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1 de ago. de 2008

NOS TEMPOS DA SCBEU



Nos Tempos da SCBEU
Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente


* Juarez Chagas

A SCBEU teve sua fase áurea em Natal, por duas décadas. Exatamente de l957 a l977. Nenhuma outra escola ameaçava tomar seu posto de melhor escola de Inglês de nossa querida “Cidade do Sol”. A bem da verdade e do mérito, nenhuma outra escola de Inglês a superou em qualquer que fosse o aspecto. Foi excelente no ensino, nos excelentes professores que tinha, nos alunos e alunas brilhantes, no magnífico ambiente (tanto físico quanto das relações humanas) e na sua importância social para a cidade. Muitos casais ali se conheceram, namoraram e alguns até casaram. Muitas amizades e conhecimentos, ali foram vivenciadas. Era um orgulho se estudar na SCBEU. Muitos ex-aluno(a)s tornaram-se professore(a)s de Inglês, alguns outros ganharam mundo afora, foram viver em outros paises... Pra se ter uma idéia da dimensão da escola, já no final de sua fase áurea, só professores, tinha mais de cinqüenta (eu mesmo ainda guardo uma cópia oficial da escola).

No início dos anos 70, outras escolas de Inglês começaram também a conquistar seu espaço em Natal, tais quais Yágizy, Fisk e CCAA, dentre outras. Porém, essas escolas, mesmo dispostas a uma concorrência leal e justa, não ameaçavam, de modo algum, a supremacia da SCBEU, a qual era The Best One, e ponto final.

Acontece que, nessa época o Yágizy, contratou Erivanaldo Galvão (esse mesmo: irmão de Babal, João...) para ensinar os estágios mais avançados de Inglês e, o “Mago”, como nós o chamávamos, continuava freqüentando a SCBEU, não apenas porque não desejava cortar o vínculo, mas principalmente para ostentar sua nova posição, o quê, diga-se de passagem, era bem merecida. Isso foi no ano de 1972...

Eri, pra quem não o conhecia ou conheceu, era um cara muito dinâmico, carismático e, por vezes, gozador. Quando dizia algo engraçado que ninguém ria, ele mesmo gargalhava para que todos ouvissem que realmente era engraçado. Tinha um humor cortante, porém amistoso, se é que essa fórmula existe. Conseguia aglomerar grupos de jovens ao seu redor, principalmente nas rodas de violão, o qual tocava como poucos todos os sucessos dos Beatles (ele ainda hoje é musico no Rio, por sinal, também júri das escolas de samba do carnaval carioca). Pois bem, Eri mesmo sendo um top teacher do Yázigi, vivia na SCBEU e, como tinha sido aluno de lá também, vez ou outra, fazia algumas críticas construtivas, quando achava por bem.Também foi em1972, o primeiro ano que a SCBEU passou a ter um diretor de cursos brasileiro, pois em todos os anos anteriores, a partir de sua fundação em 1957, todos os seus diretores eram americanos, enviados diretamente dos Estados Unidos, para essa missão. Bem...Lúcio foi seu primeiro diretor brasileiro (após uma comissão, em transição tê-la dirigido, a qual foi composta pelos professores Paulo Fernandes, Vilma Sampaio, Lucia Martorelli Luz e Luis de França) e uma de suas primeiras preocupações, segundo ele, era renovar a imagem da SCBEU, inclusive começando por pintar todo o prédio (que tomava praticamente todo o quarteirão que ia da Joaquim Manoel
à Av. Getúlio Vargas, de onde podíamos ver, da praia de areia preta ao Forte dos Reis Magos). Assim, sendo mandou seu secretário contratar um pintor de paredes para a devida pintura, inclusive do nome SOCIEDADE CULTURAL BRASIL-ESTADOS UNIDOS, que ficava no muro da Av. Getúlio Vargas e estava praticamente apagado, velho e desbotado.

O secretário momentâneo era Emilson Martins que prontamente disse conhecer um excelente pintor e, de imediato, sai à sua procura. Isso era uma Sexta-Feira e no Sábado, o pintor já estava pintando o prédio. Realmente, era um bom pintor. Mas, como não existe um bom sem defeito, o rapaz tinha dois (embora passíveis de correções, caso quisesse) que eram sua marca: não sabia ler e era o maior pau d´ água, assumido. O fato é que o pintor pintou, durante o Sábado todo e parte da manhã do Domingo e, resolvendo parar pra retomar na Segunda, foi embora sem dar a mínima satisfação a ninguém. Como era de se esperar, na Segunda não apareceu, devido à ressaca. Quando Lúcio chega, lá pelas 8hs da manhã, quase tem um infarto ao ver o que o pintou pintara. Saiu às pressas procurando o secretário (que displicentemente não tinha visto a obra do pintor beberrão) para trazer o pintor de volta, o mais rápido possível e no momento, providenciar um lençol ou cortina para cobrir a “arte” que fizera. Lá se foram os dois olhar o serviço. O rapaz havia pintado apenas parte do nome da escola e, resolvera ir embora pra continuar depois. O problema é que ele pintou: SOCIEDADE CU... e, aí parou. Evidentemente que, como não sabia ler, para ele pouco importava o que havia pintado ou não. Lúcio foi enfático com o secretário:
- Doutor, já pensou se Erivanaldo Galvão aparece aqui com uma máquina fotográfica...a SCBEU ia ficar difamada pelo resto da vida!

Na verdade, nada conseguiria difamar a SOCIEDADE CULTURAL BRASIL-ESTADOS UNIDOS. Nem mesmo o que conseguiram fazer com ela...

* Professor do Centro de Biociências da UFRN (juarez@cb.ufrn.br)

Um comentário:

João Brito disse...

Meu grande Professor de Ingles e Lutador de Karatê Juarez..
Muito legal relembrar àquelas tardes na nossa saudosa SCBEU...
Prazer imenso reve-lo.
Foi muito legal viver Natal naqueles anos...muitos amigos, colegas e Professores maravilhosos...
Os rapazes e moças despojados daquela época hoje são adultos sem tempo e estressados devido ao trabalho, ou alguns já cansados, outros aposentados, porém todos foram privilegiados por participarem de momentos maravilhosos e inesquecíveis na SCBEU.
Tenho um blog www.jabacomjerimumrn.bloggspot.com aonde falo sómente da nossa terra e com o maior prazer irei indicar o seu.
Thanks my teacher Juarez.