*Juarez Chagas
A mistura de culturas e a convivência entre as mesmas sempre foi algo instigante, como igualmente difícil, para o homem que se vê no centro de sua própria sociedade. Porém esse mesmo indivíduo, na tentativa de preservar sua individualidade não entende ou não respeita a do outro e, por vezes, não abraça as diferenças sociais no contexto universal, como deveria.
Estas misturas culturais, intercontinentais, globais e mesmo locais ocorrem todo dia nos seis continentes terrestres, na vida real das pessoas. Muitas vezes, suas representações e referencias extrapolam a realidade e então, ficção e realidade, se misturam no mundo imaginário da literatura, cinema, teatro, quadrinhos enfim, nas artes de um modo geral, mostrando cada vez mais que essas diferenças sociais, mas por outro lado apontam também que é possível, salutar e humano, que elas convivam respeitosamente, entre si.
No início dos anos 70, mais precisamente entre 1972 a 1975 a televisão americana estreou no país do Tio Sam, o seriado Kung Fu, estrelado por David Carradine, um não oriental que não sabia nada de artes marciais, mas que, com sua atuação, faz toda a América entender melhor a cultura oriental, principalmente no que diz respeito à filosofia das artes marciais. Isso para o povo americano que, com os países aliados, inclusive o Brasil, ganhou a Segunda Guerra Mundial, nunca entendera como os japoneses que haviam sido derrotados, nunca se renderam e preferiram à missão kamikaze que, mesmo derrotados, em aviões-bombas dizimaram a base de Pearl Harbor, morrendo com eles, como se fossem vitoriosos. Tempos depois, entenderam e aceitaram os americanos que essa força e esse poder emanavam do interior, do espírito e da essência da pessoa. E isso é o que faz cada pessoa única.
Na trilogia Karate Kid, podemos ver claramente, não apenas essas diferenças culturais entre Oriente e Ocidente, mas também entender melhor a filosofia por trás do Karate e Kung Fu, as duas mais famosas artes marciais (das mãos vazias), do universo.
Em Karate Kid um, o primeiro da série de três, a história é bem narrada e, o encontro das duas culturas se dá de forma imediata e casual, quando Daniel Larusso e sua mãe, mudam-se para outra cidade onde passam a ser vizinhos de Myagi San, um velho japonês, reformado, após a 2ª grande Guerra e, vivendo intencionalmente, no anonimato.
Nos próximos três artigos, abordaremos a Trilogia de Karate Kid e suas fascinantes história e trajetória entre as filosofias Oriental e Ocidental, no âmbito da luta do homem em busca de seu próprio entendimento e da luta consigo mesmo. Até lá!
*Professor do Centro de Biociência da UFRN(Juarez@cb.ufrn.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário