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29 de mai. de 2008

PATCH ADAMS, O AMOR É CONTAGIOSO



O Amor é Contagioso
(Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente)

Juarez Chagas

Na verdade é assim que deveria ser o amor pela vida: contagioso. Por outro lado, para que se completasse o desejo quase utópico do ser humano sobre a busca do amor em sua plenitude, a vida também deveria ser contagiosa com amor, e o é. No filme Patch Adams, o Amor é Contagioso (Universal Pictures, USA 1998), vemos uma dessas vertentes, humanamente defendida por Hunter Patch Adams, um médico que, além da técnica curativa, crê no riso e no humor como remédio e alento para doentes, principalmente os desenganados pela medicina.

A princípio, Patch Adams lembra Elizabeth Klüber-Ross quando se trata da causa pelo tratamento humano do paciente. Quem leu os livros de Klüber-Ross e Patch Adams, pode identificar, de imediato, a similaridade entre ambos. Ross, já abordada em artigos anteriores (falecida há cinco anos atrás), médica por convicção em ajudar o próximo, aprendeu a lidar com perdas e a partir de sua própria formação ajudou milhões de pessoas a lidarem com a própria morte. É dela os estudos acadêmicos sobre as fases da morte e como encará-las.

O verdadeiro Patch Adams ( inspiração do filme que, mais uma vez prova o inquestionável talento de Robin Williams, por sinal ganhador do Oscar do filme homônimo), por sua vez graduou-se em medicina em 1971, teve como sua principal causa convencer as pessoas, principalmente colegas de profissão, sobre a interação entre medicina e humanização. “Quero ajudar. Quero me conectar com as pessoas. Médicos lidam com as pessoas nas horas mais vulneráveis. Ele oferece tratamento, mas também conselhos e esperança e é por isso que quero ser médico. O médico deve tratar o paciente além da doença”, diz seu personagem numa das falas do filme.

O Dr. Hunter Patch Adams é real e ainda muito bem vivo. Tem sido reverenciado e homenageado no mundo todo por suas ações e atitudes em ajudar as pessoas. Fundou o Instituto Gesunheit, um hospital humano e gratuito, com sua nova versão sendo agora construída em West Virginia, onde a medicina tradicional integra-se com a natureza, arte curativa, homeopatia, acupuntura, recreação, amizade e muito divertimento. Bem a cara de Patch, diriam todos.

Ainda, no que diz respeito ao filme, é ao mesmo tempo uma comédia e drama, assim como também um filme que enaltece o amor e a natureza humana. Uma excelente ficção baseada em fatos reais, o qual começa com Patch Adams viajando num ônibus, rumo a um hospital psiquiátrico, após tentar suicídio. Ao chegar no hospital é colocado num quarto com um doente mental e, a partir daí, passa a conviver com os demais doentes mentais da instituição, procurando se integrar e interagir com os mesmos, indistintamente.

Após sua entrevista individual com o médico psiquiatra que vai acompanhá-lo, é colocado para fazer tratamento em grupo. Ele começa a perceber o conflito de cada um de seus “colegas” e tenta ajudá-los penetrando em sua sintonia e seus problemas e tentando entender e viver suas próprias angústias. Evidentemente, que isso causa grande tumulto no hospital e então, resolve, a contra gosto do diretor do hospital, pedir alta, pois descobre ter agora um novo objetivo de vida: ser médico e tentar ajudar os outros!

Dois anos depois, ele se matricula na Universidade para cursar medicina. Acontece que a partir daí, Patch torna-se o grande problema da universidade e do hospital, pois passa a quebrar normas tradicionais com seu jeito irreverente de ser, mesmo sendo para ajudar os outros, principalmente os pacientes terminais. Suas atitudes pouco ortodoxas culminam com a construção de um hospital ao ar livre, mesmo não tendo ainda concluído o curso médico. E por isso é julgado academicamente, no sentido de ser expulso da universidade.Vejamos um dos diálogos de Patch, quando este é interpelado a justificar suas atitudes.

- Você considerou as conseqüências de suas ações? E se um de seus pacientes morresse? Indaga o presidente da comissão acadêmica julgadora.
- Qual o problema com a morte, senhor? De que temos tanto medo? Por que não tratar a morte com certa dignidade e decência e, Deus me perdoe, até mesmo humor? Morte não é o inimigo, senhores. Vamos lutar contra as doenças, vamos lutar contra a pior doença de todos, a indiferença. Eu freqüentei essas escolas e ouvi pessoas falarem de transferência e distanciamento. Transferência é inevitável. Todo ser humano afeta um ao outro. Por que não queremos isso entre paciente e médico? É por isso que considero seus ensinamentos errados. A missão do médico não deve ser prevenir a morte, mas também melhorar a qualidade de vida e para isso, se trata da doença sem ganhar ou perder. Se tratar a pessoa, eu lhes garanto, vai ganhar, não importa o desfecho!

Patch foi absolvido, estimulado a terminar o curso médico e ovacionado pela platéia de alunos e amigos da universidade, após o resultado de sua absolvição. Foi estimulado a ser médico e aplicar a mesma filosofia de trabalho. Posteriormente fundou seu próprio hospital, ao qual muitos outros médicos se juntaram pela boa causa humana.

A lição de Patch Adams deveria ser também contagiosa. Um excelente exemplo a ser seguido, principalmente por aqueles que ainda não atentaram para o espírito da humanidade. Quanto ao filme, mesmo para quem já assistiu, eu recomendo como divertimento e reflexao. Além da pipoca tenha um lenço consigo também, pois certamente irá rir e chorar.

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