequenos santos, formando aí um imaginário individual e coletivo e ilusório, mas que preenchia um desejo e vínculo com a criança que partira.

Mas, para contrapor o comportamento que normalmente se tinha sobre a criança nessa mesma época, a burguesia, para a qual a morte da criança era a menos tolerável de todas, passou a perpetuar suas formas idealizadas através de estátuas e representações alegóricas. Chegando à sociedade atual, nos deparamos com a clara negação da temática morte, com a atenuante de ser uma sociedade capitalista na qual a morte sofre uma mudança radical com tratamento logístico e tecnológico, além da questão da ciência (diferentemente da religião) combater a morte até onde for possível, ao invés de primeiro primar por seu entendimento e aceitá-la como desenvolvimento humano.

Em seu livro A Psicologia da Morte, Robert Kastenbaum (448 pags, Editora Universidade de São Paulo, 1983) faz a seguinte colocação: “A criança procura ativamente experiências de ir-e-vir, aparecer-e-desaparecer. Mais tarde (ainda na infância), ela é capaz de permanecer um pouco desligada do que observa. Percebe a morte e os atributos da morte na situação. Mais tarde ainda (talvez depois da primeira infância), desenvolve os tipos de estruturas cognitivas às quais comumente se aplica o termo concepções”.

Observando o fantástico mundo lúdico da criança e, em cima do que Kastenbaum diz, podemos perceber que ela faz de certas brincadeiras “experimentos” com a morte, fazendo com que lidem, mesmo nessa fase da vida, com a questão da morte muito melhor do que o adulto que, na fase adulta, substitui essa relação pelo medo. As brincadeiras de aparecer-e-desaparecer (muito comuns na Inglaterra e em outros países europeus), são vistas como pequenos experimentos realizados pelas crianças frente à morte ou frente ao não-ser. O brincar de esconde-esconde (hide and seek), morto-vivo ou mocinho-e-bandido (muito comuns no Brasil) refletem elaborações de concepção de morte, pela criança. É importante observar que nestas brincadeiras ela sempre vence a morte.

Mas...qual o olhar ou quais os olhares da criança sobre a morte? Seguramente, não é esse que o adulto mostra ou evita-lhe ensinar. O tema é vasto e para uma melhor discussão sugiro meu primeiro artigo publicado no O Jornal de Hoje (em 10/11/2004), intitulado “Quantas Vezes Morrermos Antes de Thanatos Chegar?”, o qual encontra-se neste blog. É só rolar as páginas para encontrá-lo.

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(juarez@cb.ufrn.br)

6 de nov. de 2008

A CONQUISTA DA DOR (II)

A Conquista da Dor(II)
*Juarez Chagas

Como parar uma sensação de incômodo doloroso e sofrimento físico? E se essa dor for psíquica, subjetiva, interior, mental cuja causa não seja orgânica, mas que por outro lado, além de machucar e torturar, também dilacere o soma? A resposta que o homem deu a si mesmo foi simples, mas demorou muito para ser formulada: “diante da incapacidade de controlar a dor, consigo inventar algo para bloqueá-la e que a torne indolor para mim, nem que para isso eu tenha que me tornar insensível!” Foi mais ou menos com esse pensamento que o homem inventou a anestesia.

Porém, são ricos os registros evidenciando que as civilizações antigas já conheciam fórmulas para driblar a dor e aplacar o sofrimento das pessoas. A Grécia Antiga utilizava a esponja soporífera embebida em substâncias sedativas e analgésicas extraídas de plantas; os chineses lançavam mão de sua milenar acupuntura; os incas da América do Sul aplicavam uma espécie de anestesia tópica, através do sumo da mastigação da folha de coca; os egípcios tinham seus milagrosos bálsamos e os assírios comprimiam a carótida, para impedir que o fluxo sanguíneo chegasse ao cérebro, tornando assim, a dor algo secundário. Gelo ou neve também eram utilizados para congelar a região a ser operada, assim como embriagar o paciente com porre de vinho ou aguardente ou usar a hipnose foram outros recursos utilizados para aliviar a dor, antigamente.

Por outro lado, questões culturais e religiosas tiveram influências preponderantes sobre a questão da dor, pois até durante a Idade Média, doença, dor e sofrimento eram vistos como castigos aos impuros. Ainda nessa época, nas sociedades cristãs européias o controle da dor através de ervas e compostos químicos era tido como bruxaria e, portanto, passíveis de punição pela Santa Inquisição, a quem fosse pego tentando aplacar a dor, publicamente. Assim sendo, não é de se estranhar que a dor tenha sido até hoje tida como um castigo divino e a frase “a dor purifica o espírito” nos remete à essa questão, assim como o controle da dor pelos fortes, é uma questão honrosa, pois só os fracos reclamam, diz a tradição.

Mas, como vimos no artigo anterior, foi somente por volta do meados do século XVIII, que finalmente o homem vence (parcialmente) a dor. Os meios de divulgação e instituições interessadas da época viram que era importante estabelecer uma data oficial para a descoberta da anestesia, apesar de discussões e controvérsias sobre o verdadeiro mérito e seu verdadeiro inventor. Na realidade, conta a história que alguns interesses acadêmicos e empresariais postularam Crawford Williamson Long como sendo o primeiro médico a operar sem dor, quatro anos e meio antes de Morton que, por sua vez é tido como o verdadeiro descobridor da anestesia, pelo que se aceita até hoje (vê artigo anterior).

Discussões acadêmicas à parte, pois este é apenas um episódio devidamente esclarecido, o importante é que a dor nunca foi totalmente controlada. E esse fato tem seu lado positivo, pois assim como o medo, a dor também tem seu lado útil como um sistema de alerta, especialmente no que diz respeito à sensibilidade exteroceptiva, ajustando o indivíduo no seu meio ambiente, quando algo pode comprometer o organismo, através de agressões químicas, físicas ou biológicas que chegam através da pele que é o maior órgão do corpo humano, chegando a medir 2 m2 e pesar 4 Kg no adulto. Constitui-se num manto contínuo que envolve todo o corpo com sua especial capacidade e sede do órgão dos sentidos. Imaginem, portanto, a quantidade de receptores espalhados por toda a pele, para conduzirem através dos nervos espinhais as sensações para a medula espinhal para a partir daí, através dos tractos córticos-espinhais, conduzirem ao cérebros as informaçoes das sensações tanto de dor, quanto de prazer. O tálamo pode ser considerado uma das principais estações-sedes onde estes estímulos vão se alojar, sendo posteriormente identificados a níveis córticais. É mais ou menos assim, que percebemos a dor, prazer e estímulos táteis de um modo geral. Porém...não quando esta é "criada" mental e psíquicamente. Mas, aí é outra história a qual requer mais explicaçoes e entendimentos do ponto de vista neurofisiológico.

Eliminar totalmente a dor do ser humano seria como deixá-lo sem condições de perceber somaticamente o que se passa ao seu redor. Uma dor de cabeça, por exemplo, é um aviso de que algo errado está acontecendo a nível do coro cabeludo, crânio ou encéfalo, ou por outro lado, pode sugerir uma dor de fundo nervoso ou psíquico. Mas, por outro lado, uma unha encravada também pode resultar numa dor de cabeça, pela sua intermitência angustiante. Portanto, a dor não faz apenas sofrer, tem sua importância mesmo sendo vista como um incômodo dilacerante.

Na verdade, existem algumas situações orgânicas, nas quais há ausência de dor, porém em virtude de alguma patologia, como é o caso da analgesia congênita, que impossibilita a sensação de dor, assim também como outras doenças capazes de destruir as terminações nervosas da pele, tornando o indivíduo inteiramente insensível a dores tópicas e localizadas. Em crianças, esse tipo de doença torna-se mais grave ainda, pois elas podem se machucar sem notar, causando uma desatenção aos perigos de mutilações.

Sabemos que todas as dores envolvem componentes emocionais e sensoriais, sendo, ao mesmo tempo físicas e mentais, como o que pode ocorrer em síndrome do pânico, ansiedades e depressões. Essas, por sua vez requerem cuidados especiais, pois o conhecimento das mesmas e de sua etiologia podem ajudar o paciente a combatê-las com mais propriedade. Afinal, não adianta acabar com a dor ou sintomas em si, e sim com sua causa.

Muitas vezes o tratamento não é cirúrgico nem medicamentoso e sim, quando de fundo psíquico, apenas “extraindo-se” o problema de si e substituindo-o por resoluções pertinentes às causas desta dor específica. Afinal, essa seria, mesmo que parcialmente, uma grande conquista!

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(juarez@cb.ufrn.br)

27 de out. de 2008

A CONQUISTA DA DOR


A Conquista da Dor (I)
* Juarez Chagas

Antes da assustadora morte, a dor foi a primeira coisa de que o ser humano quis se livrar. E são muitas as dores. De vários tipos e diversas causas e sintomatologias, portanto é evidente que o homem teria, no mínimo que tentar, aplacar esse incômodo dilacerante que sempre o deixou sensível, perturbado e por vezes, quando em condições insanas e, em algumas vezes extremista, se dispõe a comprometer a própria vida, para se livrar da dor. Assim sendo, ao longo do tempo, resolveu dizimá-la ou pelo menos tentar.

Porém...com o passar do tempo, viu que era impossível acabar com a dor, principalmente a dor psíquica, mental, subjetiva e, acima de tudo, não a dor da carne, mas a mais profunda das dores, a dor da alma.

Olhando o lado animal do homem, podemos arriscar classificá-lo como sendo o mais medroso dos animais, no que diz respeito à dor. Deve ser porque ele não só “sociabilizou” a dor, mas a “registrou” cortical e conscientemente, a ponto de ter “arquivos” da mesma, do qual lança mão quando é atingido ou agredido, respondendo neuro-fisiologicamente. Coitadinho do ser humano...às dores sempre se curvou covardemente, com raríssimas exceções que, honrosamente, merecem registros.

Mas, por que sentimos dor? De onde ela vem e até onde é capaz de nos torturar? Teríamos controle sobre ela ou sempre seríamos reféns de algo cuja origem se perderia na intimidade de nosso soma e mistérios de nossa psique? Então o homem inventou a ciência e esta, na sua amplitude, procurou responder cientificamente, claro.

Com o avanço da neurologia e neurociências de um modo geral, hoje sabemos que a dor (pelo menos a somática) é uma resposta sensorial de um dos mais importantes órgãos dos sentidos do corpo humano: o tato. É ele o responsável pela vida de relação do indivíduo com o meio. Seu conceito, enquanto modalidade sensorial da distribuição da sensibilidade dolorosa da pele, vai, além disso, e relaciona-se com a sensibilidade exteroceptiva e suas derivações.

Uma vez durante uma aula de neuroanatomia, onde discutíamos sobre o assunto, um aluno me perguntou se somos capazes de controlar a dor. Evidentemente, que não soube lhe responder nada além do que se a dor se manifesta orgânica e emocionalmente através dum circuito neurofisiológico, uma vez consciente desse circuito e suas estações de estímulos e respostas, pode ser possível sim, para algumas pessoas controlarem a dor, ou pelo menos minimizar seu limiar de ação. Muitos orientais são bons nisso com seu conhecimento, controle e sua medicina milenar. Esse fato tem, inclusive quebrando antigos conceitos neurofisiológicos da literatura e bibliografia ocidental.

Por outro lado, a propósito da conquista da dor, o homem conseguiu, tecnicamente, avanços importantíssimos. Se fôssemos historiar a cronologia da dor, logo lembraríamos que, nos primórdios da Anatomia (Vesalius) e temida cirurgia (Paré) era comum se dar um porre de aguardente no indivíduo, fazer um torniquete e “cortar o mal pela raiz”, literalmente! Pois era assim que se fazia na maioria das vezes. Quando o sujeito acordava (do porre e desmaio causado pela dor), sempre lhe faltava algum órgão. Às vezes o paciente sobrevivia.

Mas, avancemos para final do Século XVII, quando Joseph Priestley (1733-1804) conseguiu o grande feito que foi inventar o óxido nitroso ou “gás hilariante”. Por isso ele é conhecido como o Pai da Química Moderna. Entra nessa história e nesse momento um estudante fracassado de medicina Gardner Quincy Colton que fazia, a pedido, exibição do tal gás. Acontece que Sir Humphrey Davy (criador dos elementos químicos K, Na, Ba, Mg e Cl...) gostava de inalar o óxido nitroso para curar suas dores de cabeça e sentir “outras sensações”. De repente, ele achou que o gás hilariante podia ser útil em operações cirúrgicas, mas não quis investir na idéia.

Voltando a Quincy Colton, este resolve fazer importantes apresentações sobre o gás hilariante, onde perante multidões curiosas, fazia qualquer pessoa rir, cantar, dançar, brigar e até “perder a vergonha”...(por causa disso tudo, daí o adjetivo hilário). No meio dessa multidão, estava Sam Cooley, um então empregado de farmácia que, sob o efeito do gás corria como louco entre os bancos da platéia, somente notando depois ter machucado suas canelas e joelhos. Foi então que Cooley acabava de anunciar o Fiat Lux da anestesia. Por sua vez, no meio da multidão, também estava Horace Wells, um dentista em busca de novidades, que soltou a frase: “nesse caso, o homem pode extrair um dente sem sentir dor, com o gás hilariante?!” Wells (que depois ficou viciando em clorofórmio e outros gases inalantes) levou a nova idéia para seu sócio William Thomas Green Morton (1819-1856), que organizou logo uma demonstração para extrair dentes de quem se voluntariasse. Foi um grande acontecimento!

Mas, a história não começa e nem acaba aí, pois o óxido nitroso tinha seu rival, o éter, descoberto em 1540, por Valerius Cordus, porém ainda não utilizado como anestésico na época e sim para conservar a farmacopéia de Cordus, que era botânico. Morton, por sua vez, leu o tratado botânico e roubando a idéia de Wells, experimentou o éter em cachorro. Foi um sucesso!

Na verdade, o novo acontecimento virou uma grande farra, pois todo mundo agora se deliciava com a nova “farra do éter” em pequenas reuniões de amigos, festas e acontecimentos sociais, pois da anestesia, que leva o indivíduo à sensação de embriagues, surgiu o desejo do homem escapar de si mesmo e não apenas da dor. Hoje em dia, diz-se ser o éter ancestral dos “coquetéis” consumidos larga e abertamente em festas e “baladas”, muitas vezes organizadas para este fim. Só que muitas vezes, o “fim” pode ser outro...

Mas, há muito ainda a dizer sobre a dor, portanto aguardemos os próximos artigos e vejamos como o ser humano tem lidado com uma de suas mais incômodas inimigas.

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(juarez@cb.ufrn.br)

8 de out. de 2008

O SÉCULO DA ANATOMIA

O Século da Anatomia (I)
(Publicado no O Jornal de Hoje)
*Juarez Chagas

Quando muitos leram O Código Da Vinci, de Dan Brown, uma das ficções americanas badaladas do momento, com mais de dez milhões de livros vendidos, segundo estampa divulgação na capa (Livraria Sextante, 480 pgs, 2004) não imaginariam que o entendimento do segredo da máquina humana fosse necessário para a compreensão do tema e trama do livro, como um todo. Evidentemente, que o conhecimento do próprio corpo pelo homem, o levaria às mais fantásticas descobertas da ciência na área da saúde.
No que diz respeito a este livro de Dan Brown, podemos dizer que praticamente toda sua inspiração foi baseada no Homem Vitruviano, uma das mais famosas obras de Da Vinci (1452-1519), por sua vez inspirada no trabalho do arquiteto romano Marco Vitrúvio (c.70-25 a. C.) em sua obra intitulada Os Dez Livros da Arquitetura, apresentado-se como um modelo iadeal para o ser humano, cujas proporções são perfeitas, segundo o ideal clássico de beleza. Com o passar do tempo a descrição gráfica se perdeu e Da Vinci foi contratado para resgatar não apenas a obra, mas uma nova dimensão da mesma e sua relação com a Natureza. É aí que entra o conhecimento do corpo humano. Sabemos que Da Vinci, foi muito antes do que qualquer anatomista o primeiro a dissecar corpos humanos com perícia anatômica, superada apenas por Vesalius, posteriormente. Tudo isso fez parte da Renascença, a maior revolução da humanidade, até então.

Na verdade, o segredo de De Humani Corpori Fabrica (título do mais importante livro da Anatomia, em todos os tempos, publicado em 1543, cujo fac símile do original, eu tenho um com pranchas desenhadas pelo próprio Von Kalkar), como bem postulou Vesalius, autor da própria obra e, indubitavelmente, o médico anatomista que apresentou sistêmica e topograficamente o corpo humano, não somente à ciência, mas ao mundo, fazendo com que a partir daí a medicina se tornasse viável no combate às mazelas e doenças orgânicas e, o conhecimento sobre o corpo humano tornou-se obrigatório para todos. Desconhecer o corpo é ser ignorante parcialmente sobre si mesmo e, praticamente, uma obrigação para os profissionais da saúde e, por que não dizer, no mínimo curioso para qualquer contexto no qual o indivíduo ou pessoa esteja inserido.
Mas, o principal ponto da presente discussão é qual foi o verdadeiro século da Anatomia, pois há muitas considerações importantes no que diz respeito à cronologia sobre o estudo do corpo humano. A princípio, no entendimento geral, é preciso citar as quatro grandes escolas anatômicas do passado: Egípcia, Babilônica, Grega e Romana.

Como é sabido, a Escola Egípcia detinha, antes de qualquer outra escola, a técnica do embalsamamento ou mumificação, a qual dominaram como ninguém. Tanto é que até hoje se constata a eficiência da mumificação através dos tempos. Já os Babilônicos tinham apenas conhecimentos superficiais sobre o corpo, o que lhes conferiam somente condições para tratamentos superficiais de ferimentos de lutas e guerras. Na realidade, as duas grandes e mais importantes escolas foram a Grega e a Romana, que deixaram um legado que mudou a história da humanidade. No que diz respeito à primeira, não podemos omitir, dentre outros, Hipócrates e Galeno. O primeiro instituiu, além de seu amplo conhecimento, a ética médica com seu juramento hipocrático e Galeno, por sua vez, dominou durante quinze séculos com sua anatomia rudimentar (mesmo sem ter dissecado um único corpo humano)

Foi então que surgiu Vesalius (1514-1564), o primeiro a fazer uma dissecação pública, com sentido acadêmico, mudando a história da medicina e do mundo. Portanto, eu diria que o “Século da Anatomia” foi o século de Andreas Vesalius ou De Humani Corpori Fabrica .

*Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)

O SÉCULO DA ANATOMIA

O Século da Anatomia (II)
*Juarez Chagas

Há muitos acontecimentos interessantes sobre a história da Anatomia que, como podemos perceber seria necessário uma seqüência de capítulos, sobre o tema. Porém, o objetivo não é esse e sim, pontuar algumas passagens interessantes que tenham conexões diretas com o saber do ser humano (pra não dizer somente “do homem”, como habitual), principalmente na contemporaneidade. A respeito disso, na minha opinião o conhecimento anatômico deveria ser obrigatório em todos os currículos, assim sendo todo mundo saberia um pouco mais sobre seu próprio corpo e, conseqüentemente, também conheceria melhor sobre seu sistema neural, responsável por muito do comportamento humano.
Não podemos falar de Anatomia sem falar em Andreas Vesalius (1514-1564) cuja incontestável bravura foi desde exumações ocultas de cadáveres para o estudo da anatomia, em calabouços à luz de vela e anfiteatros clandestinos até às dissecações públicas com o reconhecimento do clero e universidades, depois das quais se instituiu o estudo acadêmico da anatomia. Antes, como foi visto no artigo anterior, predominava a medicina de Hipócrates, com sua conotação humanística e, posteriormente Galeno, o qual sem nunca ter dissecado um só cadáver humano, gostava de desenvolver teorias sobre diversos tratamentos a base de ervas, que deveria curar os “elementos” do corpo, levando em conta sua concepção metafísica da natureza do corpo, o qual ele comparava com a Natureza. Estes elementos eram compostos de quatro componentes indissociáveis e igualmente indispensáveis: fogo, ar, terra e água.

O método do estudo da anatomia de Vesalius revolucionou a ciência, em particular a medicina, por ser eminentemente prático, real e investigativo, conseqüentemente. Jamais alguém tinha feito antes o que ele fez e, por isso, é reconhecido como o Pai da Anatomia.

É interessante observar que a cirurgia até então era completamente rude dramática e, infelizmente, matava mais do que curava. Não havia anestesia (só a partir de 1801), o equipamento cirúrgico era precário (os médico eram chamados de barbeiros cirurgiões ou cirurgiões-barbeiros), amputações eram tidas como moda...porém, mesmo com toda essa deficiência, o mais grave era a falta do conhecimento anatômico, pois o corpo humano deveria ser inviolável, chorado e enterrado depois de morto. Quem fosse pego dissecando cadáveres deveria ser queimado em praça pública como feiticeiro ou herege. Era época da Santa Inquisição. Somente a Igreja, a Religião podia nortear o que deveria ou não ser feito.

Na época de Vesalius, um dos mais famosos cirurgiões chamava-se Ambroise Paré (1510-1590) que, mesmo com a anatomia oculta da época, foi um inovador na área cirúrgica e, altamente, competente. Era também muito humano, humilde e de espírito religioso (qualidades estas nem sempre presentes em muitos). É dele a célebre frase que ainda perdura através dos tempos: “Eu o tratei e Deus o curou”.

A propósito, Vesalius e Paré (em ação na foto do artigo) não foram apenas contemporâneos, mas também ambos se encontraram no leito de morte de Henrique II, da França. O Rei tinha sido gravemente ferido num duelo com o Comte Montegomery, capitão da guarda da côrte francesa, por questões pessoais entre ambos, que disputavam (sigilosamente) a mesma amante. A lança de Montgomery perfurou o capacete do Rei, penetrou em seu olho e espatifou-se dentro de sua órbita. Então, mandaram chamar Paré, que imediatamente sugeriu a presença de Vesalius. Mas, os absurdos da época aconteciam normalmente, especialmente na corte. Paré e Vesalius testaram procedimentos cirúrgicos em seis cabeças de criminosos executados, na tentativa de salvar a própria cabeça do Rei que acabou falecendo onze dias após a cirurgia.
Paré por sua vez, foi irônico após a autópsia que, ao examinar o crânio e encéfalo do Lorde, encontrou um abscesso na superfície do cérebro, dizendo o seguinte: “...Aqui foi encontrado um começo de corrupção, o que deve ter sido causa suficiente para a morte do meu Lorde e não apenas o dano causado no seu olho”.
Se a analogia, segundo a ironia de Paré, de tumores e abscessos nas cabeças de poderosos fosse sinônimo de corrupção, hospitais e leitos não suportariam o contingente de moribundos e a causa mortis seria de fácil constatação

*Professor do Centro de Biociências da UFRN(
Juarez@cb.ufrn.br)

28 de set. de 2008

LIKE A ROLLING STONE

COMO UMA PEDRA QUE ROLA
*Juarez Chagas

Uma mulher jovem e rica cuja família é do high society dominante, nessa conturbada sociedade contemporânea, onde a classe alta sempre imperou e mandou no pedaço, deixando ao submundo apenas a admiração e a miséria como sobrevivência, não é apenas acostumada aos prazeres da vida, com seus carros de luxo, suas roupas ricas e melhor universidade, ela é o próprio prazer de ser o que é e como é. Ela é a representação do próprio high society, da qual os simples mortais jamais farão parte.

Mas, mesmo assim, esnobe ela dá esmola aos vagabundos e costuma rir de quem tá na pior, e sequer é capaz de apreciar a arte dos palhaços e ilusionistas, mas ao invés disso se diverte se eles caem no ridículo. Além de tudo isso, quando cansada dessa vida fácil, sente-se como uma princesa em ostentar sua beleza, dinheiro, ouro e diamantes enquanto seus convidados bebem, conversam, comem e riem de tudo e do nada. Então, ela resolve dar um passeio em seu cavalo cromado em companhia de um astuto diplomata que, como charme, carrega no ombro um gato siamês, mas que de repente lhe rouba tudo que tem...e aí, a história vira exatamente o lado oposto, constatando as ironias da vida, as quais podem vitimar qualquer um(a)...

Esta foi minha primeira visão sinóptica pessoal que tive, ainda adolescente, já no final dos anos 60 e início dos anos 70, sobre Like a Rolling Stone, uma das músicas mais contestadoras e revolucionárias de nossos tempos, que à primeira vista mais parece uma divisão de classes sociais e, o castigo e decadência da própria classe burguesa e high society aqui representada na pele de uma jovem e bela mulher, escrita e cantada pelo inigualável Bob Dylan. Por vezes, eu ensinava a letra e música dessa canção nas turmas avançadas de Inglês na SCBEU (Sociedade Cultural Brasil Estados–Unidos), onde a maioria dos alunos era da high society de Natal. Todos se rendiam ao poder dessa música que é, na verdade, é uma crítica aos padrões sociais da modernidade, escrita e cantada por um rebelde musical (se é que poderia assim dizer) que se tornou ícone do pop músic em todo o mundo.

Mas, foi justamente com essa idéia na cabeça que, inicialmente, Dylan escreveu uma pequena história de vinte páginas, que seria mais tarde Like a Rolling Stone, gravada em Julho de 1965, em vinil de 45 rpm, originalmente com 6 minutos de duração. Sucesso incontestável até hoje.

No artigo anterior, vimos como surgiu Bob Dylan no cenário musical norte-americano e de lá para o mundo! Hoje ele é uma lenda viva, tendo estado no Brasil por três vezes: 1988, 1990 e 2008. Na segunda vez, veio especialmente abrir Show dos Rolling Stones, que regravaram Like a Rolling Stone em sua homenagem, assim como também enaltecendo próprio nome da banda. Muitas bandas e cantores entoaram esta canção tendo sido um dos mais importantes roqueiros, antes dos Rolling Stones, Jimmy Hendrix, com seu próprio estilo. Nesse caso, não se sabe até hoje quem saiu ganhando mais se a própria canção na voz e guitarra de Hendrix ou se Hendrix com a canção em um de seus repertórios. Eu diria que ambos

Agora veja porque Like a Rolling Stone é única e inconfundível, acompanhando algumas de suas estrofes, onde a mensagem da música é tão clara quanto a luz do sol:

Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you?
People'd call, say,"Beware doll, you're bound to fall"
But You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about everybody that was hangin' out
And now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.

How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You've gone to the finest schools all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromiseWith the mystery tramp,
But now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknownLike a rolling stone?

You never turned around to see the frowns
on the jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other peopleget your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

Princess on the steeple and all the pretty people
They're drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you'd better lift your diamond ring,you'd better pawn it, babe
You used to be so amused
That Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now, you got no secrets to conceal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

(Tradução)
Houve uma época que você se vestia tão bem
No seu auge você jogava moedas para os vagabundos, não era?
As pessoas te chamava e diziam,"Tome cuidado garota, você vai cair"
Você achava que elas estavam todas brincando com você
Você costumava rir deTodo mundo que estava na pior
Agora você não fala tão alto
Agora você não parece tão arrogante
Quanto a ter que medingar a comida do dia seguinte

Como você se sente
Como você se sente
Não ter um lar ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?

Você freqüentava as melhores faculdades, tudo bem, Srta. Solitária
Mas você sabe que só costumava ser uma farsa entre eles
E ninguém jamais te ensinou como viver na rua
E agora você descobre que vai ter de se acostumar a isso
Você disse que nunca se comprometeria
Com a “coisas de vagabudo”, mas agora você percebe que
Ele não está negociando nenhuma pretexto
Enquanto você olha dentro do vazio de seus olhos
E pergunta-lhe: "você quer fazer um acordo ?"

Como você se sente ?
Qual a sensação
De estar por sua própria conta
Sem nenhum rumo para casa ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?
Você nunca se voltou para ser os olhares carrancudos
Nos malabaristas e palhaços
Quando eles todos se humilhavam e faziam truques para você
Você nunca compreendeu que isso é inútil
Você não devia permitir que outras pessoas levassem chutes no seu lugar
Você costumava andar no cavalo cromado com seu diplomata
Que carregava em seus ombros um gato siamês
Não é duro quando você descobre que
Ele realmente não estava onde está
Após ele tirar de você tudo que podia roubar ?

Como você se sente ?
Qual a sensação
De estar por sua própria conta
Sem nenhum rumo para casa ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?

Princesa na torre e todas as lindas pessoas
Estão bebendo, pensando que já têm a vida ganha
Trocando todos os tipos de presentes e coisas valiosas
Mas seria melhor que você levantasse seu anel de diamante
Seria melhor você penhorá-lo, babe
Você costumava ficar tão entretida
Com aquele Napoleão vestido em trampos e a linguagem que ele usava
Vá para ele agora, ele te chama, você não pode recusar
Quando você não tem nada, você não tem nada a perder
Você está invisível agora, você não tem segredos para esconder.

Como você se sente ?
Qual a sensação
De estar por sua própria conta
Sem nenhum rumo para casa ?
Como uma completa desconhecida
Como uma pedra rolante ?

(Por causa de alguns sentidos figurados de algumas traduções desta música, resolvi usar minha própria traduçao, para manter a autenticidade da mesma que usava nas aulas de Inglês, para algumas turmas avançada)
Mas, vale salientar que, além de uma contundente crítica à “alta sociedade”, a letra da música também fala de ilusão, perdas, decepções, verdades e do reverso da moeda. Afinal, todo ser humano tem suas pedras ao longo do caminho e, o importante é não ficar no chão, após algum tropêço ou simplesmente ficar like a rolling stone.

* Professor do Centro de Biociências da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)