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2 de ago. de 2008

O Punhal de Lampião
(A Historia que não foi contada)
Juarez Chagas

V Parte
Um Novo Cangaceiro e o fim de Lampião

O tempo passa e ZéRaimundo agora faz parte do cangaço, até que um dia cedinho o bando parte para o que seria sua última batalha. O dia era vinte de Julho, o ano Trinta e Oito. Depois da derrota do bando de Lampião, em Mossoró, 6 anos atrás, os cangaceiros andavam mais precavidos. Mas, mesmo assim, Lampião organiza-se para ir a Pernambuco pela última vez, sua terra natal. Só depois iria para a Grota do Angicos, já em Sergipe, para uma trégua de alguns dias, onde descansaria e estudaria com calma suas novas estratégias de combate aos “macacos”. Ordenou a ZéRaimundo que ficasse tomando conta do acampamento, como era de costume, enquanto o resto do cangaço partia para distante missão. . De repente, pensava ele, seria mais um teste de confiança de Lampião, pra ver se ele fugia, em sua ausência, com a moça? Afinal, já fazia mais de ano que ele estava no bando, após a morte de Araruta, mesmo que nunca tenha participado de confronto algum com os macacos ou outros ataques do bando. Aprendera a atirar e reconhecer pistas, muito bem, porém sempre muito observado, de perto ou de longe, pelo próprio Lampião.
- “É mais fácil eu dizer na cara dele que vou m’embora do que fugir pelas suas costas...” Respondia ele a seus próprios pensamentos.

Uma semana depois de atravessar o Rio São Francisco, vindo de Alagoas, Lampião acomoda-se na Grota de Angicos, seu mais seguro esconderijo e, portanto, o preferido dentre os demais, pois nem jagunços mais espertos que procuravam se juntar ao bando de cangaceiros conseguiam encontrá-lo por aquelas redondezas sem ajuda de algum coiteiro de confiança.

Naquela manhã de vinte e oito de Julho de 1938, Lampião sai de sua tenda na Grota de Angicos, com uma caneca na mão, acompanhado de Maria Bonita, para lavar o rosto e olhar o ambiente. Ele jamais poderia desconfiar que o local estivesse cercado por 50 soldados da tropa do tenente João Bezerra, da policia de Alagoas, ajudado por um coiteiro traidor de nome Pedro Cândido, que conhecia bem o lugar e era da confiança de Lampião. E certamente, tinham cercando o lugar na calada da noite. Havia trinta e quatro cangaceiros no esconderijo, mas todos foram surpreendidos de tocaia, a menos de seis metros de distância, pelos soldados entrincheirados, com fuzis e metralhadoras. Lampião levou um tiro mortal e caiu já praticamente morto, enquanto Maria Bonita caiu sobre seu corpo na tentativa de protegê-lo e foi também crivada de balas. Quase todos foram assassinados! Apenas alguns conseguiram escapar, os quais depois se juntariam ao bando de Corisco, que por sua vez, tentaria vingar a morte de seu mentor. Mas, o massacre não acabou simplesmente com a morte de Lampião e seus cabras, pois friamente tiveram suas cabeças decepadas, exibidas como verdadeiros troféus, em vários Estados brasileiros. Era preciso mostrar a força do governo ao povo, através da polícia...

Dois dias depois do horrendo massacre, ainda no distante acampamento estratégico, ZéRaimundo e Imaculada, depois de ouvirem por todo canto sobre a morte de Lampião e seus cabras, sem que ninguém visse ou soubesse, conseguem chegar a Grota de Angicos. Ali encontram todos os indícios do impiedoso massacre e o chapéu de Lampião, esquecido num canto do mato. Depois de verificarem tudo, os dois procuram sair dali o mais rápido possível.

Ao voltarem por outro lugar totalmente desconhecido para eles, porém comum para o bando de Lampião, ironicamente passam, sem perceberem, nos arredores à beira do caminho, por uma cruz de madeira, enfincada numa cova, com o seguinte escrito: “Maria da Cruz, mulher de Araruta”. Nesse dia, o vento sopra forte, sibilando, aplacando o calor do sertão (Continua).

2 comentários:

Tião Ferreira disse...

Grande Juarez...

Sou ilustrador e moro em Natal, se precisar de ilustrações para suas obras, estou a postos.

Tião Ferreira disse...

Grande Juarez. Se precisar de ilustrador para suas obras, estou à disposição.