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11 de abr. de 2012

KARATE KID IV


Karate Kid IV

*Juarez Chagas

Mestre Myagi e Daniel chegam à academia Cobra Kai no momento em que John Kreese imprime enfaticamente o corriqueiro lema através do qual segue e aplica seus ensinamentos aos jovens também ansiosos por poder, força e vitória perante os outros e seus oponentes.

Notando a presença dos dois, Johnny Lawrence aproxima-se do professor e cochicha em seu ouvido sobre a presença dos dois no dojo, dizendo ter sido o Mestre Myagi que os enxotou e deu-lhes uma surra.. Kreese pára a aula, diz que têm visitas, manda os alunos sentarem (dispensados) e dirige-se para o velho mestre para saber o que faz em sua academia.

- Eu soube que você açoitou alguns de meus alunos, ontem à noite. Encarando Myagi, frontalmente.

- Lamento que os fatos estejam distorcidos.

- Está me chamando de mentiroso?

- Não o chamo de nada.

- Por que está aqui, velho?

- Vim para pedir para deixar o rapaz em paz.

- O rapaz não pode cuidar de seus próprios problemas? Indaga Kreese, cara a cara com mestre Myagi, praticamente devorando-o com o olhar.

- Problema um-a-um, sim. Problema cinco para um é pedir demais pra alguém.

- É isso que o incomoda? As diferenças?! Podemos dar um jeito nisso. Gostaria de combater, Mr. Lawrence?! Dirigindo o canto do olho para seu dileto aluno, Johnny.

- Sim, mestre!! Responde praticamente em cima da pergunta, Johnny.

- Nada mais de luta. Coloca Myagi, com autoridade.

- Isso aqui não é uma aula de tricot! Você não vem aqui lançar um desafio e vai embora, velho. Ponha seu garoto pra lutar, ou teremos maiores problemas. Fala brutalmente, Kreese.

- Muita vantagem seu dojo.

- Diga um lugar.

- Torneio. Refere-se Myagi a um cartaz afixado na parede sobre um campeonato de karate prestes a acontecer.

- Você realmente tem garra, velho. Muita garra. Sorri sarcasticamente, Kreese.

- Mas, eu acho que posso colaborar com você. Não podemos, Mr. Lawrence?! Virando-se para Johnny.

- Sim, sensei!! E os dois dão às costas ao mestre e seu pupilo.

- Peço mais um pequeno pedido. Kreese pára sem se virar, aguardando mestre Myagi falar.

- Deixe o rapaz em paz para treinar. Então Kreese vira-se muito furioso, ainda.

-Você tá forçando, seu pequeno sacana, não está? Mas, eu gosto disso. Desta vez já o encarando novamente, face a face. Mestre Myagi nada diz e ambos encaram-se por alguns segundos.

Então, Kreese ordena em voz alta a seus alunos que ninguém toca em Daniel até a data do torneio. E avisa que se Daniel não aparecer no campeonato, os dois arcarão com preço alto. Myagi reverencia Kreese e sai do dojo andando de costas, imitado por Daniel que incrédulo, acha-se completamente assustado.

Mais tarde, em conversa com o mestre, Daniel reclama por este tê-lo metido noutra enrascada. O velho mestre retruca dizendo que apenas o salvou de dois meses de surra e perseguição e então começa a preparar Daniel para o treinamento, mandando-o fazer tarefas que, oportunamente, nada tem a ver com o karate, como por exemplo, lavar carro, varrer o chão, pintar cercas e paredes, etc. Entretanto, primeiro Myagi faz um pequeno pacto com Daniel onde fica claro que ele ensina e o rapaz aprende; ele ordena e o rapaz obedece, sem questionar. Só depois do pacto feito é que mestre Myagi o conduz a preparação para os treinamentos, sob os protestos de Daniel que não vê qualquer eficácia neste “método”.

Depois de muito protestar contras as atividades diferentes de treinamento, é que o velho mestre finalmente o encaminha ao verdadeiro treinamento marcial, inclusive primando pela respiração e controle emocional, que o rapaz não tinha e nem valorizava.

Certa noite Daniel vai à casa do velho Myagi e o encontra totalmente embriagado e triste, cantando lembranças de sua mulher que havia morrido durante a gravidez. Então, ele o conduz para a cama, onde desfalece e adormece praticamente em seus braços. A partir dali, Daniel percebe que seu mestre é um ser humano comum igual a qualquer outro, só que é seu mestre, praticamente imbatível.

Chega o dia do campeonato e o ginásio está repleto pelo público. Daniel está pronto e vence um a um seus adversários, mesmo aqueles que lutaram sujo, desobedecendo às regras. Nesse sentido, o honesto e eficiente método do mestre Myagi, venceu o desleal e violento método de Kreese que, desonrosamente exigia que seus alunos vencessem de qualquer jeito, quebrando as regras, respeito e honra da competição. Daniel não se sagra apenas campeão, mas sente-se uma pessoa humanamente melhor.

A partir daí, Daniel passa a entender e a viver melhor sua realidade e a penetrar mais ainda na cultura oriental, associando às coisas boas e de bons princípios, compreendendo inteiramente a convivências entre os diferentes povos, pois ele mesmo havia sido prova desta vislumbrante interação.

*Professor do Centro de Biociência da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)

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