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11 de abr. de 2012

MASLOW E O POTENCIONAL HUMANO II

Maslow e o Potencial Humano II

*Juarez Chagas

Já escrevi alguns artigos sobre Abraham Maslow (1908 - 1970), grande psicólogo norte-americano que, diferentemente de seus antecessores, como Freud, por exemplo, não estava preocupado em curar ninguém, muito pelo contrário, e sim, desenvolver o potencial humano, normalmente apresentado em pessoas consideradas sadias.

A partir desse pensamento, Maslow elaborou uma teoria da motivação centrada no conceito de auto realização do ser humano, algo ousado e inédito para a época. Ele pregava que "o desenvolvimento máximo dos potenciais de cada ser humano; cada pessoa atinge a sua auto realização na medida em que procura atualizar os seus potenciais". Com sua teoria em evidência, Maslow apresentou um “argumento” mais do que convincente pautado nas necessidades do ser humano que ficou conhecida como Pirâmide das Necessidades, segunda a qual cada um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidade para que possa atingir sua auto realização.

Talvez, didaticamente, caiba aqui, para que pensemos a Psicologia nos seus primórdios que, tendo sido a Psicologia ocidental originada na Grécia, no ano 500 a. C., então inserida na Filosofia, onde alguns filósofos, como Sócrates, Platão e Aristóteles, considerados ousados para a época, começaram a cogitar as possibilidades da psique humana.

Entretanto, ainda didaticamente considerando, foi no século XIX, entre 1832 e 1860, na universidade de Leipzig (Alemanha) que surgia a Psicologia, como ciência separada da Filosofia, pois passou a apresentar métodos e princípios teóricos aplicáveis (e é nesse ponto que a teoria torna-se prática, mesmo sob contestação de alguns) ao estudo e tratamento dos vários aspectos da vida humana, socialmente dentro do contexto individual e coletivo.

Pelo seu caráter interdisciplinar e por sua íntima relação com as Ciências Biológicas, Sociais e Humanas, a multiplicidade de correntes, escolas, enfoques, paradigmas e metodologias, fizeram com que a Psicologia se tornasse eclética e abrangente de tal forma que, muitas divergências também surgiram entre si. O que foi natural, pois o importante é a eficiência que cada uma dessas correntes possa apresentar.

Chegando ao momento atual da Psicologia, podemos dizer que esta se acha (ainda didaticamente) dividida em quatro grandes correntes, chamada de forças:

1ª FORÇA: Behaviorismo ou Psicologia Comportamental - criada por John B. Watson que reformulou os conceitos de consciência e imaginação, negando o valor da introspecção. Watson rejeitou tudo o que não pudesse ser mensurável, replicável ou observável em laboratório, em prol de um comportamento manifesto que pudesse ser validado cientificamente;

2ª FORÇA: Psicanálise - criada por Sigmund Freud, o estudo psicanalítico focaliza prioritariamente a patologia e o extremo sofrimento diante da própria impotência e da limitação humana. Seus estudos dão suporte às outras escolas que se desenvolveram a partir da psicanálise. O principal discípulo de Freud foi Carl Gustav Jung que é considerado um dos precursores da Psicologia Transpessoal devido aos seus inúmeros estudos sobre o ocultismo;

3ª FORÇA: Psicologia Humanista - surgiu década de 50, nos Estados Unidos e Europa e a visão do Ser Humano no humanismo é a de um ser criativo, com capacidades de autorreflexão, decisões, escolhas e valores.

4ª FORÇA: Psicologia Transpessoal - a partir das idéias presentes na psicologia humanista surgiu a 4ª força. E é nesse sentido que gostaria de apontar o grande valor de Maslow para a Psicologia, pois a 3ª e 4ª forças, são resultantes de seus estudos e princípios.

Por isso Maslow é considerado fundador desse movimento. Já que, no que diz respeito à psicanálise, ele costumava dizer que Freud usava a doença e a miséria humana como carro-chefe de seus estudos, não que isso estivesse errado, mas enfatizava por outro lado, ser necessário considerar os aspectos saudáveis, que dão sentido, riqueza e valor à vida. Costumava dizer que “ o homem será um ser com poderes e capacidades inibidas. Adoecemos, não só por termos aspectos patológicos, mas, muitas vezes, por bloquearmos elementos saudáveis”

Sua vida e experiência na Psicologia transformou suas complicadas infância e adolescência, outrora enterradas nos subterrâneos dos conteúdos pessoais, transformando-o neste grande estudioso que foi, afirmando sempre que podia que, vivenciar o aspecto transcendente era importante e crucial em nossas vidas. Pensar de forma holística, transcendendo dualidades como certo, errado, bem ou mal, passado, presente e futuro é fundamental. Maslow declarava que sem o transcendente ficaríamos doentes, violentos e niilistas, vazios de esperanças e apáticos.

Na verdade, didaticamente ou não, não dá pra deixar de se considerar os estudos de Maslow, sua hierarquia das necessidades e seus trabalhos sobre a Psicologia Humanística, principalmente no mundo de hoje.

*Professor do Centro de Biociências da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)

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