Total de visualizações de página

29 de mai. de 2008

PATCH ADAMS, O AMOR É CONTAGIOSO



O Amor é Contagioso
(Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente)

Juarez Chagas

Na verdade é assim que deveria ser o amor pela vida: contagioso. Por outro lado, para que se completasse o desejo quase utópico do ser humano sobre a busca do amor em sua plenitude, a vida também deveria ser contagiosa com amor, e o é. No filme Patch Adams, o Amor é Contagioso (Universal Pictures, USA 1998), vemos uma dessas vertentes, humanamente defendida por Hunter Patch Adams, um médico que, além da técnica curativa, crê no riso e no humor como remédio e alento para doentes, principalmente os desenganados pela medicina.

A princípio, Patch Adams lembra Elizabeth Klüber-Ross quando se trata da causa pelo tratamento humano do paciente. Quem leu os livros de Klüber-Ross e Patch Adams, pode identificar, de imediato, a similaridade entre ambos. Ross, já abordada em artigos anteriores (falecida há cinco anos atrás), médica por convicção em ajudar o próximo, aprendeu a lidar com perdas e a partir de sua própria formação ajudou milhões de pessoas a lidarem com a própria morte. É dela os estudos acadêmicos sobre as fases da morte e como encará-las.

O verdadeiro Patch Adams ( inspiração do filme que, mais uma vez prova o inquestionável talento de Robin Williams, por sinal ganhador do Oscar do filme homônimo), por sua vez graduou-se em medicina em 1971, teve como sua principal causa convencer as pessoas, principalmente colegas de profissão, sobre a interação entre medicina e humanização. “Quero ajudar. Quero me conectar com as pessoas. Médicos lidam com as pessoas nas horas mais vulneráveis. Ele oferece tratamento, mas também conselhos e esperança e é por isso que quero ser médico. O médico deve tratar o paciente além da doença”, diz seu personagem numa das falas do filme.

O Dr. Hunter Patch Adams é real e ainda muito bem vivo. Tem sido reverenciado e homenageado no mundo todo por suas ações e atitudes em ajudar as pessoas. Fundou o Instituto Gesunheit, um hospital humano e gratuito, com sua nova versão sendo agora construída em West Virginia, onde a medicina tradicional integra-se com a natureza, arte curativa, homeopatia, acupuntura, recreação, amizade e muito divertimento. Bem a cara de Patch, diriam todos.

Ainda, no que diz respeito ao filme, é ao mesmo tempo uma comédia e drama, assim como também um filme que enaltece o amor e a natureza humana. Uma excelente ficção baseada em fatos reais, o qual começa com Patch Adams viajando num ônibus, rumo a um hospital psiquiátrico, após tentar suicídio. Ao chegar no hospital é colocado num quarto com um doente mental e, a partir daí, passa a conviver com os demais doentes mentais da instituição, procurando se integrar e interagir com os mesmos, indistintamente.

Após sua entrevista individual com o médico psiquiatra que vai acompanhá-lo, é colocado para fazer tratamento em grupo. Ele começa a perceber o conflito de cada um de seus “colegas” e tenta ajudá-los penetrando em sua sintonia e seus problemas e tentando entender e viver suas próprias angústias. Evidentemente, que isso causa grande tumulto no hospital e então, resolve, a contra gosto do diretor do hospital, pedir alta, pois descobre ter agora um novo objetivo de vida: ser médico e tentar ajudar os outros!

Dois anos depois, ele se matricula na Universidade para cursar medicina. Acontece que a partir daí, Patch torna-se o grande problema da universidade e do hospital, pois passa a quebrar normas tradicionais com seu jeito irreverente de ser, mesmo sendo para ajudar os outros, principalmente os pacientes terminais. Suas atitudes pouco ortodoxas culminam com a construção de um hospital ao ar livre, mesmo não tendo ainda concluído o curso médico. E por isso é julgado academicamente, no sentido de ser expulso da universidade.Vejamos um dos diálogos de Patch, quando este é interpelado a justificar suas atitudes.

- Você considerou as conseqüências de suas ações? E se um de seus pacientes morresse? Indaga o presidente da comissão acadêmica julgadora.
- Qual o problema com a morte, senhor? De que temos tanto medo? Por que não tratar a morte com certa dignidade e decência e, Deus me perdoe, até mesmo humor? Morte não é o inimigo, senhores. Vamos lutar contra as doenças, vamos lutar contra a pior doença de todos, a indiferença. Eu freqüentei essas escolas e ouvi pessoas falarem de transferência e distanciamento. Transferência é inevitável. Todo ser humano afeta um ao outro. Por que não queremos isso entre paciente e médico? É por isso que considero seus ensinamentos errados. A missão do médico não deve ser prevenir a morte, mas também melhorar a qualidade de vida e para isso, se trata da doença sem ganhar ou perder. Se tratar a pessoa, eu lhes garanto, vai ganhar, não importa o desfecho!

Patch foi absolvido, estimulado a terminar o curso médico e ovacionado pela platéia de alunos e amigos da universidade, após o resultado de sua absolvição. Foi estimulado a ser médico e aplicar a mesma filosofia de trabalho. Posteriormente fundou seu próprio hospital, ao qual muitos outros médicos se juntaram pela boa causa humana.

A lição de Patch Adams deveria ser também contagiosa. Um excelente exemplo a ser seguido, principalmente por aqueles que ainda não atentaram para o espírito da humanidade. Quanto ao filme, mesmo para quem já assistiu, eu recomendo como divertimento e reflexao. Além da pipoca tenha um lenço consigo também, pois certamente irá rir e chorar.

Quantas Vezes Morremos Antes de Tanathos Chegar?

Quantas Vezes Morremos Antes de Tanathos Chegar?
(Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente e no pt.shvoong.com/humanities/1752550)

Juarez Chagas


Estudos sobre a morte, depois de séculos de hibernação ainda iniciada na idade média, hibernação esta causada pelo medo, pavor, pânico que velaram este tão importante tema que diz respeito às nossas vidas e mais especificamente ainda, ao nosso comportamento frente ao social, finalmente, vêm chamando a atenção da comunidade acadêmica e, esperamos que muito em breve, saia do “anonimato paradoxalmente tão popular” para às esferas das discussões mais ecléticas possíveis.

O interesse em saber quem é essa personagem viva, embora sendo morte, cuja imagem personificada de esqueleto em seu cavalo, aflige e ceifa vidas com sua foice impiedosa e que, cedo ou tarde, nunca falha, sempre foi um dos mais complexos mistérios no consciente e inconsciente individual e coletivo do ser humano. Porém cabe uma simples pergunta lógica: se o interesse é tão vital, por que a morte ainda permanece um tabu, figura velada, oculta e intocável em seu misterioso mundo dos mortos, mas bem no âmago da vida humana, já que todos os dias, senão a todo instante, a vemos, temos contato com ela, através de suas ações? A resposta também parece simples e lógica: medo. Sim, é o medo que ela alastra mesmo antes de nos causar a própria morte! Pior ainda, pânico para muitos e angústia para tantos outros. Como diz a velha frase de William Dunbar: Timor mortis conturban me”, ou seja, a morte me deixa morto de medo.

A discussão, no entanto pode parecer contraditória, quando concordamos que um dos desejos da sociedade, sempre ávida por descobrir a verdade nua e crua de segredos e mistérios que tanta importância têm para o ser humano, por que a morte permanece ainda um tabu estigmatizado? Talvez a resposta esteja nas diferentes culturas, crenças, religiões que ao longo do tempo têm mantido esse assunto sob mantos de mistérios.

A morte surgiu com a vida e seria arriscado e impreciso afirmar o tempo de sua existência mesmo com as estimativas cronológicas apresentadas por fundamentações empíricas, teóricas e científicas sobre os fenômenos da Natureza. Entretanto, não é apenas o fato do morrer simplesmente que aflige o ser humano e sim quantas vezes morremos antes de sucumbirmos definitivamente.

Uma pesquisa recentemente realizada nesse sentido revelou a já esperada constatação de que não morremos apenas uma vez e sim várias vezes, pois existem mais do que razões para acreditarmos que antes de morrermos definitivamente, morremos inúmeras vezes, mesmo que não percebamos isso claramente. Essa constatação encontra embasamento, coerência e sustentação no incontestável fato de que a morte é uma separação, uma perda definitiva, uma infinita distância do ser e do ter. É a mais brusca e fatal das separações já experimentada pelo ser humano.
Mas, existem também outras separações e perdas no decorrer da vida do indivíduo que, se não o aniquila como a morte-mor o faz, conduzindo-o à lápide dos mortos, mata dentro de si, na alma, na mente, na sua subjetividade e até nos orgânicos processos vitais, que se caracterizam como outros tipos de mortes. Portanto, a pergunta do título “Quantas vezes morremos antes de Tanathos chegar?”, realmente procede, pois bem sabemos que, mitologicamente, Tanathos sendo o deus da morte, teria domínio sobre a vida das pessoas. Daí, tanatologia significar o estudo da morte, enquanto Eros é amor, vida.

Não é foco deste simples artigo discorrer sobre a cronologia da morte, seus tipos e suas causas, porém é importante dizer que o conceito e a personificação da morte é algo bastante diversificado, segundo as diversas sociedades e suas culturas. Por outro lado, isso tem dificultado sobremaneira um estudo linear e mais direto sobre o tema, fazendo com que a morte permaneça escondida em seu misterioso mundo oculto, isso porque nós mesmos a ocultamos, na esperança dela nos afastarmos e dela nos livrarmos.

Porém, retomando a questão abordada sobre as várias mortes pelas quais o indivíduo está fadado a passar e vivenciar ao longo de sua existência, tomemos o exemplo da Pequena Lucy, uma criança de família brasileira urbana, de classe média.

A pequena Lucy amava sua bonequinha de pano Florzinha, a qual ganhara quando completou três anos de idade. Até os oito anos nunca havia passado uma só noite que as duas não estivesse lado a lado, na cama trocando confidências, segredos e mistérios comuns ao mundo mágico das crianças. Mas, um dia Florzinha foi roubada por uma colega de escola de Lucy que viera, juntamente com outras amigas, fazer uma tarefa lúdica em sua casa. Ã noite, na hora de dormir, Lucy não encontrou Florzinha. Desesperada, depois de revirar quase todo o quarto e não encontrá-la, ela desoladamente diz, em prantos, para sua mãe. “Quero Florzinha! Quero minha boneca! Quero morrer!”. Com o passar dos dias e da certeza da perda de sua boneca, não apenas justificava suas frases, como algo já morrera em Lucy, dado o amor que ela dedicava a mesma. Amor este agora perdido. Ela passou a viver acabrunhada, triste e totalmente sem ânimo. Na verdade, a perda é uma morte, pois algo morrera em si...

Assim como o caso da pequena Lucy, todos os dias, a toda hora exemplos semelhantes estão acontecendo em todo o mundo. Separações de casais, amores perdidos ou desfeitos, desilusões e sonhos acabados, morte de mitos e heróis e inclusive a morte do outro, o outro com quem se tem laços, tudo isso constitui em tipos de morte. Ainda não sabemos, do ponto de vista científico, a dimensão exata que essas mortes podem causar, pois elas afetam profundamente nossa subjetividade, desorganizam e desequilibram devastadoramente nossa psiché e desestruturam nossa mente, afetando normalmente também o somático, fazendo como que todo esse processo se arraste, na maioria dos casos, até a morte definitiva, para não dizer por toda a vida. Então, podemos dizer, sem sombra de dúvidas que morremos muitas vezes antes de Tanathos chegar!

A ROSA DA MORTE


A Rosa da Morte
(Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente)

Juarez Chagas


É engraçado (não no sentido cômico) como o Ocidente combate a morte, oculta, vela e a mantém afastada do seu meio educacional e acadêmico como se a mesma fosse o pior monstro da humanidade (e o pior é que acabou sendo mesmo!), mantendo sempre seu arsenal marcial a postos lado-a-lado da ciência no confronto duma guerra sem fim.
Enquanto isso, algumas sociedades ocidentais, cruzam suas pernas e distendem os braços em posição de lótus, fecham seus olhos e, mesmo com eles fechados, observam a morte com prudência, respeito e até aceitação. Temos aí duas visões diferentes de entendimento e enfrentamento, no que diz respeito às diferentes filosofias de vida, de duas das mais distintas regiões continentais que compõem o planeta terra. Uma dogmática, espiritual e teológica e outra científica e pragmática. No meio disso, o valor da vida e do desenvolvimento humano permeia, muitas vezes sem idéia do seu verdadeiro destino e objetivo final como realização individual e coletiva.
Mas, não podemos desconhecer o pensamento de alguns filósofos ocidentais que divergem do que poder-se-ia imaginar “pensamento normal ou comum”. Podemos citar o exemplo de Arthur Schopenhauer em seu famoso ensaio sobre a morte. Claro, que a idéia principal da maioria de meus artigos que versam sobre a tanatologia é trazer a questão educacional sobre a finitude humana para que possamos, diante do inegável e milagroso processo biológico, do qual a morte faz parte, conhecer bem esse fenômeno, para que possamos viver melhor sem a idéia da ignorância e dos conflitos que esta gera.

Recentemente, completou sessenta anos, portanto mais de meio século, de morte em massa populacional, duma parte de nosso planeta. A quase total devastação de Hiroshima e Nagasaki pelas bombas nucleares de urânio que a América derramou morte e pânico sobre toda população e que, na verdade, continuaram ainda espalhando morte e, psicologicamente, pânico nos primeiros anos que se seguiram.

A bomba jogada em Hiroshima, às 8:15hs de uma manhã de sol indiferente, varreu a cidade por nove quilômetros quadrados devastando cada pedaço num clarão mortal nunca visto antes. Cerca de setenta mil pessoas morreram imediatamente e nas semanas seguintes o número quase triplicou. Um verdadeiro massacre humano! No céu se desenhou uma gigantesca “rosa” de fogo e fumaça que, mesmo quem a viu por fotografia, jamais esquecerá, passando a ser chamada de cogumelo ou Rosa de Iroshima. "É o maior acontecimento de toda a História", disse se vangloriando, o então presidente dos EEUU, Harry Truman, assim que soube do bombardeio, que ele mesmo havia, de sã consciência, autorizado. Três dias depois foi a vez de Nagasaki, quando às 11:02hs de 9 de agosto (horário japonês) foi também quase varrida do mapa.

É impressionante como a ciência e tecnologia, sob o desejo humano do domínio e do poder, investe bilhões de dólares, para manter esse poder, nem que para isso seja necessário acabar com a vida de milhares e milhares de pessoas inocentes. Nem que para isso seja necessário convocar a morte, a quem por outro lado tanto combate. É um dos contra-sensos humano que por si só se explica ou pelo menos, tenta.

Mesmo do outro lado do mundo e, não tendo sofrido essa horrenda e vergonhosa mortandade, como protesto e com sensibilidade poética, o grande poeta brasileiro Vinicius de Morais escreveu cortantes versos que, na voz de Ney Matogrosso, os Secos e Molhados derramaram poesia angustiante, transformando “A Rosa de Hiroshima”, a rosa da morte, em canção e canto cálido, nos saudosos anos 70. Foi exatamente assim que Vinicius escreveu e os Secos e Molhados cantaram:

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas,
Pensem nas meninas
Cegas inexatas,
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas,
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas.

Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa, da rosa!

Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor, sem perfume
Sem rosa, sem nada

Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa, da rosa!

Diferentemente dos versos da canção, eu apenas diria, que procuremos esquecer daquela rosa e procuremos cultivar uma outra rosa, a rosa do amor e da vida.

juachagas@gmail.com

O MUNDO É DAS MULHERES


O Mundo é da Mulheres (Sempre foi…)
(Publicado anteriormente, no Jornal de Hoje )

Juarez Chagas

Tem se discutido muito ultimamente que o mundo é das mulheres e que elas poderão dominá-lo, definitivamente. Na verdade, eu pessoalmente acho que sempre foi e sempre será, apesar de muita contestação do mundo machista.
É fácil entender o óbvio: basta fazer um retrospecto, desde os primórdios e, observar que essa história de que a mulher surgiu de uma costela do homem foi apenas uma metáfora pra quem quiser entender a seu modo. A mulher sempre teve vida própria e, é importante lembrar, que tem o dom, poder e dádiva da maternidade, o que por si só já lhe confere condição ímpar. As mulheres, além de procriarem, não precisam provar pra ninguém que o amor e cuidado maternal para com a prole, distanciam-se imensamente do cuidado paterno, considerando as exceções, claro. Isso sem falar na sua qualidade de musa inspiradora.

Portanto, nesse item, mais uma vez, elas ganham em disparada. Por outro lado, as leis da sociedade foram estabelecidas pelo homem que, relegou sua companheira a segundo plano, através dos tempos. Pra se ter uma idéia, a primeira mulher médica só pôde realmente atuar, depois de muitos preconceitos, já no final do século XVIII. A propósito, no campo cirúrgico, há bem pouco tempo não tínhamos nenhuma cirurgiã. Ninguém confiava nas habilidades cirúrgicas da mulher. Adicione-se a isso as demais profissões ditas tradicionais e particularmente masculinas, tais quais engenharia, astronomia, dentre outras.

Trazendo a discussão e panorama para a atualidade, século XXI, é impossível esconder a realidade, pois a mulher avança cada vez mais, não apenas numericamente (sabemos que em todas as espécies animais as fêmeas nascem muito mais que os machos e, no ser humano não é diferente. É uma lei da Natureza que preserva e cuida da procriação), mas também em todas as áreas que se possa imaginar.

Nós homens, devíamos achar isso altamente positivo, partindo do ponto de vista que, mesmo com muitas conquistas e com toda a sapiência que o homem adquiriu e legado que tem deixado às gerações futuras, também fizemos muita bobagem e coisas que denigrem a condição humana, como as guerras, por exemplo. Não seria a hora de desejarmos ver o que as mulheres, além do que já nos têm proporcionado (tudo de bom...tanto é que sem elas não podemos e nem queremos viver) fariam melhor que os homens? Na realidade, nem há alternativa, pois isso irá ocorrer, queiram muitos ou não.

Por outro lado, há considerações a serem feitas. Fazendo uma analogia a determinados partidos políticos encabeçados pelos homens (o que na maioria é vergonhoso), estariam as mulheres preparadas para governar? Será que tudo aquilo que elas combatem, não irão, quando no poder, fazer pior? Eu acho que elas fariam bem melhor do que essa politicagem que está aí.

A propósito, li esse final de semana uma reportagem de um jornal local, altamente preocupante, cujas headlines traziam: “Beber até cair, vira desafio entre jovens”. E jovens nessa reportagem referiam-se às meninas ainda adolescentes que afirmam que estão “tomando todas” e até mais que os meninos. Ou seja, estão dominando o álcool, também. A iniciativa sexual, em muitos casos, também partem das meninas, que se mostram cada vez mais liberais. Ora, se o contingente de mulheres é numericamente maior que o de homens, isso terá um efeito dominante em pouco tempo. Aliás, há uma recente pesquisa feita em Natal, a qual constatou que a Cidade do Sol tem uma proporção de vinte mulheres para cada homem.

Sem considerar o comentário jocoso de um conhecido que sobre isso, disse: “nesse caso tenho direito a mais 19...”, isso (não a piada, mas o fato) confirma nascerem mais mulheres que homens, indubitavelmente. Os homens também, até agora, morrem mais e mais cedo. Essa é mais uma das razões pela qual elas vão dominar o mundo!

Agora, dominar o mundo não é brincadeira. Certamente, haverá guerra entre as próprias mulheres e, os homens serão disputadíssimos, entre outras regalias. E ainda pode ser feita a pergunta, caso elas passem as mãos pelos pés (o que não acredito) e ainda pisem na bola: “ é melhor agora, ou antes, quando o homem era manda-chuva” ?


O MUNDO É DAS MULHERES


O Mundo é das Mulheres (II)
(Publicado anteriormente, no Jornal de Hoje )

Juarez Chagas


Sobre o Artigo anterior, cujo título é o mesmo, recebi alguns e-mails de algumas mulheres (nenhum de nenhum homem, sobre este tema...pelo menos até o momento), comentado e concordando praticamente com quase tudo que no artigo foi abordado. Mas, façamos uma pausa para a seguinte conjectura futura...
- Tragam a ré, imediatamente! Brada a juíza aguardando uma jovem mulher, mais ou menos 32 anos, acusada de vários homicídios e formação de quadrilha composta por mais vinte suspeitas, as quais se encontram foragidas. O júri é composto por quatro mulheres e um homem que, calmamente aguardam a acusada, não somente pelas advogadas de acusação e de defesa, mas por uma platéia composta de 98% de outras mulheres, ansiosas, pelo resultado final.

Lá fora, a mídia aguarda o resultado enquanto as repórteres, camerawomen, motoristas, contra-regras, editores de imagens, enfim várias equipes, todas compostas por mulheres, formam um aglomerado que mais parece um movimento grevista. Por falar em greve, as principais montadoras de automóveis, robótica e outros equipamentos essenciais à sociedade moderna, também ameaçam paralisar seus serviços, pois a presidente do país não cumpriu com suas promessas de campanha sobre o salário mínimo e várias ações sociais, as quais dizia defender, veementemente quando se encontrava em lado oposto ao governo. Também o congresso, cuja maioria indiscutível é composta por políticas representantes de seus Estados...também as reitoras das universidades públicas pressionam o governo para melhores condições de trabalho e aumento para as professoras (e professores) que ameaçam paralisar suas atividades acadêmicas, isso porque suas rivais das instituições privadas, caminham a passos largos. Por outro lado, programas espaciais foram adaptados às condições femininas e, agora para que um astronauta homem consiga fazer parte da tripulação feminina, em viagens espaciais e outros programas rumo a outros planetas, têm que passar por todos os testes que as mulheres passaram, inclusive “intuição feminina”...coitados dos protótipos schwarzeneggers e demais exterminadores do futuro.

Concomitantemente ao julgamento da suposta chefe da quadrilha feminina, realizam-se vários fóruns internacionais, em todo o mundo, sobre sustentabilidade do planeta e, parece que apontam o homem como sendo o principal criminoso ambiental na terra, água e ar. Enquanto isso, pesquisas genéticas, principalmente sobre “o ser humano do futuro”, analisa as novas possibilidades de um novo protótipo de homem, uma vez que as mulheres estão satisfeitas com sua condição biopsicossocial moderna e, principalmente por comandar os mais importantes centros de estudos e pesquisas sobre a humanidade e suas potencialidades. No modo de pensar delas é preciso um novo homem...

Mesmo na imaginação, não sabemos o veredicto final sobre o julgamento da jovem mulher de 32 anos, porque foi uma situação hipotética. Mas, não é hipótese nenhuma o avanço das mulheres em todas as áreas da sociedade. E elas estão bem conscientes disso. Parece que o mundo masculino ou parte dele, é que ainda não acordou para tal fato.

Por outro lado, existem algumas coisas que “enaltecem” as mulheres, com as quais não concordo muito, por serem desnecessárias. Por exemplo: O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de Março...Vejo tal fato muito mais como uma estratégia política, encampada pela mídia, do que propriamente uma homenagem às nossas queridas mulheres. Outra coisa, pularam por cima do dia Nacional da Mulheres e resolveram fazer uma corrente mais abrangente em todo o mundo, como se lembrassem da mulher apenas uma vez por ano, além do dia das Mães. Na verdade, a mulher não precisa de dia internacional nenhum, pois ela por si só, deveria ser homenageada todos os dias, pois todos os dias são seus. Como diz o título, o mundo é das mulheres.



27 de mai. de 2008

A Cor da Morte


A Cor da Morte

* Juarez Chagas

* Chagas, J., Professor do Centro de Biociências da UFRN; Mestre pela EPM/UNIFESP; Doutorando em Psicologia Universidade Aberta de Lisboa.


Resumo

O atual e crescente interesse sobre o estudo da morte tem culminado com vários estudos e pesquisas sobre este misterioso e palpitante assunto, em todo o mundo. O presente trabalho tem como principal objetivo apresentar, através de resultado de pesquisa realizada durante três anos, que outras cores que representam a morte, que não as tradicionais e estigmatizadas, tais quais preto, marrom, cinza e outras tonalidade escuras, outras cores, não tradicionalmente relacionadas a este fenômeno e tabu, também podem representar a morte dependendo de sua representação no imaginário individual, o que ocasiona a possibilidade de se imaginar a morte em diferentes cores. Para isso, usamos um questionário aplicado a estudantes da área de saúde, durante três anos, utilizando apenas duas perguntas básicas: Qual a representação da morte? e Que cor você atribuiria a morte?
Para chegarmos a esta conclusão, o presente trabalho teve também que rebuscar os diversos conceitos de morte, segundo as diferentes culturas e como a mesma é vista, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo, justificando assim o medo que a morte imprime em cada um de nós, inclusive nas cores que a representa.

PALAVRAS-CHAVE: morte, cor, psicologia.


Abstract

The present and growing interest about studies on death has been brought many researches and Works nowadays, about this so-called mysterious and frightful subject, as a result, all around the world.
The main purpose of this article is bringing a new look and a new feeling of colors concerning death, because as we know, the colors that have represented death throughout history, from the beginning up to now, because of cultural aspects, are dark colors specifically, such as black, brown, gray, purple and other mixed dark ones. This study is a result of a three year basic research where the instrument used was a self-report questionnaire, with only two questions: What is the representation of death? And What color would you give death? The result showed that there is still an almost unbreakable taboo which frightens us even when represented by colors.

KEY-WORDS: Death, color, fear, Psychology.


Desenvolvimento

Certamente, algumas pessoas ao lerem esse artigo poderiam perguntar: “E morte tem cor?”. Sim, morte tem cor. Demonstra essa afirmação é o objetivo desse trabalho, resultado de uma pesquisa básica no que diz respeito à Psicologia das cores, se é que assim podemos dizer.
Segundo as pesquisas e trabalhos de Farina (1986) sobre a psicodinâmica das cores, podemos ver claramente a tamanha influência e importância das cores, na vida do ser humano, tanto no campo da Biologia, quanto no âmbito da Psicologia, propriamente dito.

A Importância das cores em nossas vidas vai além da captação de estímulos luminosos sensoriais codificados pelo cérebro, pois a sensação final acha-se intimamente desencadeada em nossa alma, ou psique, determinando percepções e sentimentos que vão além do que os ossos olhos vêem. A vida sem cores certamente teria um outro sentido, caso nossas retinas fossem incapazes de detectar os raios coloridos das ondas luminosas que a Natureza nos proporciona em sua magia de cores naturais, assim como também nas cores artificiais produzidas pelo próprio homem ao longo do tempo. Se assim fosse, talvez víssemos a vida como num filme em preto e branco. Ainda bem que não é assim e, não contrário, nossas vidas são iluminadas por cores que vemos, sentimos e delas desfrutamos o prazer de suas sensações e emoções. Porém, por outro lado também podem causar angústia.

Pesquisas, tanto no âmbito da Biologia quanto da Psicologia, como as de Jaspers (1951) e Kolck (1971), só pra citar esses dois, concluíram em diversos estudos, que há uma íntima relação das cores com aspectos biológicos e, igualmente, psicológicos do ser humano. Sabemos, por exemplo, que a cor da pele muda com a idade; as diferentes raças (se é que podemos separar grupos sociais de pessoas em raças por cores, segundo suas origens étnicas) e seus pigmentos exercem uma atração e poder psico-sensorial nas pessoas, assim como, as cores também podem influenciar em determinadas atitudes e comportamentos, sem contar que cada pessoa capta detalhes coloridos do mundo exterior, de acordo com seus sentimentos e sensibilidade. Senão vejamos: o branco repele luz e dá idéia de paz; o preto é o contrário, absorve luminosidade e para a maioria simboliza o sinistro; o vermelho pode significar perigo, paixão ou sentimentos excitantes; o verde suave acalma; azul, pureza e fé; já o amarelo, atenção medo e assim por diante.

Por outro lado, não é de hoje que sabemos que as cores também estão associadas à morte, assim como à vida, só que de maneiras diferentes. Histórica e culturalmente a associação de cores escuras, como preto, cinza e marrom, está culturalmente associada à morte ou às coisas sinistras. Porém, é importante lembrar que cada grupo social tem a sua.

Resultados

A simples pesquisa que realizamos como estudantes universitários da área da saúde confirma que as cores se acham relacionadas à morte e mais ainda, que não apenas as cores consideradas convencionais a esse respeito, porém cores diversas, dependendo de determinadas situações. Da população total de 1.200 (mil e duzentos) alunos, foram selecionados aleatoriamente 300%, cujo percentual foi de 25%, o que representa uma amostra estatisticamente significativa. Assim sendo, foi constatado que 41% idealizaram a morte como sendo preta, marrom 6%, roxo 5% e cinza 2%, completando assim, o leque de cores consideradas “sinistras” ou fúnebres. Em relação às outras cores, obtivemos uma variação bastante interessante: branco 30%, azul e vermelho 2%, verde e amarelo 1%. Já em relação à primeira pergunta “Qual a representação da morte?” (cujo resultado em gráfico acha-se ausente), foi constatado que 79% apontou a caveira ou esqueleto revestido com sua capa preta, como sendo a figura representante da morte. Atribuímos a esse resultado, a herança cultural fortemente incutida no imaginário individual e coletivo das pessoas que não aprenderam a imaginar, simbolicamente, a morte de outra forma.

Uma variante interessante dentro da pesquisa é que podemos considerar alguns casos isolados, através de questões individuais e não coletivas, devem ser vistas como fatores importantes dentro do contexto da subjetividade individual de cada um. Um ator de teatro respondeu, por exemplo, que para ele a cor que reapresenta a morte é o amarelo. Como o questionário pedia opcionalmente uma sucinta explicação para cada resposta, abaixo de cada questão, o mesmo explicou ter presenciado o desabamento de um palco onde vários amigos morreram e que a parede existente nesse palco era pintada de amarelo. Desde então, ele passou a associar a morte à cor amarela, indiscutivelmente.

O mundo das cores habita nossas vidas, assim como também habita como imaginariamente pintamos a morte. O que ainda falta é trazermos a discussão sobre o fenômeno da morte para o âmbito escolar e acadêmico, em todos os seus aspectos, para que, com a desmistificação desse tabu, o qual ainda é o maior existente em nossa história, para que possamos, uma vez mais informados e educados, vivermos mais e melhor, independentemente das cores que possam pintar o fim. Por Falar em fim, uma pergunta interessante, porém curiosa: alguém já viu a palavra FIM ou “THE END”, no final dos créditos ou cast de um filme, de outra cor que não a preta? Parece que a cultura continua vencendo...
(Artigo publicado em PSICOLOGIA BRASIL, Ano 4, N 28 Fevereiro/2006. O blog nao comporta os gráficos referentes aos resultados desta pepsquisa, porém o quadro do autor, que aparece ao lado deste artigo, também acha-se presente na revista).



REFERÊNCIAS

ARIÈS, P. História da Morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Ediouro, RJ, 2002.

FARINA, M. Psicodinâmica das Cores em Comunicação. Ed. Edgard Blütcher Ltda, 1990.

JASPERS, K. Psicopatologia General. Beta, Buenos Aires, 1951.

MORIN, E. O Homem e a Morte. Imago, RJ, 1997.

KASTENBAUM, R & AISENBERG, R. Psicologia da Morte. Novos Umbrais, SP, 1983.

KOLD, T. V. Vivência e Cor. Boletim Psicologia, XXIII, 61, 1971.

24 de mai. de 2008

O Pistoleiro do Pôr-do-Sol



PISTOLEIRO DO PÔR-DO-SOL
(The Real Last Gunfighter)

Juarez Chagas

Ter encarado o desafio de escrever um romance ao estilo do velho Oeste (diferentemente dos romances e ficção contemporânea que escrevo) foi uma idéia que surgiu com o tempo. Havia muita coisa background que suportava esse projeto, como ter lido a maioria dos romances de Zane Grey e outros grandes romancistas do velho Oeste americano, referências inspiradoras do gênero.

O fascinante mundo das Histórias em Quadrinhos dos clássicos westerns com seus heróis de papel fascinantes que eram incansavelmente lidos, desenhados e colecionados também serviram de inspiração. Adicione-se a isso a importante possibilidade de escreverr também sobre outros temas que não apenas romances contemporâneos.

Portanto, apresento (já lançado nas livrarias de Natal e João Pessoa), embora direcionado mais a um público específico, o Pistoleiro do Pôr-do-Sol, um romance no velho Oeste, onde a Natureza Humana é colocada à frente dos revólveres.

Um pouco da personagem:

Johnny Slim, filho de uma pacata família de fazendeiros, ao norte do Texas, segundo de uma prole de três irmãos, foi batizado John Scott River. Entretanto, por ter crescido mais do que os irmãos e, também pela magreza que apresentava na adolescência, passou a ser chamado carinhosamente de Slim (magro), pela família. Embora, depois, tenha se tornado um homem forte e robusto, Johnny Slim passou a ser seu verdadeiro nome.

Como fazendeiro que era, seu pai criava gado, tinha juntamente com os filhos e seus empregados rotina de cowboys, mesmo no início do século XX e promovia, inclusive rodeios. Em um desses rodeios, chegou a conhecer o próprio Buffalo Bill (William Frederick Cody), já no fim de sua carreira, em 1915, quando o mais famoso cavaleiro do Oeste, viajava com seu circo intinerante, representando a si mesmo como herói verdadeiro e de ficção. O sr. James Scott River gostava de contar que Slim, nessa ocasião ainda um garoto, apertou a mão de Bill, cumprimentando-o.

Slim é o segundo filho e nasceu num dia de chuva, trazendo muita alegria para a família. Aos dezoito anos serve as forças armadas, onde aprende a usar armas de fogo e quando volta, passa a ser um verdadeiro cowboy e a defender seu território contra ladrões de gado e assassinos, que ainda existem nessa época em que os índios “se aposentam” e vivem de favores do governo e dos homens brancos.

Johnny Slim, senão o último, é um dos últimos pistoleiros do Oeste, pode-se dizer, dos tempos considerados modernos para a lei do revólver e tudo começa quando ele resolve procurar seu irmão mais novo, o qual teria sido aliciado por bandidos, enquanto ele servia o exército. Slim promete a seus pais que só voltaria pra casa quando encontrasse seu irmão, nem que para isso tenha que percorrer todo o Oeste. E como nunca consegue encontrá-lo, jamais retorna para a família. Em conseqüência disso, enquanto anda muito como um cavaleiro solitário, de um lugar para outro, encontra uma moça que lhe rouba o coração e vive muitas emocionantes aventuras.
Onde encontrar o livro:
Prefácio Livros: Tambiá Shopping – Centro e Mag Shopping Manaíra (João Pessoa)
Cooperativa Cultural (Campus) e Siciliano Midway Mall (Natal)

juachagas@gmail.com