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11 de abr. de 2012

KARATE KID II

Karate Kid II

*Juarez Chagas

As escolas ou academias de Artes Marciais no Oriente, a princípio, primavam antes pela formação do caráter e da índole de seus praticantes e, somente posteriormente a arte da luta, batalha e guerra eram praticadas exaustivamente em mosteiros ou escolas e academias reservadas.

Também sempre foi considerado o conhecimento do mestre e seus ensinamentos, responsabilidade esta atribuída aos seus alunos. Tanto é verdade que, considerava-se o estilo, arte, filosofia e técnicas marciais de um aluno, como pertencente a tal escola e a tal professor. Portanto, bastava-se saber a qual escola e a qual professor o aluno pertencia para saber se este era bom ou não.

Infelizmente, no Ocidente esta visão não foi adotada, pois as artes marciais foram assimiladas como uma arte da guerra ostensiva e, a filosofia e os preceitos do bom saber e boas atitudes e postura ficaram em segundo plano, principalmente após a grande Segunda Guerra Mundial, quando a América tentou assimilar a filosofia das Artes Marciais orientais, à sua maneira.

Relembrando, rapidamente o artigo passado vimos que Daniel visitou a academia Karate Cobra Kai e, em lá chegando decepcionou-se porque se depara com seus adversários que eram a própria gang da escola e, para sua decepção, a linha de frente da academia. O professor da Academia Cobra Kai, John Kreese (Martin Kove), um ex-combatente americano do Vietnam, prima pelo ensino da luta pela luta, onde o adversário deve ser derrotado e, se possível, humilhado.

Assim que Daniel entra no dojo lotado de jovens praticantes de karate, ouve as indagações que na verdade são afirmações obrigatórias a serem confirmadas pelos alunos que respondem quase como um ritual.

- Fear does not exist in this dojo, does it?! (Não existe medo nesse dojo, existe?! Brada questionando quase como grito de guerra a seus alunos, o professor John Kreese.

- No sensei!! (Não mestre!!)

- Pain does not exist in this dojo, does it?! (Não existe dor nesse dojo, existe?!

- No sensei!!

- Mercy does not exist in this dojo, does it?! (Não existe piedade nesse dojo, existe?!

- No, sensei!!

Então, o professor John Kreese, pára de circular pelo dojo enquanto exigia respostas-comando de seus alunos e continua a bradar com seus ensinamentos.

- Prepare, Hey!! (Atenção, preparar!)

- O que vocês estudam aqui?

- O caminho da defesa, senhor!!

- E que caminho é esse?

- Atacar primeiro! Atacar forte! Nada de piedades, mestre!!!

Isso é mais que suficiente para que o expectador compare os ensinamentos da postura no dojo e a “filosofia” das Artes Marciais transmitidas por um professor fleumático, rancoroso e vingativo a alunos com expectativas de aprendizagem destes mesmos conteúdos, ou seja, sem qualquer respeito ao oponente e nem aos preceitos do caminho do guerreiro (bushido).

No próximo artigo veremos a conclusão da primeira parte da trilogia Karate Kid e de como Myagi San consegue passar o verdadeiro ensinamento para Daniel e como a união das duas culturas (Oriental e Ocidental) puderam contribuir, não somente para o entendimento entre homens de diferentes nações, mas também para o cultivo do respeito entre si.

*Professor do Centro de Biociência da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)

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