O Que é a Morte ?
(Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente)
Juarez Chagas
A princípio, esta parece ser uma pergunta fácil de se responder, mas não é. Tanto é verdade essa afirmação que até hoje não temos uma definição adequada para a morte, apesar da mesma ser tão ou mais antiga do que a própria vida, à qual sempre busca exterminar.
Parece que, assim como a sol e a lua, a noite e o dia, o bem e o mal, o masculino e o feminino e todas as dualidades e simetrias, mesmo paradoxalmente heterogêneas, se é que assim podemos chamá-las, a morte também já surgiu com a vida, para ser seu lado simétrico e ao mesmo tempo antagônico, por ser exatamente o oposto, mas também, em conjunto formar o seu inteiro, encerrando o ciclo vital das plantas, animais e seres humanos.
Popularmente falando, vejamos como Aurélio Buarque conceitua a morte: “Morte. S.f.1. Ato de morrer; o fim da vida animal ou vegetal. 2. Termo, fim. 3. destruição, ruína. 4. fig. Grande dor; pesar profundo. 5. entidade imaginária da crendice popular, representada em geral por um esqueleto, armado de uma foice com que ceifa as vidas”.
Mas, entendemos que este é um conceito gramaticalmente técnico e que sua definição não contempla nem engloba todo o seu conteúdo significativo e fica, portanto, a necessidade de uma compreensão mais profunda, no sentido de entender, de certa forma, a ansiedade em virtude do desconhecimento, permanecendo,muitas vezes, as mesmas dúvidas e questões, tais quais: como outras culturas e grupos sociais definem a morte? Como seria a vida sem a morte? Nosso Planeta suportaria seres imortais sem renovação do ciclo vital? E quanto à superpopulação? Teríamos espaço, água, ar e alimento suficientes para todos e mais ainda para os que nasceriam a cada instante? Como seria a convivência entre seres imortais? Parece que uma das respostas é a constatação de que a morte não é apenas algo inevitável, porém também necessário, assim como a própria vida, em sua seleçao natural.
A filosofia oriental nos ensina que devemos conhecer o yin e o yang, o claro e o escuro, o positivo e o negativo, o bem e o mal, o feio e o belo...para que possamos viver em equilíbrio. O ocidente tenta combater a morte com unhas e dentes! As demais culturas dos diferentes povos têm sua própria maneira de ver, encarar, tentar evitar ou se esconder da morte. Esta sem piedade, complacência ou adjetivos específicos, determina até onde a vida de nós humanos deve ir. Isso, é inegável dizer, atemoriza a quase totalidade dos seres humanos, que são os únicos indivíduos na face da terra conscientes de sua própria morte, gerando tal comportamento, pois não fomos preparados para aceitar esse fato de modo diferente. Ao contrário, fomos preparados para temer a morte, tentar evitá-la e até excluí-la de nosso pensamento e imaginação, na tentativa de vivermos mais tranqüilos. Mas, como evitar algo que está presente, não somente em nosso consciente, mas paralelamente lado a lado às nossas vidas? Esse sentimento é tão forte que acaba por constituir-se em uma das únicas certezas de nosso Destino sobre a face da terra, tendo originado o tão popular adágio: “ A morte é a única certeza que temos da vida!”.
Bem sabemos que, enquanto o Oriente procura entender a morte no campo espiritual e para ela se preparar. O Ocidente a vê como sua pior inimiga e procura cada vez mais combatê-la com experimentos e tecnologia, argumentando que a revolução biomédica sobrepujará, em breve, sobre a doença, mantendo cada vez mais fortes os processos vitais orgânicos, tornando a velhice apenas um período mais saudável da vida e, assim transformando a morte em algo do passado.
Por outro lado, esse processo puramente científico que alimenta mais ainda o desejo da imortalidade, parece, segundo o pai da psicanálise não levar em conta a subjetividade humana em torno de seus conflitos existenciais, pois o próprio Freud chegou a afirmar “ É possível que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer. Assim como amor e ódio por alguém habitam nosso peito, assim também nossa vida conjuga o desejo de manter-se e um anseio pela própria destruição”.
Portanto, parece muito mais fácil saber e entender o que as pessoas sentem em relação à morte do que, propriamente, defini-la. Uma coisa é certa, por mais inaceitável e absurda que possa parecer na concepção pessoal de cada um, a morte complementa a vida, assim como o medo é o lado oposto da coragem e o mal do bem, formando ambas, no entanto, um todo. Mesmo parecendo paradoxal e antagônico, poderíamos dizer que um é o outro lado do outro, às avessas, embora formando um inteiro. Então, perguntas como estas mantêm todo o sentido que sempre tiveram: “O que seria do bem se não existisse o mal?”, ou “O que significaria o belo sem a existência do feio?”; “Que idéia teríamos do profundo se não existisse o superficial?” enfim, “Como seria a vida sem a morte?”
(Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente)
Juarez Chagas
A princípio, esta parece ser uma pergunta fácil de se responder, mas não é. Tanto é verdade essa afirmação que até hoje não temos uma definição adequada para a morte, apesar da mesma ser tão ou mais antiga do que a própria vida, à qual sempre busca exterminar.
Parece que, assim como a sol e a lua, a noite e o dia, o bem e o mal, o masculino e o feminino e todas as dualidades e simetrias, mesmo paradoxalmente heterogêneas, se é que assim podemos chamá-las, a morte também já surgiu com a vida, para ser seu lado simétrico e ao mesmo tempo antagônico, por ser exatamente o oposto, mas também, em conjunto formar o seu inteiro, encerrando o ciclo vital das plantas, animais e seres humanos.
Popularmente falando, vejamos como Aurélio Buarque conceitua a morte: “Morte. S.f.1. Ato de morrer; o fim da vida animal ou vegetal. 2. Termo, fim. 3. destruição, ruína. 4. fig. Grande dor; pesar profundo. 5. entidade imaginária da crendice popular, representada em geral por um esqueleto, armado de uma foice com que ceifa as vidas”.
Mas, entendemos que este é um conceito gramaticalmente técnico e que sua definição não contempla nem engloba todo o seu conteúdo significativo e fica, portanto, a necessidade de uma compreensão mais profunda, no sentido de entender, de certa forma, a ansiedade em virtude do desconhecimento, permanecendo,muitas vezes, as mesmas dúvidas e questões, tais quais: como outras culturas e grupos sociais definem a morte? Como seria a vida sem a morte? Nosso Planeta suportaria seres imortais sem renovação do ciclo vital? E quanto à superpopulação? Teríamos espaço, água, ar e alimento suficientes para todos e mais ainda para os que nasceriam a cada instante? Como seria a convivência entre seres imortais? Parece que uma das respostas é a constatação de que a morte não é apenas algo inevitável, porém também necessário, assim como a própria vida, em sua seleçao natural.
A filosofia oriental nos ensina que devemos conhecer o yin e o yang, o claro e o escuro, o positivo e o negativo, o bem e o mal, o feio e o belo...para que possamos viver em equilíbrio. O ocidente tenta combater a morte com unhas e dentes! As demais culturas dos diferentes povos têm sua própria maneira de ver, encarar, tentar evitar ou se esconder da morte. Esta sem piedade, complacência ou adjetivos específicos, determina até onde a vida de nós humanos deve ir. Isso, é inegável dizer, atemoriza a quase totalidade dos seres humanos, que são os únicos indivíduos na face da terra conscientes de sua própria morte, gerando tal comportamento, pois não fomos preparados para aceitar esse fato de modo diferente. Ao contrário, fomos preparados para temer a morte, tentar evitá-la e até excluí-la de nosso pensamento e imaginação, na tentativa de vivermos mais tranqüilos. Mas, como evitar algo que está presente, não somente em nosso consciente, mas paralelamente lado a lado às nossas vidas? Esse sentimento é tão forte que acaba por constituir-se em uma das únicas certezas de nosso Destino sobre a face da terra, tendo originado o tão popular adágio: “ A morte é a única certeza que temos da vida!”.
Bem sabemos que, enquanto o Oriente procura entender a morte no campo espiritual e para ela se preparar. O Ocidente a vê como sua pior inimiga e procura cada vez mais combatê-la com experimentos e tecnologia, argumentando que a revolução biomédica sobrepujará, em breve, sobre a doença, mantendo cada vez mais fortes os processos vitais orgânicos, tornando a velhice apenas um período mais saudável da vida e, assim transformando a morte em algo do passado.
Por outro lado, esse processo puramente científico que alimenta mais ainda o desejo da imortalidade, parece, segundo o pai da psicanálise não levar em conta a subjetividade humana em torno de seus conflitos existenciais, pois o próprio Freud chegou a afirmar “ É possível que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer. Assim como amor e ódio por alguém habitam nosso peito, assim também nossa vida conjuga o desejo de manter-se e um anseio pela própria destruição”.
Portanto, parece muito mais fácil saber e entender o que as pessoas sentem em relação à morte do que, propriamente, defini-la. Uma coisa é certa, por mais inaceitável e absurda que possa parecer na concepção pessoal de cada um, a morte complementa a vida, assim como o medo é o lado oposto da coragem e o mal do bem, formando ambas, no entanto, um todo. Mesmo parecendo paradoxal e antagônico, poderíamos dizer que um é o outro lado do outro, às avessas, embora formando um inteiro. Então, perguntas como estas mantêm todo o sentido que sempre tiveram: “O que seria do bem se não existisse o mal?”, ou “O que significaria o belo sem a existência do feio?”; “Que idéia teríamos do profundo se não existisse o superficial?” enfim, “Como seria a vida sem a morte?”
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