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29 de mai. de 2008

QUANDO UM HOMEM AMA UMA MULHER



Quando um Homem Ama uma Mulher
(Publicado no Jornal de Hoje, anteriormente)

Juarez Chagas


Recentemente conversamos sobre Guerra e Morte. Hoje vamos falar a respeito de Vida e Amor. Nada mais coerente, para se mostrar que a vida tem, predominantemente, suas duas faces, inúmeras fases e é no meio desse caminho que, muitas vezes questionamos seu destino, que nós humanos caminhamos e caminhamos até onde podemos.

“Quando Um Homem Ama Uma Mulher” (When a Man Loves a Woman, USA, 1994) é o título de um excelente filme, o qual se não faz a mais “dura e controlada” das pessoas chorar em algumas ou pelo menos numa de suas passagens emocionantes, no mínimo a fará refletir sobre perdas, amor, ganhos e, sobretudo, reconstituição da condição humana após fracassos, hoje mais discutida do que nunca, no âmbito da Psicologia.

O filme começa com a abertura da linda música homônima When a Man Loves a Woman (Percy Sledge), quando Michael (Andy Garcia) encontra sua mulher Alice (Meg Ryan) em um bar, onde marcaram para se encontrar e comerem algo, antes de rumarem para casa. Michael é piloto de bordo e acaba de chegar de viagem.

À noite saem para comemorar o aniversário de Alice e, em virtude disso, surge sua primeira recaída, pois ela adquirira o hábito de beber desde os nove anos de idade. Hábito esse herdado de seu pai, que era alcoólatra. Ao chegarem em casa, Alice irrita-se com o alarme de um carro estacionado na rua e, irritada, vai até o carro com várias caixas de ovos, sujando todo o carro de ovos quebrados. Sem controle ela sobe em cima do carro, e convida Michael para fazer o mesmo, ou seja, atirar ovos no carro, numa brincadeira irreverente, porém totalmente impulsionada pela bebida. Finalmente, Michael cede ao pedido e ambos brincam como duas crianças brincam na lama. Porém, ele não ficou satisfeito com isso...

Dia seguinte, depois do trabalho, onde Alice é professora, sua amiga Pam, pede para falar com ela, pois está com problemas com o namorado e precisa desabafar. As duas vão para um bar vizinho e lá, acabam bebendo uns drinks, o que faz com que Alice chegue em casa muito tarde da noite e totalmente embriagada. Michael reclama e pergunta por onde ela andou, então ela lhe conta que bebeu porque havia saído com a amiga. Em seguida, após ver que não fora apenas pelos simples fato de ter saído com Pam, porém por não ter conseguido ficar sem beber, começa a procurar desculpa culpando o tipo de trabalho e a ausência do marido, que vive viajando. Quando Alice começa a falar na ausência constante de Michael, ele sente-se culpado por não estar presente para dar, o suporte necessário que ela precisa, assim como também às suas duas filhas, Casey de 4 e Jess de 6 anos. Então ele sugere que ambos tirem uma temporada curta de férias, longe de tudo e de todos, com o objetivo da esposa melhorar.

No primeiro passeio de barco, já no recanto de férias, Alice já tinha bebido mais que o suficiente pelo dia todo. Cai do barco e quase morre afogada, não tivesse Michael resgatado-a com muita sorte. Depois deste incidente, os dois conversam pela primeira vez, após tanto tempo, sobre o vício e sobre o que realmente está acontecendo.
- Você me assustou ontem, querida. Você não assustou a si mesma? Indaga Michael.
- Vou parar de beber tanto. Ontem à noite foi a melhor coisa que aconteceu. Isso me abriu os olhos. Te prometo. Prometo a mim mesma.

Alice e Michael retornam das férias e, já na primeira noite após a volta, ela começa a sentir o drama com mais intensidade. Dorme mal, levanta-se no meio da noite, procurando uma garrafa de Vodka que havia escondido e vai jogá-la no lixo. Nesse momento, a irresistível vontade de beber é maior e então ela bebe toda a garrafa antes de jogá-la vazia, no lixo.

Está aí confirmado seu estado de abstinência, pois não pôde evitar mais a ausência do álcool. O pior é que Alice não pode ocultar essa passagem do marido que dormia, pois sem querer, a porta se trancou por dentro e ela não pôde entrar, tendo que tocar a campainha para que ele viesse abrir a porta para ela. Quando ele abre a porta, ela metade trôpega e metade sem jeito para qualquer desculpa, diz
- Bem, está tudo bem lá na calçada. Compulsão por lixo. Mas, me sinto muito melhor agora. Nesse sentido, não sabemos se ela foi irônica consigo mesma ou se quis se justificar ao marido ou se queria dizer que a droga é um lixo. Quem sabe, ambos.

Na manhã seguinte é visível o nervosismo, a ansiedade de Alice, que são outras fortes características do alcoolismo. Sua irritação e inquietação são tão notórias que começa a implicar com Jess, proibindo-a de ir à casa de sua colega de escola, impasse esse resolvido por Michael, o que a irrita mais ainda.

Finalmente, Michael viaja e já nessa primeira oportunidade, Alice já chega embriagada em casa. Preocupada com o estado da mãe, Jess a segue e pergunta se ela está doente, quando a vê ingerir várias pílulas de aspirina com Vodka. Alice, em contra-partida esbofeteia a filha e manda-lhe fazer suas tarefas. A garota sai correndo e chorando para seu quarto. Em seguida Alice vai tomar banho, porém começa a passar mal, ter convulsões e então, sem controle cai por cima da aporta de vidro do banheiro. Jess consegue localizar o pai, em outro Estado, pois havia viajado como piloto e lhe diz por telefone que sua mãe está morta. Nesse momento, o drama familiar se configura e parece ser maior do que a da alcoólatra, pois o estado da própria doente, não é maior do que o drama psicológico vivido por Jess e Michael, que desesperado ruma para casa, achando que sua esposa está mesmo morta.

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